quarta-feira, 6 de abril de 2022

“Abacateiro” por Miguel Boieiro

Apesar de, naquele inverno, a neve ter caído com inusitada frequência em regiões onde há muito não nevava e malgrado as camadas de geada se terem formado mesmo em terras do litoral, o clima está a mudar e o aquecimento global é um facto que se deteta, mesmo à vista desarmada.

Quando D. Dinis indagou sobre o que sua esposa levava no regaço, a rainha respondeu – São rosas, meu senhor! - Rosas em janeiro? - Espantou-se o soberano. Naquele tempo era impensável colher rosas no inverno, o que não acontece atualmente (em pleno janeiro, apanhei um “bouquet” delas, no meu quintal). Seria igualmente impossível ter produções de bananas, anonas e abacates e hoje elas já aparecem em muitos lugares da nossa região atlântico-mediterrânica. Isso mostra que o clima está mesmo a mudar, o que denota aspetos negativos, mas também positivos. Em meu entender, convém que estejamos atentos para mitigar os primeiros e aproveitar os segundos.

Tudo isto vem a propósito da cultura do abacateiro, uma árvore extraordinariamente benéfica para a nossa saúde, mas de que ainda não sabemos retirar os adequados proveitos.


A Persea americana é uma árvore elegante, originária da América Central, onde, em estado selvagem, logra atingir 20 metros de altura. Existem mais de quinhentas variedades de abacateiros, fornecendo frutos de diferentes tamanhos, formas e colorações. Quando, em Cuba, no ano de 1982, integrei a Brigada de Trabalho Voluntário “José Marti”, descobri um abacateiro carregado de frutos, no meio do campo. Era lá que me ia abastecer. Guardava os abacates no meu cacifo pessoal e todos os dias os chocalhava. Logo que sentia o caroço a despegar-se, era sinal que estavam maduros e prontos para reforçar as refeições, como salada ou sobremesa.

O abacateiro, pertencente à família das Lauraceae, possui ramagem abundante, com folhas grandes, perenes, oblongas e alternadas. As flores são brancas e pequenas, sendo polinizadas por abelhas e outros insetos, de forma cruzada, ou seja, convém que haja várias espécies por perto para facilitar a polinização. Os frutos assemelham-se a peras, com casca áspera de cor verde ou violácea. A polpa é amarela-esverdeada, gordurosa e macia e o caroço é grande, cilíndrico e compacto. 


Quer nos frutos, quer nas folhas, quer nas sementes, encontramos constituintes químicos de inegável valor terapêutico: fito nutrientes, provitamina A, vitaminas C, E e do complexo B, aminoácidos, sais minerais (ferro, fósforo, cálcio, etc.) e glicéridos de ácidos gordos insaturados.

Do imenso rol de propriedades medicinais, referem-se as seguintes: adstringente, afrodisíaca, anti-anémica, antidiarreica, anti-reumática, antioxidante, carminativa, cicatrizante, digestiva, diurética, emoliente, tónica capilar, vermífuga, anti-raquítica, anti-inflamatória, etc., etc.

Algumas receitas:

Das folhas: Infusão de 50 g de folhas secas num litro de água. Tomar três chávenas por dia para artrites, gases intestinais, vesícula e hipertensão. Compressas de folhas secas aquecidas, para as dores de cabeça.

Do caroço: “Chá” do caroço tostado e moído para combater a diarreia e a disenteria. O caroço macerado em vinho branco, durante, pelo menos vinte dias, é utilizado como afrodisíaco (beber um ou dois cálices diariamente). O pó do caroço, diluído em água, é bom para as varizes. O caroço ralado macerado em álcool serve para preparar fricções contra o reumatismo.

Dos botões das flores: Mezinhas para a libido e para as perturbações dos órgãos sexuais femininos.


Das cascas dos frutos: “Chá” para eliminar vermes intestinais.

Do óleo: Tendo uma consistência química idêntica à do azeite, combate eczemas, irritações da pele e calvícies.

Dos frutos: A polpa consumida fresca com mel, funciona como afrodisíaco. Com azeite, iogurte natural e um pouco de sal, prepara-se um creme de barrar que substitui, com vantagem, a margarina e a manteiga. Experimentem também a “mousse” de polpa de abacate, ficando a mistura dos ingredientes ao critério de cada um. (o restaurante do Centro de Arte Moderna da Fundação Gulbenkian prepara um que é divinal).

E que tal um creme amaciante para a pele com a polpa do fruto misturado com mel? Depois de aplicar deixa-se cerca de 40 minutos e retira-se com água fria.


Das imensas virtudes do abacate e das mil maneiras de o consumir gastronomicamente, poderíamos fazer extensas dissertações. Fiquemos, no entanto, por aqui.

Incita-se os leitores a usar a imaginação e a efectuar experimentações de âmbito culinário porque esta preciosa fruta é compatível com muitos outros alimentos. Deixamos apenas um ligeiro alerta: o abacate oxida com facilidade depois de retirada a casca, escurecendo de imediato e produzindo radicais livres. Por conseguinte, devemos consumi-lo sempre fresco.


 

(texto da autoria de Miguel BoieiroVice-presidente da Direção da SPN)

  

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