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quarta-feira, 30 de março de 2022

“Abrolhos” por Miguel Boieiro

Antigamente, esta planta que a seguir vamos analisar, era muito mais conhecida do que hoje. A razão é simples: os camponeses andavam quase sempre descalços por esses campos fora e tinham que abrir bem os olhos para não se picarem nos terríveis espinhos que revestem os frutos da Tribulus terrestris L.

Trata-se de uma plantinha rastejante, anual, levemente pilosa, que chega a estender-se por um metro de extensão. As suas folhas são opostas, agrupando-se numa dúzia de folíolos verdes esbranquiçados. As flores são solitárias, possuindo cinco pétalas de amarelo-claro com cerca de 4 mm de largura, que aparecem nas axilas foliares. Os frutos são secos e têm forma estrelar com dois espinhos rígidos compridos e dois mais curtos. Alguns picos chegam a ter 6 mm de extensão, o que dá para furar pneus de bicicletas. Agora vejam lá o que acontecia aos pezinhos descalços se os respectivos donos não abrissem bem os olhos!

Pelos motivos apontados, esta planta da família das Zigofilaceae nunca se mostrou simpática para humanos e animais, sobretudo quando atingia a madurez, sendo, para além disso, considerada uma incómoda infestante nos terrenos de lavoura. Em climas atlântico-mediterrânicos, os abrolhos têm ciclo anual, aparecendo a meio da primavera. Há décadas atrás, quando ainda não era frequente o regadio nas terras “galegas”, ou seja, nas terras arenosas, dizia-se que “ano de abrolhos era ano de fartura”. Tal acontecia sempre que o mês de maio era chuvoso, fazendo germinar abundantemente, milhãs, beldroegas e abrolhos, a competir com o milho e outras culturas.




Importa salientar que o nome “abrolhos” ou “abrojos” (em castelhano) é atribuído a uma multiplicidade de plantas espinhosas que existem nas regiões temperadas e subtropicais. No nosso caso, interessa apenas a Trubulus terrestris, que é a única que conheço bem na nossa região.

Sob o ponto de vista científico e medicinal, as diversas variedades de “trubulus” não estão ainda totalmente estudadas. Sabe-se apenas que os frutos contêm uma substância glucósida e que toda a planta possui ésteres saponificáveis, cujos efeitos podem ser tóxicos se as doses tomadas forem elevadas. Detetaram-se ainda ácidos gordos insaturados, potássio, taninos, resinas e um óleo essencial.

Eis as propriedades curativas mais reconhecidas: analgésica, hemostática, cicatrizante, tónica, diurética, adstringente e hipotensiva. Serve também nos casos de incontinência urinária e de pedra nos rins.





Todas as aplicações internas devem ser suaves e mediante vigilância médica. Recentemente redobrou o interesse por esta erva porque lhe atribuíram sucesso em casos de infertilidade sexual, impotência e disfunção eréctil. Tem sido, sobretudo, o Instituto Químico Farmacêutico de Sófia (Bulgária) a sustentar, através das suas experiências laboratoriais, que o extrato de “tribulus” faz incrementar o nível da testosterona e de outras hormonas de cariz sexual e reprodutor.

Em todo o caso, sabe-se que a planta está, desde há muito, bem cotada na Medicina Tradicional Chinesa, como tónica cardiovascular e nas práticas ayurvédicas indianas, como afrodisíaca.

Para terminar, refere-se que existem à venda diversos medicamentos com extratos desta planta, sob a forma de cápsulas ou de gel, mas só através de receita médica.

Há também quem recomende, em usos externos, a decocção para banhos, compressas e fricções.

Quem quiser arriscar o “chá”, deve ferver o conteúdo de uma colher pequena de flores e folhas secas em meio litro de água e beber duas chávenas por dia, de preferência, fora das refeições.



Miguel Boieiro

(texto da autoria de Miguel BoieiroVice-presidente da Direção da SPN)

  

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