domingo, 20 de fevereiro de 2022

"3ª parte… enfim, arábias, árabes, arabescos…" por Miguel Boieiro

Continuação!

Muscat (Oman)



Submetemo-nos a mais uma sessão de incómodos testes pandémicos para podermos sair em Oman. Após oito dias de navegação pelo Mediterrâneo, Canal do Suez, Mar Vermelho e Oceano Índico, o “Virtuosa” finalmente lançou âncora em Muscat (a propósito, a palavra “muscat” significa precisamente “âncora”) debaixo de um calor tórrido que excedia os 30 graus.

 Aqui só há duas estações: inverno e verão. Não parece, mas já estamos no inverno que se iniciou na última semana de novembro e vai até à última semana de fevereiro. A partir daí, começa o verão. Em abril e maio as temperaturas chegam a ultrapassar os 50 graus. Quando isso acontece, e acontece frequentemente, as pessoas ficam dispensadas de trabalhar.

A cidade de Muscat é a capital do sultanato de Oman e consta que tem mais de 1 milhão de habitantes. À chegada não nos parecia ser tão grande. Via-se apenas um aglomerado de edifícios muito brancos a contrastar com uma cadeia de montanhas negras e pontiagudas. Deram-nos um cartão plastificado, emitido pelo sultanato, para servir de passaporte enquanto permanecêssemos no país. Entretanto, chegou o motorista do autocarro, vestido de branco da cabeça aos pés. O guia, trajado à ocidental, era indiano e expressava-se em razoável espanhol. Por ele, ficámos a saber que Muscat foi considerada a segunda cidade mais limpa do mundo, logo a seguir a Singapura. A criminalidade é bastante baixa, atendendo, em parte, às duras punições a que ficam sujeitos os infratores.

Oman é um estado que desperta curiosidades, desafiando a nossa imaginação e a cultura, supostamente superior, de que somos portadores. O país possui uma superfície de 309.500 km2 e uma população que pouco excede os 5 milhões de habitantes. Ocupa a parte sul da península arábica e faz fronteira com o Iémen, Arábia Saudita, EAU (Emiratos Árabes Unidos) e uma extensa zona marítima. 70% do território é constituído por desertos rochosos e praticamente não existem rios nem lagos.

Metade da população é estrangeira, proveniente da Índia, Paquistão, Bangladesh, etc. Permanecem em Oman apenas para trabalhar e quando chegam à idade da reforma têm que regressar aos respetivos países. Não usufruem de regalias sociais ao contrário dos naturais, que beneficiam de gratuitidade na saúde, ensino e habitação. Aos imigrantes é lhes negado inclusive, o direito de comprar habitação. O ordenado mínimo está atualmente fixado em 450 riais, ou seja, por volta de 1.100 euros.

 Oman é regido por uma monarquia absoluta. O sultão é o chefe do Estado e do Governo. Adquirida a independência em 1971 reinou o sultão Qabus bin Said até ao ano da sua morte em 2020. Por ausência de descendência direta, o poder passou para o seu primo, o atual sultão Hailtham bin Tariq Al Said

Visitámos a sumptuosa Mesquita do Sultão Qabus que possui uma área de implantação de 933 mil metros quadrados. A sua construção foi iniciada em 1995 e terminada em 2001. Tem capacidade para 20 mil pessoas e possui cinco minaretes que representam as cinco regras sagradas do islão, a saber:

1º -  Ter fé e obedecer aos preceitos estabelecidos no Alcorão;

2º - Orar cinco vezes por dia;

3º - Dar 2,5% dos rendimentos a pessoas pobres;

4º - Jejuar durante o Ramadão;

5º - Peregrinar a Meca pelo menos uma vez na vida.

Os crentes oram em salões separados – homens num lado, mulheres no outro. Nada de misturas e indumentária rigorosa, principalmente para as mulheres que têm de cobrir todas as partes do corpo. O salão destinado aos crentes masculinos é de um luxo indescritível: tapete gigantesco pesando 21 toneladas e medindo 70 X 60 metros; lustre lampadário pesando 8 toneladas, considerado o maior do mundo; mármores de Carrara; madeiras de teca da Malásia e outros revestimentos opulentos que somos incapazes de descrever. Nas cerimónias religiosas, o imã preside às orações neste faustoso recinto e as “desgraçadas” das mulheres, talvez por serem consideradas seres subalternos, recebem os preceitos através de um circuito televisivo na sua modesta sala (se a compararmos com a anterior), cujas dimensões são bastante mais reduzidas.

De autocarro passámos depois para a cidade velha. De notar que, entre a parte antiga e a parte moderna de Muscat, há uma porta amuralhada. Antigamente as pessoas que pretendiam passar de um lado para o outro tinham que pagar portagem. Seguimos então para o “souk”, situado junto ao mar onde se podia avistar um dos fabulosos iates do sultão. O chamado souk é um mercado com lojas de recordações, roupas, ouro, pedras preciosas e outras bugigangas inúteis. Nada comprámos. Queríamos apenas um livro que não fosse escrito em árabe, mas não enxergámos algo que merecesse a pena.

A seguir fomos ao Museu Nacional disposto em vários pisos num edifício moderno. O tempo já era curto e a visita foi demasiado rápida. Lamentavelmente gastámos um ror de tempo a ver lojas e isso prejudicou o resto da programação. Fica aqui a crítica! Valia a pena ver o museu com a devida atenção, porque ele descreve a História da região desde as remotas eras paleolíticas.

Tudo apresentado com esmero e com adequada técnica museológica, possibilitar-se-ia entender melhor a evolução deste país deveras original. Anotámos apenas a referência à Boswellia sacra que é a árvore que propicia o incenso mais afamado do mundo, de tal modo que apelidam Oman, o país de “Frankincense”. Na sala que documenta o relacionamento com o resto do mundo, pudemos apreciar os modelos das naus portuguesas do século XVI, da autoria de Carlos Montalvão. Achámos que era pouquíssimo no respeitante a Portugal, comparativamente com o que era mostrado dos restantes países europeus. Afinal, estivemos aqui quase século e meio!

Julgámos depois compreender as razões. Em 1508, os Portugueses, vindos da Índia, conquistaram Muscat a ferro e fogo, massacrando a população local. Construíram depois duas imponentes fortalezas, as quais ainda se podem ver (Al Jalali e Al Mirani) que constituíram a maior base da armada portuguesa no Médio Oriente durante 146 anos. A ocupação portuguesa não foi pacífica e a recordação da sua presença não deixou saudades. Na História de Omã essa época ficou caracterizada como o “período sangrento” Que vestígios lá deixámos? Apenas as duas fortalezas e a nomenclatura “rial” atribuída à moeda nacional.

No exíguo tempo restante apenas deu para olhar o exterior do palácio Al Alam, construído para ser a residência do sultão. Hoje está destinado prioritariamente para as cerimónias e receções diplomáticas.

Ficou-nos na lembrança a grandeza e a luxúria desta cidade, enriquecida com os proventos advindos do petróleo, esse “ouro” (por enquanto) do nosso tempo.

Uma nota final para referir, no que toca à riqueza, o contraste obsceno com os vizinhos paupérrimos do Iémen, Eritreia, Somália e Etiópia que Alá não bafejou com as jazidas de “ouro negro”. Injustiças!

Abu Dhabi

O programa do cruzeiro previa uma escala na capital dos EAU. Provavelmente por estarem a decorrer obras no respetivo porto, essa paragem acabou por ser anulada, pelo que atracámos em Dubai, um dia antes do que estava previsto. Esse dia foi totalmente aproveitado, graças às abnegadas diligências do companheiro Adérito Batista, para efetuar a visita, por terra, à cidade de Abu Dhabi. Efetuados os contactos com uma agência turística dirigida por um português residente, tínhamos à saída do navio, um autocarro à disposição do grupo “Quero Viagens” a que se juntaram outros cruzeiristas portugueses. A excelente guia que nos foi atribuída, Teresa Mónica, também portuguesa, enriqueceu extraordinariamente esta digressão com as suas úteis informações

Em cerca de duas horas foram percorridos os 140 km que separam as duas maiores cidades dos EAU. A autoestrada, que nalgumas partes chegava a ter seis faixas de rodagem para cada lado, bem como a regularidade e bom estado da via, ajudaram a atingir o objetivo pretendido. Incansavelmente, Teresa foi-nos detalhando aspetos curiosos da paisagem e da vida social, económica, cultural e religiosa destas terras árabes. Ladeando a autoestrada viam-se sucessivas espécies de acácias, árvores cujas raízes atingem grandes profundidades até alcançarem a humidade necessária para subsistir. A água é aqui uma preciosidade pois o clima é de uma secura extrema. Em sete meses do ano não ocorre chuva e o governo, para além da implantação de grandes unidades de dessalinização para aproveitamento da água do mar, investiu numa técnica baseada no bombardeamento das nuvens com cristais de sal a fim de provocar o aparecimento da ansiada pluviosidade.

A nossa simpática guia era portadora de várias vestimentas que serviam para identificar a origem dos diversos estados árabes: burca, nicabe, xador, amira, hijab e outras. Pacientemente, foi respondendo às perguntas dos curiosos viajantes. Até aos anos trinta do passado século, as pessoas viviam pobremente e habitavam em cabanas. A atividade económica centrava-se na pesca e nas pérolas retiradas das ostras por mergulhadores. Com o aparecimento das jazidas petrolíferas, a evolução foi galopante no sentido do desafogo económico, da riqueza e do luxo.

Os Emirados Árabes Unidos (EAU) constituem uma federação de 7 emirados formada em 2/12/1971. Aproximando-se a data do cinquentenário já se viam, por todo o lado, as flâmulas comemorativas. A área dos EAU é de 77.700 km2, mas o emirado de Abu Dhabi é o mais extenso, ocupando 86,7% de todo o território e possuindo 9% das reservas de petróleo e cerca de 5% do gás natural de todo o mundo.

A capital do emirado que é também a capital dos EAU era, até meados do século XX, uma pequena localidade desprovida de eletricidade. Hoje é uma cidade pujante com uma poderosa economia, sendo, a seguir a Dubai, a metrópole mais populosa. A sua população atinge os 3 milhões de residentes, mas a maior parte são trabalhadores estrangeiros.

À medida que nos aproximamos da urbe, surgem os empreendimentos de vulto: o famoso circuito automobilístico da fórmula 1, o parque temático da Ferrari, o Louvre de Abu Dhabi, a ilha Ya, toda dedicada ao lazer e os grandes hotéis. Num deles ficou alojado Juan Carlos, antigo rei de Espanha.

Visitámos o Palácio Qasr Al Watan e devemos dizer que nunca vimos nada mais imponente e luxuoso. Considerado o Palácio da Nação, ou Palácio Presidencial, esta esplendorosa obra arquitetónica foi aberta ao público em 2019. Não nos atrevemos a enveredar por detalhadas descrições porque elas ficariam sempre muito aquém da realidade. Quem quiser saber mais, tem que lá ir. Mencionamos apenas as partes que nos despertaram  atenção: o Grande Hall, a rotunda do Supremo Conselho, a Biblioteca Islâmica, o Salão do Banquete com capacidade para 344 convidados (da próxima vez, ficaremos honrados se recebermos um convite), o Salão das Conferências, o Museu do Conhecimento com os principais contributos do mundo árabe para o progresso da matemática, astronomia, arquitetura, literatura, medicina e ciência,  durante a sua época dourada (século VIII ao século XIII) … mais os azulejos, os mármores, os espelhos, os candeeiros, as cúpulas, os minuciosos arabescos ornamentais, a luminosidade, a elegância, a harmonia…

Já passavam das 14 horas quando nos dirigimos ao restaurante onde estava marcado o almoço “buffet”. Lá estava à espera o nosso grande amigo Jorge Araújo, companheiro de muitas batalhas cívicas e revolucionárias do concelho do Seixal. Foi um momento deveras caloroso e inesquecível, pois há muito tempo que não nos víamos. O Jorge e a esposa estão a trabalhar episodicamente nesta impressionante cidade das arábias. Confraternizámos durante o almoço. Perante a emoção do encontro, a memória não guardou o que comemos. Naquele momento, isso não era o mais importante. No fim, e apressadamente porque o tempo voava, foi tirada uma fotografia mostrando a camisola desportiva do Centro Cultural e Recreativo do Alto do Moinho, do qual fomos membros fundadores. Ficou o Jorge, a Manuela, digníssima sócia nº 1 e mais este cronista.

Seguimos depois de autocarro, passando à beira mar pela atraente “Corniche” na direção da Mesquita Xeique Zayed, outro estonteante monumento. Com a mesquita mesmo em frente, tivemos que a ela aceder por um sinuoso percurso subterrâneo, pleno de atraentes lojas que apelavam ao consumismo. Cumprindo todas as formalidades, chegámos ao espaçoso templo que tem capacidade para 41 mil fiéis. Encontrava-se pejado de visitantes, demonstrando bem que, para além do culto, estávamos também num espaço de celebração da arte, da cultura e do turismo. O que vimos? 1096 colunas, 115 mil m2 de mármore branco, milhões de cristais, enorme tapete persa, lustres, azulejos, etc., etc.

Palavras do “pai” desta obra monumental, o Xeique Zayed bin Sultan Al Nahyan: “Graças à sabedoria, à paciência, à fé em Deus e ao amor à nossa Pátria, realizámos uma grande obra que constitui mais um passo para o desenvolvimento da nação”.

Regressámos, cansados, mas felizes, ao porto de Dubai para dormir a derradeira noite no “Virtuosa”.

Dubai

No dia seguinte, 26 de novembro, com alguma nostalgia, dissemos adeus à cidade flutuante e após as formalidades burocráticas do desembarque, fomos conduzidos ao Hotel Damac La Maison Cour Jardin, onde ficámos alojados até ao dia 29.

Cada um aproveitou o resto do dia como entendeu. A maior parte preferiu visitar um famoso jardim e as suas envolventes monumentais. O cronista e a esposa optaram para gastar o tempo na tão badalada Expo.

Com alguma dificuldade, visto que ainda não dominávamos a área, lá conseguimos chegar à estação do Metro, adquirir um bilhete de ida e volta e atingir a estação terminal da linha vermelha, construída propositadamente para o evento. Regressámos já noite fechada e andámos às aranhas para encontrar o nosso hotel. Por todo o lado se viam “placards” luminosos a dizer Damac, o que nos desorientou. Mais tarde fomos esclarecidos que a firma Damac é a principal empresa de construção a operar no Dubai e daí a proliferação dos tais anúncios.

O dia 27 de novembro foi destinado para uma excursão organizada. Também tivemos sorte com a guia Andreia, jovem brasileira que mora há dez anos no Dubai e conhece muito bem a cidade e o país. Começou por dizer que a famigerada pandemia fez parar tudo menos a construção civil, cujo ritmo de atividade é febril. O emirado do Dubai já não tem petróleo, mas beneficia do que é explorado em Abu Dhabi. Essa riqueza é acrescentada pelos proventos económicos de empresas multinacionais aqui sediadas. Na realidade Dubai é um dos centros financeiros mais importantes do mundo, devido à estabilidade política, à situação geográfica e aos baixos impostos. Os grandes capitalistas escolhem os EAU para desenvolver as suas atividades lucrativas. Aqui não há greves, existe uma monarquia absoluta de âmbito sucessório e os trabalhadores são quase todos estrangeiros, explorados até ao tutano e sem direitos. Quando já não podem trabalhar, têm que regressar aos seus pobres países.

Através de um túnel, entrámos na ilha artificial Blue Waters para apreciar de perto a Ain Dubai. Trata-se de uma gigantesca roda à semelhança da London Eye que é atração na capital inglesa. Só que esta, no Dubai, tem 250 metros de altura e é a maior do mundo. Com 48 cápsulas de 30 m2 cada, completa uma volta em pouco mais de meia hora, estando disponível para festas particulares e até casamentos. Este grandioso empreendimento, relativamente recente, constitui mais uma prova de que os Emirados se encontram em desenfreada competição para serem os maiores. Para além da Ain Dubai, ostentam o Burj Khalifa com 828 metros de altura que é o edifício mais alto do mundo. Ao lado têm a Dubai Fountain e o Dubai Mall, opulento centro comercial cuja extensão supera todos os outros do planeta. Famosos são também outros arranha céus que pedem meças aos de New York. Abundam hotéis de cinco estrelas apelativos para gente endinheirada, sendo de destacar o Burj Al Arab que dizem ser de sete estrelas e cuja diária pode chegar a 25 mil dólares. É de loucos!

A paragem seguinte foi em The Pointe que é uma zona comercial numa ponta da famosa The Palm, ilha artificial em forma de palmeira. A criação desta fotogénica ilha é bem a demonstração de que “o impossível é possível”.  Levou seis anos a construir a partir de toneladas e toneladas de areia e rocha extraídas do fundo do mar. Diz-nos a Andreia que esse incomensurável volume de materiais dava para construir um muro com 2 metros de altura em redor do mundo. As ligações para chegar às residências nas folhas da palmeira e à coroa são feitas por túneis submarinos. Não se falou de preços, mas para subir ao cimo do Pointe a fim de ver o complexo e tirar fotografias custava a “módica” quantia de 25 dólares. Safa! Só os financeiramente desafogados é que subiram. Alguns dos visitantes, incluindo este cronista, ficaram a contemplar a parte comercial e o espaço de lazer onde existia uma fonte organizada por repuxos, ladeados por 15 grandes vasos com vistosas oliveiras. Aproveitámos para reter a frase histórica de Mohammed bin Rashid Al Maktoum, inspirador e fundador da federação dos emirados, inscrita, em inglês, numa placa dourada “We do not wait for things to happen, rather we make them happen”.

Seguimos depois para um mercado antigo, mas já modernizado, o Souk Madinat Jumeirah, onde almoçámos de forma leve, rápida e económica.

A comitiva passou depois para a parte antiga da cidade. À entrada do respetivo bairro de casas térreas construídas com adobos integrando blocos de coral, havia a exposição de uma embarcação tradicional, provida de 78 remos e uma árvore identificada cientificamente por Zizyphus spina. Numa casa beduína transformada em museu, serviram-nos tâmaras e chá que é aqui um preceito solene de hospitalidade. Reparámos que na habitação havia potes de barro que serviam para manter a água fresca, tal e qual como outrora tínhamos nas casas rurais em Portugal.

Para atravessar o chamado Dubai Creek, único canal natural existente na cidade, já que todos os demais são artificiais, tomámos um barquinho esguio que rapidamente nos levou à outra margem. Deambulámos então por dois mercados muito frequentados: o das especiarias e o do ouro. Seria apenas para ver. Quem quisesse comprar teria muito que regatear. Uma ourivesaria expunha o “anel” mais pesado do mundo que pesava 72 kg. Brilhava muito, mas seria mesmo de ouro?

Acabou a excursão. Os mais cansados foram logo para o hotel, enquanto os mais frescos de pernas, ainda seguiram para ver outras atrações iluminadas, dado que anoitece por volta das 18 h.

Expo 2020

O último dia foi todo dedicado à Expo. O certame que era para ser inaugurado em 2020, o que não aconteceu por causa da pandemia, passou para outubro deste ano e terminará em 31 de março de 2022. Foi, portanto, uma oportunidade única para experienciar, embora fugazmente, um evento mundial notável.  Para além das exposições temáticas e generalistas e dos eventos recreativos e culturais que se sucedem interruptamente, a Expo integra pavilhões de 191 países, permitindo dar “a volta ao mundo” para apreciar o que de melhor existe. Em dia e meio visitámos os pavilhões de Angola, França, Irão, Estónia, Costa Rica, Costa do Marfim, Venezuela, Usbequistão, Filipinas, Argélia, El Salvador, Kosovo, México, Mauritânia, Perú, Rússia, Cabo Verde, Turquemenistão, Sérvia, China, Arábia Saudita, Hungria, Kuwait, Irlanda, Síria e …naturalmente, Portugal. A ordem por que são mencionados é ao “deus dará” porque, também no terreno, os pavilhões são apresentados sem nenhuma ordenação lógica, o que nos obrigava, constantemente, a consultar o mapa fornecido à chegada.

Em resumo, vimos 26 dos 191 países o que significa que, com razoável resistência física, precisaríamos de mais uma semana para entrar nos restantes pavilhões, sem contar com os pavilhões de cariz universal.

Ficámos com muita pena de não ter visto os pavilhões dos EAU (a jogar em casa), EUA, Inglaterra, Alemanha, entre outros. Bem tentámos, mas as filas eram enormes. Os que mais nos encantaram foram os da Arábia Saudita, Perú e Rússia, mas é claro, esta opinião é meramente subjetiva.

O pavilhão português é interessante, contudo gostaríamos de fazer alguns reparos: no dia que o visitámos, o pessoal de apoio era maioritariamente de estrangeiros; o restaurante situado no último piso não atraía tanto os comensais, como em outros que se encontravam nos pisos térreos.

Para terminar, registe-se o tema magno da Expo: “Connecting Minds, Creating the Future” e os três subtemas: “Opportunity, Mobility,  Sustainability”.

Regressámos ao hotel para dormir apressadamente.

A hora de despertar foi às 2:30 h da madrugada. Simpaticamente, a gerência preparou-nos um pequeno-almoço volante bem reforçado. No aeroporto aguardava-nos um “check-in” demorado e arreliante que não deixou saudades, tudo por causa do tal vírus “corona”.

Uma palavra final para enaltecer a preciosa ajuda e a solidariedade militante dos companheiros desta aventura, sem os quais, o “clima “da digressão ficaria muito mais “enevoado”.

FIM

                                       (texto da autoria de Miguel BoieiroVice-presidente da Direção da SPN)

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