Continuação!
Muscat (Oman)
Submetemo-nos a mais uma sessão de incómodos testes
pandémicos para podermos sair em Oman. Após oito dias de navegação pelo
Mediterrâneo, Canal do Suez, Mar Vermelho e Oceano Índico, o “Virtuosa” finalmente
lançou âncora em Muscat (a
propósito, a palavra “muscat” significa precisamente “âncora”) debaixo de um calor tórrido que
excedia os 30 graus.
Aqui só há duas
estações: inverno e verão. Não parece, mas já estamos no inverno que se iniciou
na última semana de novembro e vai até à última semana de fevereiro. A partir
daí, começa o verão. Em abril e maio as temperaturas chegam a ultrapassar os 50
graus. Quando isso acontece, e acontece frequentemente, as pessoas ficam
dispensadas de trabalhar.
A cidade de Muscat é a capital do sultanato de Oman e consta
que tem mais de 1 milhão de habitantes. À chegada não nos parecia ser tão
grande. Via-se apenas um aglomerado de edifícios muito brancos a contrastar com
uma cadeia de montanhas negras e pontiagudas. Deram-nos um cartão plastificado,
emitido pelo sultanato, para servir de passaporte enquanto permanecêssemos no
país. Entretanto, chegou o motorista do autocarro, vestido de branco da cabeça
aos pés. O guia, trajado à ocidental, era indiano e expressava-se em razoável
espanhol. Por ele, ficámos a saber que Muscat foi considerada a segunda cidade
mais limpa do mundo, logo a seguir a Singapura. A criminalidade é bastante
baixa, atendendo, em parte, às duras punições a que ficam sujeitos os
infratores.
Oman é um estado que desperta curiosidades, desafiando a
nossa imaginação e a cultura, supostamente superior, de que somos portadores. O
país possui uma superfície de 309.500 km2 e uma população que pouco excede os 5
milhões de habitantes. Ocupa a parte sul da península arábica e faz fronteira
com o Iémen, Arábia Saudita, EAU (Emiratos Árabes Unidos) e uma extensa zona
marítima. 70% do território é constituído por desertos rochosos e praticamente
não existem rios nem lagos.
Metade da população é estrangeira, proveniente da Índia,
Paquistão, Bangladesh, etc. Permanecem em Oman apenas para trabalhar e quando
chegam à idade da reforma têm que regressar aos respetivos países. Não usufruem
de regalias sociais ao contrário dos naturais, que beneficiam de gratuitidade
na saúde, ensino e habitação. Aos imigrantes é lhes negado inclusive, o direito
de comprar habitação. O ordenado mínimo está atualmente fixado em 450 riais, ou
seja, por volta de 1.100 euros.
Oman é regido por uma
monarquia absoluta. O sultão é o chefe do Estado e do Governo. Adquirida a
independência em 1971 reinou o sultão Qabus bin Said até ao ano da sua morte em
2020. Por ausência de descendência direta, o poder passou para o seu primo, o
atual sultão Hailtham bin Tariq Al Said
Visitámos a sumptuosa Mesquita
do Sultão Qabus que possui uma área de implantação de 933 mil metros
quadrados. A sua construção foi iniciada em 1995 e terminada em 2001. Tem
capacidade para 20 mil pessoas e possui cinco minaretes que representam as
cinco regras sagradas do islão, a saber:
1º - Ter fé e obedecer
aos preceitos estabelecidos no Alcorão;
2º - Orar cinco vezes por dia;
3º - Dar 2,5% dos rendimentos a pessoas pobres;
4º - Jejuar durante o Ramadão;
5º - Peregrinar a Meca pelo menos uma vez na vida.
Os crentes oram em salões separados – homens num lado,
mulheres no outro. Nada de misturas e indumentária rigorosa, principalmente
para as mulheres que têm de cobrir todas as partes do corpo. O salão destinado
aos crentes masculinos é de um luxo indescritível: tapete gigantesco pesando 21
toneladas e medindo 70 X 60 metros; lustre lampadário pesando 8 toneladas,
considerado o maior do mundo; mármores de Carrara; madeiras de teca da Malásia
e outros revestimentos opulentos que somos incapazes de descrever. Nas
cerimónias religiosas, o imã preside às orações neste faustoso recinto e as
“desgraçadas” das mulheres, talvez por serem consideradas seres subalternos,
recebem os preceitos através de um circuito televisivo na sua modesta sala (se
a compararmos com a anterior), cujas dimensões são bastante mais reduzidas.
De autocarro passámos depois para a cidade velha. De notar
que, entre a parte antiga e a parte moderna de Muscat, há uma porta amuralhada.
Antigamente as pessoas que pretendiam passar de um lado para o outro tinham que
pagar portagem. Seguimos então para o “souk”, situado junto ao mar onde se
podia avistar um dos fabulosos iates do sultão. O chamado souk é um mercado com
lojas de recordações, roupas, ouro, pedras preciosas e outras bugigangas inúteis.
Nada comprámos. Queríamos apenas um livro que não fosse escrito em árabe, mas
não enxergámos algo que merecesse a pena.
A seguir fomos ao Museu Nacional disposto em vários pisos num
edifício moderno. O tempo já era curto e a visita foi demasiado rápida.
Lamentavelmente gastámos um ror de tempo a ver lojas e isso prejudicou o resto
da programação. Fica aqui a crítica! Valia a pena ver o museu com a devida
atenção, porque ele descreve a História da região desde as remotas eras paleolíticas.
Tudo apresentado com esmero e com adequada técnica
museológica, possibilitar-se-ia entender melhor a evolução deste país deveras
original. Anotámos apenas a referência à Boswellia
sacra que é a árvore que propicia o incenso mais afamado do mundo, de tal
modo que apelidam Oman, o país de “Frankincense”. Na sala que documenta o
relacionamento com o resto do mundo, pudemos apreciar os modelos das naus
portuguesas do século XVI, da autoria de Carlos Montalvão. Achámos que era
pouquíssimo no respeitante a Portugal, comparativamente com o que era mostrado dos
restantes países europeus. Afinal, estivemos aqui quase século e meio!
Julgámos depois compreender as razões. Em 1508, os Portugueses, vindos da Índia,
conquistaram Muscat a ferro e fogo, massacrando a população local. Construíram
depois duas imponentes fortalezas, as quais ainda se podem ver (Al Jalali e Al Mirani) que constituíram a maior base da armada portuguesa no
Médio Oriente durante 146 anos. A ocupação portuguesa não foi pacífica e a
recordação da sua presença não deixou saudades. Na História de Omã essa época
ficou caracterizada como o “período sangrento” Que vestígios lá deixámos?
Apenas as duas fortalezas e a nomenclatura “rial” atribuída à moeda nacional.
No exíguo tempo restante apenas deu para olhar o exterior do palácio Al Alam, construído para ser a
residência do sultão. Hoje está destinado prioritariamente para as cerimónias e
receções diplomáticas.
Ficou-nos na lembrança a grandeza e a luxúria desta cidade,
enriquecida com os proventos advindos do petróleo, esse “ouro” (por enquanto)
do nosso tempo.
Uma nota final para referir, no que toca à riqueza, o
contraste obsceno com os vizinhos paupérrimos do Iémen, Eritreia, Somália e
Etiópia que Alá não bafejou com as jazidas de “ouro negro”. Injustiças!
Abu Dhabi
O programa do cruzeiro previa uma escala na capital dos EAU. Provavelmente por estarem a decorrer obras no respetivo porto, essa paragem acabou por ser anulada, pelo que atracámos em Dubai, um dia antes do que estava previsto. Esse dia foi totalmente aproveitado, graças às abnegadas diligências do companheiro Adérito Batista, para efetuar a visita, por terra, à cidade de Abu Dhabi. Efetuados os contactos com uma agência turística dirigida por um português residente, tínhamos à saída do navio, um autocarro à disposição do grupo “Quero Viagens” a que se juntaram outros cruzeiristas portugueses. A excelente guia que nos foi atribuída, Teresa Mónica, também portuguesa, enriqueceu extraordinariamente esta digressão com as suas úteis informações
Em cerca de duas horas foram percorridos os 140 km que
separam as duas maiores cidades dos EAU. A autoestrada, que nalgumas partes
chegava a ter seis faixas de rodagem para cada lado, bem como a regularidade e
bom estado da via, ajudaram a atingir o objetivo pretendido. Incansavelmente,
Teresa foi-nos detalhando aspetos curiosos da paisagem e da vida social,
económica, cultural e religiosa destas terras árabes. Ladeando a autoestrada
viam-se sucessivas espécies de acácias, árvores cujas raízes atingem grandes
profundidades até alcançarem a humidade necessária para subsistir. A água é
aqui uma preciosidade pois o clima é de uma secura extrema. Em sete meses do
ano não ocorre chuva e o governo, para além da implantação de grandes unidades
de dessalinização para aproveitamento da água do mar, investiu numa técnica baseada
no bombardeamento das nuvens com cristais de sal a fim de provocar o
aparecimento da ansiada pluviosidade.
A nossa simpática guia era portadora de várias vestimentas
que serviam para identificar a origem dos diversos estados árabes: burca, nicabe, xador, amira, hijab e
outras. Pacientemente, foi respondendo às perguntas dos curiosos viajantes. Até
aos anos trinta do passado século, as pessoas viviam pobremente e habitavam em
cabanas. A atividade económica centrava-se na pesca e nas pérolas retiradas das
ostras por mergulhadores. Com o aparecimento das jazidas petrolíferas, a
evolução foi galopante no sentido do desafogo económico, da riqueza e do luxo.
Os Emirados Árabes Unidos (EAU) constituem uma federação de 7
emirados formada em 2/12/1971. Aproximando-se a data do cinquentenário já se
viam, por todo o lado, as flâmulas comemorativas. A área dos EAU é de 77.700
km2, mas o emirado de Abu Dhabi é o mais extenso, ocupando 86,7% de todo o
território e possuindo 9% das reservas de petróleo e cerca de 5% do gás natural
de todo o mundo.
A capital do emirado que é também a capital dos EAU era, até
meados do século XX, uma pequena localidade desprovida de eletricidade. Hoje é
uma cidade pujante com uma poderosa economia, sendo, a seguir a Dubai, a
metrópole mais populosa. A sua população atinge os 3 milhões de residentes, mas
a maior parte são trabalhadores estrangeiros.
À medida que nos aproximamos da urbe, surgem os
empreendimentos de vulto: o famoso circuito automobilístico da fórmula 1, o
parque temático da Ferrari, o Louvre de Abu Dhabi, a ilha Ya, toda dedicada ao
lazer e os grandes hotéis. Num deles ficou alojado Juan Carlos, antigo rei de
Espanha.
Visitámos o Palácio
Qasr Al Watan e devemos dizer que nunca vimos nada mais imponente e
luxuoso. Considerado o Palácio da Nação, ou Palácio Presidencial, esta
esplendorosa obra arquitetónica foi aberta ao público em 2019. Não nos
atrevemos a enveredar por detalhadas descrições porque elas ficariam sempre
muito aquém da realidade. Quem quiser saber mais, tem que lá ir. Mencionamos
apenas as partes que nos despertaram
atenção: o Grande Hall, a rotunda do Supremo Conselho, a Biblioteca
Islâmica, o Salão do Banquete com capacidade para 344 convidados (da próxima vez, ficaremos honrados
se recebermos um convite),
o Salão das Conferências, o Museu do Conhecimento com os principais contributos
do mundo árabe para o progresso da matemática, astronomia, arquitetura,
literatura, medicina e ciência, durante a
sua época dourada (século VIII ao século XIII) … mais os azulejos, os mármores,
os espelhos, os candeeiros, as cúpulas, os minuciosos arabescos ornamentais, a
luminosidade, a elegância, a harmonia…
Já passavam das 14 horas quando nos dirigimos ao restaurante onde
estava marcado o almoço “buffet”. Lá estava à espera o nosso grande amigo Jorge Araújo, companheiro de muitas
batalhas cívicas e revolucionárias do concelho do Seixal. Foi um momento
deveras caloroso e inesquecível, pois há muito tempo que não nos víamos. O
Jorge e a esposa estão a trabalhar episodicamente nesta impressionante cidade
das arábias. Confraternizámos durante o almoço. Perante a emoção do encontro, a
memória não guardou o que comemos. Naquele momento, isso não era o mais
importante. No fim, e apressadamente porque o tempo voava, foi tirada uma
fotografia mostrando a camisola desportiva do Centro Cultural e Recreativo do
Alto do Moinho, do qual fomos membros fundadores. Ficou o Jorge, a Manuela,
digníssima sócia nº 1 e mais este cronista.
Seguimos depois de autocarro, passando à beira mar pela
atraente “Corniche” na direção da Mesquita
Xeique Zayed, outro estonteante monumento. Com a mesquita mesmo em frente,
tivemos que a ela aceder por um sinuoso percurso subterrâneo, pleno de
atraentes lojas que apelavam ao consumismo. Cumprindo todas as formalidades,
chegámos ao espaçoso templo que tem capacidade para 41 mil fiéis. Encontrava-se
pejado de visitantes, demonstrando bem que, para além do culto, estávamos
também num espaço de celebração da arte, da cultura e do turismo. O que vimos? 1096
colunas, 115 mil m2 de mármore branco, milhões de cristais, enorme tapete
persa, lustres, azulejos, etc., etc.
Palavras do “pai” desta obra monumental, o Xeique Zayed bin
Sultan Al Nahyan: “Graças à sabedoria, à
paciência, à fé em Deus e ao amor à nossa Pátria, realizámos uma grande obra
que constitui mais um passo para o desenvolvimento da nação”.
Regressámos, cansados, mas felizes, ao porto de Dubai para
dormir a derradeira noite no “Virtuosa”.
Dubai
No dia seguinte, 26 de novembro, com alguma nostalgia,
dissemos adeus à cidade flutuante e após as formalidades burocráticas do
desembarque, fomos conduzidos ao Hotel
Damac La Maison Cour Jardin, onde ficámos alojados até ao dia 29.
Cada um aproveitou o resto do dia como entendeu. A maior
parte preferiu visitar um famoso jardim e as suas envolventes monumentais. O
cronista e a esposa optaram para gastar o tempo na tão badalada Expo.
Com alguma dificuldade, visto que ainda não dominávamos a área,
lá conseguimos chegar à estação do Metro, adquirir um bilhete de ida e volta e
atingir a estação terminal da linha vermelha, construída propositadamente para
o evento. Regressámos já noite fechada e andámos às aranhas para encontrar o
nosso hotel. Por todo o lado se viam “placards” luminosos a dizer Damac, o que
nos desorientou. Mais tarde fomos esclarecidos que a firma Damac é a principal
empresa de construção a operar no Dubai e daí a proliferação dos tais anúncios.
O dia 27 de novembro foi destinado para uma excursão
organizada. Também tivemos sorte com a guia Andreia, jovem brasileira que mora
há dez anos no Dubai e conhece muito bem a cidade e o país. Começou por dizer
que a famigerada pandemia fez parar tudo menos a construção civil, cujo ritmo
de atividade é febril. O emirado do Dubai já não tem petróleo, mas beneficia do
que é explorado em Abu Dhabi. Essa riqueza é acrescentada pelos proventos
económicos de empresas multinacionais aqui sediadas. Na realidade Dubai é um
dos centros financeiros mais importantes do mundo, devido à estabilidade
política, à situação geográfica e aos baixos impostos. Os grandes capitalistas
escolhem os EAU para desenvolver as suas atividades lucrativas. Aqui não há
greves, existe uma monarquia absoluta de âmbito sucessório e os trabalhadores
são quase todos estrangeiros, explorados até ao tutano e sem direitos. Quando
já não podem trabalhar, têm que regressar aos seus pobres países.
Através de um túnel, entrámos na ilha artificial Blue Waters para apreciar de perto a Ain Dubai. Trata-se de uma gigantesca
roda à semelhança da London Eye que é atração na capital inglesa. Só que esta,
no Dubai, tem 250 metros de altura e é a maior do mundo. Com 48 cápsulas de 30
m2 cada, completa uma volta em pouco mais de meia hora, estando disponível para
festas particulares e até casamentos. Este grandioso empreendimento,
relativamente recente, constitui mais uma prova de que os Emirados se encontram
em desenfreada competição para serem os maiores. Para além da Ain Dubai,
ostentam o Burj Khalifa com 828
metros de altura que é o edifício mais alto do mundo. Ao lado têm a Dubai
Fountain e o Dubai Mall, opulento
centro comercial cuja extensão supera todos os outros do planeta. Famosos são
também outros arranha céus que pedem meças aos de New York. Abundam hotéis de
cinco estrelas apelativos para gente endinheirada, sendo de destacar o Burj Al Arab que dizem ser de sete estrelas
e cuja diária pode chegar a 25 mil dólares. É de loucos!
A paragem seguinte foi em The Pointe que é uma zona comercial numa ponta da famosa The Palm, ilha artificial em forma de
palmeira. A criação desta fotogénica ilha é bem a demonstração de que “o
impossível é possível”. Levou seis anos
a construir a partir de toneladas e toneladas de areia e rocha extraídas do
fundo do mar. Diz-nos a Andreia que esse incomensurável volume de materiais
dava para construir um muro com 2 metros de altura em redor do mundo. As
ligações para chegar às residências nas folhas da palmeira e à coroa são feitas
por túneis submarinos. Não se falou de preços, mas para subir ao cimo do Pointe
a fim de ver o complexo e tirar fotografias custava a “módica” quantia de 25
dólares. Safa! Só os financeiramente desafogados é que subiram. Alguns dos
visitantes, incluindo este cronista, ficaram a contemplar a parte comercial e o
espaço de lazer onde existia uma fonte organizada por repuxos, ladeados por 15 grandes
vasos com vistosas oliveiras. Aproveitámos para reter a frase histórica de Mohammed bin Rashid Al Maktoum, inspirador
e fundador da federação dos emirados, inscrita, em inglês, numa placa dourada “We do not wait for things to happen, rather
we make them happen”.
Seguimos depois para um mercado antigo, mas já modernizado, o
Souk Madinat Jumeirah, onde
almoçámos de forma leve, rápida e económica.
A comitiva passou depois para a parte antiga da cidade. À
entrada do respetivo bairro de casas térreas construídas com adobos integrando
blocos de coral, havia a exposição de uma embarcação tradicional, provida de 78
remos e uma árvore identificada cientificamente por Zizyphus spina. Numa casa beduína transformada em museu,
serviram-nos tâmaras e chá que é aqui um preceito solene de hospitalidade.
Reparámos que na habitação havia potes de barro que serviam para manter a água
fresca, tal e qual como outrora tínhamos nas casas rurais em Portugal.
Para atravessar o chamado Dubai Creek, único canal natural existente na cidade, já que todos
os demais são artificiais, tomámos um barquinho esguio que rapidamente nos
levou à outra margem. Deambulámos então por dois mercados muito frequentados: o
das especiarias e o do ouro. Seria apenas para ver. Quem
quisesse comprar teria muito que regatear. Uma ourivesaria expunha o “anel”
mais pesado do mundo que pesava 72 kg. Brilhava muito, mas seria mesmo de ouro?
Acabou a excursão. Os mais cansados foram logo para o hotel,
enquanto os mais frescos de pernas, ainda seguiram para ver outras atrações
iluminadas, dado que anoitece por volta das 18 h.
Expo 2020
O último dia foi todo dedicado à Expo. O certame que era para
ser inaugurado em 2020, o que não aconteceu por causa da pandemia, passou para
outubro deste ano e terminará em 31 de março de 2022. Foi, portanto, uma
oportunidade única para experienciar, embora fugazmente, um evento mundial
notável. Para além das exposições
temáticas e generalistas e dos eventos recreativos e culturais que se sucedem
interruptamente, a Expo integra pavilhões de 191 países, permitindo dar “a
volta ao mundo” para apreciar o que de melhor existe. Em dia e meio visitámos
os pavilhões de Angola, França, Irão, Estónia, Costa Rica, Costa do Marfim,
Venezuela, Usbequistão, Filipinas, Argélia, El Salvador, Kosovo, México,
Mauritânia, Perú, Rússia, Cabo Verde, Turquemenistão, Sérvia, China, Arábia
Saudita, Hungria, Kuwait, Irlanda, Síria e …naturalmente, Portugal. A ordem por
que são mencionados é ao “deus dará” porque, também no terreno, os pavilhões
são apresentados sem nenhuma ordenação lógica, o que nos obrigava,
constantemente, a consultar o mapa fornecido à chegada.
Em resumo, vimos 26 dos 191 países o que significa que, com
razoável resistência física, precisaríamos de mais uma semana para entrar nos
restantes pavilhões, sem contar com os pavilhões de cariz universal.
Ficámos com muita pena de não ter visto os pavilhões dos EAU
(a jogar em casa), EUA, Inglaterra, Alemanha, entre
outros. Bem tentámos, mas as filas eram enormes. Os que mais nos encantaram
foram os da Arábia Saudita, Perú e Rússia, mas é claro, esta opinião é meramente subjetiva.
O pavilhão português é interessante, contudo gostaríamos de
fazer alguns reparos: no dia que o visitámos, o pessoal de apoio era
maioritariamente de estrangeiros; o restaurante situado no último piso não atraía
tanto os comensais, como em outros que se encontravam nos pisos térreos.
Para terminar, registe-se o tema magno da Expo: “Connecting
Minds, Creating the Future” e os três subtemas: “Opportunity, Mobility, Sustainability”.
Regressámos ao hotel para dormir apressadamente.
A hora de despertar
foi às 2:30 h da madrugada. Simpaticamente, a gerência preparou-nos um
pequeno-almoço volante bem reforçado. No aeroporto aguardava-nos um “check-in”
demorado e arreliante que não deixou saudades, tudo por causa do tal vírus “corona”.
Uma palavra final para enaltecer a preciosa ajuda e a solidariedade militante dos companheiros desta aventura, sem os quais, o “clima “da digressão ficaria muito mais “enevoado”.
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