Umbelíferas são duma família botânica que engloba a cenoura, a salsa, o funcho, o coentro, a cana-freicha, a embude, o endro, a angélica, a cicuta, … e o aipo.
Tal designação tem a ver com a configuração floral destas
espécies, a qual forma uma espécie de umbela, ou chapéu. Hoje os botânicos
convencionaram que a citada família ficaria melhor com o nome de Apiaceae. Ora tal decisão coloca em
destaque o “apio”. Em português, por uma questão de corruptela linguística,
trocaram-se as letras e ficou “aipo”, da mesma forma que “Alger” ficou “Argel”,
assim como em outros casos semelhantes.
Temos, pois, que o aipo ou, cientificamente falando, o Apium graveolens L. ficou consagrado como uma planta botanicamente determinante. Ela parece-se com a salsa, só que em versão ampliada: as folhas são maiores, o caule também, a raiz igualmente, apenas as sementes são mais pequenas do que as da salsa. Como presumo que toda a gente conhece bem a salsa, fica já com a noção do aspeto físico do aipo.
O aipo é uma das hortaliças de folhas verdes e talo que
contém mais propriedades medicinais. Daí a sua vasta utilização na alimentação
e na fitoterapia em todo o mundo, menos em Portugal.
Se isto fosse uma mera redação daquelas que se faziam no meu tempo de escola primária, inevitavelmente começaria assim: “Eu gosto muito do aipo …” De facto, continua a ser uma das minhas plantas preferidas. Recordo que, no âmbito das célebres conferências quinzenais da Sociedade Portuguesa de Naturalogia, sabiamente orientadas, há décadas, pelo meu amigo Dr. António Cardoso, dissertei uma vez sobre o aipo durante duas horas, sem fatigar a assistência (creio bem!). Já os estimados leitores poderão avaliar o que teria para escrever sobre esta aromática planta. Daria para compor, só por si, uma edição exclusiva do jornal da terra. Como isso não é, por ora, praticável, tenho, sem mais delongas, que me cingir apenas a algumas curiosidades e aspetos práticos.
O aipo é bienal. A raiz é pivotante, potente e profunda com
raízes secundárias superficiais. O caule, ereto, cilíndrico, profundamente
sulcado, oco e ramoso, chega a atingir 80 cm de altura. As folhas são verdes
escuras e brilhantes. No segundo ano surge o talo floral com pequenas flores
esbranquiçadas no cimo. O fruto é um aquénio (cinco vértices). As sementes
possuem uma faculdade germinativa média de cinco anos e são minúsculas (1 grama
tem aproximadamente 2500 unidades).
Eis os constituintes químicos principais: hidratos de
carbono, fibras, óleos essenciais (terpenos), vitaminais B1, B2, B3, B5, C, E,
K e provitamina A e uma paleta impressionante de sais minerais e oligoelementos
como cálcio, cloro, cobre, ferro, magnésio, manganésio, molibdénio, fósforo,
zinco, enxofre e principalmente sódio e potássio.
Algumas propriedades medicinais do aipo: depurativo,
diurético, carminativo, tónico, aperitivo, estimulante, estomacal, refrescante,
afrodisíaco, cicatrizante, regenerador sanguíneo, anti-hepático, antipirético, febrífugo,
etc., etc.
Algumas indicações terapêuticas: gota, artrites, cálculos
renais, edemas, hipertensão, colesterol, psoríase e outras doenças da pele,
catarro, afonia, asma, difteria, tifo, paludismo, sarampo, escarlatina,
bronquite crónica, insónia, gonorreia, menstruações dolorosas, doenças nervosas
(falta de memória) … e mais não menciono para não fatigar.
Como é de calcular, o aipo é omnipresente em todas as obras
de fitoterapia. Cada autor destaca a particularidade que achou mais peculiar.
Assim temos:
- The
Herb Bible (Canadá): infusão das sementes para o reumatismo.
- Les
Plantes de L’Herboriste (França): triturar um grande “céleri” (designação
da planta em língua francesa), juntar 1 litro de vinho branco, deixar macerar
48 h e filtrar. Beber um copo antes das refeições para aumentar o apetite
sexual.
- Il
Talismano della Medicina Naturale (italiano): simples infusão para
estimular.
- Medicina
pelas Plantas de Oliveira Feijão: Cozimento das folhas e raízes (25:1000);
licor obtido da maceração durante 8 dias de 20 g de sementes num litro de
aguardente, filtra-se e junta-se 1 dl de sumo de limão e 1 litro de xarope,
para rejuvenescer.
- A
Saúde pelas Alimentos do Dr. Schneider: óleo essencial extraído das
sementes para as doenças renais.
Ficamos por aqui, porque seria obviamente fastidioso enumerar
todos os autores que enfatizam o aipo como excelsa planta medicinal.
Falta, no entanto, referir o papel do aipo na alimentação.
Ele pode ser usado nas saladas cruas, sopas, caldos, condimentos, maioneses,
sanduíches (os talos são agradavelmente crocantes) e como substituto do sal. Os
pratos preparados com aipo, em conta peso e medida, ficam com um toque de
especiarias e um paladar extraordinário.
Naturalmente que existem diversas variedades de aipo. Quero apenas destaco o aipo-nabo, cujo cultivo é pouco vulgar em Portugal A sua raiz forma uma suculenta cabeçorra, concentrando os princípios ativos desta planta que já era divinizada na antiga Grécia e que no nosso País é, estranhamente, desconhecida de tanta gente.
(texto da autoria de Miguel Boieiro, Vice-presidente da
Direção da SPN)
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