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sábado, 4 de junho de 2022

"Cereja no topo do bolo? Aqui do meu lado, é mais cerejas de qualquer forma!" por Sandrina Martins

 


Quem nunca usou um par de brincos de cerejas, ou ficou com os dedos manchados ou a língua pintada de vermelho bem escuro? Quem nunca escolheu aquelas cerejas mais gordas e escuras para comer, até ficar com dor de barriga? Quem nunca viu cerejeiras em flor e apanhou cerejas debaixo do calor? 

Se não tiveram estas experiências, então filhos, fica o aviso: vocês têm uma lacuna na vossa vida, estão coxos, santa paciência! É hora de reverem os objetivos da vossa vida. Porque estas situações representam a mais pura e simples felicidade!

Eu ADORO cerejas! (Não estou a gritar convosco, só usei as maiúsculas para vocês verem o meu nível de “gosto”. Se eu pudesse atribuir “likes” às cerejas, ficava a carregar no botão para sempre!). As cerejas estão no meu top 3, ou melhor top 1…tenho alguma dificuldade em repartir preferências entre elas, os alperces e as lichias. Todas estas frutas, são saborosas de mais, deliciosas demais! Mas voltando ao que interessa, que eu já estou a dispersar-me! Como se diz popularmente: as conversas são como as cerejas, vêm umas atrás das outras.

Estamos em plena época das cerejas, e não falar delas seria o equivalente a cometer um crime capital! Hoje este artigo será uma miscelânea de curiosidades, ao estilo “Sabias que?”. Preparados para um rol de curiosidades, dicas e afins? Vamos lá!

Primeiro: é originária da Ásia e cientificamente é do género Prunus, tal como os pêssegos, as ameixas, os alperces (ah, cá estão eles!). Completando a informação, o seu nome científico é Prunus avium. Sendo mais precisa, geograficamente falando, pensa-se que seja originária do norte do Irão e do sul das montanhas do Cáucaso.

Segundo: ao fazer parte dos frutos vermelhos, eleva-a logo à categoria de super-fruto (superalimentos, estão lembrados?). Rica em antioxidantes, potássio, carotenoides, fibra e vitamina C. E calorias, querem saber? Malta que se prepara para curtir o verão 2022, nada temam! 10 pares de cerejas têm apenas 66 kcalorias. Não estou a dar baile! Podem ver no site nutrimento.pt.

Terceiro: querem cultivar boa cereja? Então peguem na trouxa e desloquem-se para zonas com invernos rigorosos, porque se querem uma boa colheita, as vossas cerejeiras necessitam de 800 a 1000 horas de frio (dependendo da variedade cultivada podem ser menos ou mais horas ainda), o equivalente a pouco mais de 2 meses de inverno puro e temperaturas que rondam os 7.ºC. Percebem agora por que razão a boa cereja produzida em Portugal, vem de Trás-os-Montes, Entre Douro e Minho e Beira Interior?

Quarto: variedades de cereja? Como dizia o outro, havia tanto para dizer, mas não temos tempo. Fica a referência de algumas cultivadas em Portugal: De Saco, Napoleão Pé Comprido (o Napoleão não era um homem pequeno?), Burlat, Big Windsor (so chic, so british!), Morangão, Espanhola, Sunburste, Hedelfingen (deve ser germânica, não acham?) e Summit (olha, e eu que pensava que isto eram cimeiras!).

Quinto: sabiam que podem apadrinhar uma cerejeira do Fundão? Por apenas 20 euros, qualquer pessoa pode apadrinhar uma cerejeira. A mesma é identificada com o nome do padrinho, e podem seguir o crescimento da vossa afilhada árvore. Não é uma doçura? Até a cerejeira ser adulta e dar fruto, têm direito a 2 kg de cereja por ano e vouchers de desconto no concelho do Fundão.

Sexta: cereja no topo do bolo? E que tal, dentro do bolo? Experimentem um pastel de nata de cereja, receitada inventada pelos alunos da Escola de Turismo do Fundão em 2010. E já comeram um clafoutis de cerejas, uma espécie de tarte francesa que nunca falha? Gelado de cereja, compota e doce de cereja? Não dá para passar ao lado.

Sétima: agora quero transportar-vos até paisagens nipónicas. A cerejeira no Japão tem uma enorme simbologia. Devo confessar que quando me perguntam onde gostaria de ir se tivesse oportunidade de fazer uma grande viagem, o Japão não aparece nas minhas primeiras preferências. Mas macacos me mordam, se eu não dava um rim, para ir ver aquelas cerejeiras em flor! Sabiam que há 3 tipos de cerejeiras – com frutos comestíveis, com frutos não comestíveis e sem frutos? No Japão foram documentadas 300 variedades! Festejam o Hanami, que é a altura da floração, fazendo piqueniques debaixo das cerejeiras e apreciando as flores. Em japonês, a flor da cerejeira chama-se Sakura e há uma lenda muito bonita: após ter caído do céu perto do monte Fuji, a princesa Konohana Sakuya ter-se-ia transformado nessa belíssima flor. Além disso, como a floração da cerejeira antecede a colheita de arroz, então os japoneses acreditam que quando ela floresce em abundância, o mesmo ocorrerá com a produção desse alimento. Como o arroz é a base da alimentação dos japoneses, este paralelismo é um bom presságio. A flor da cerejeira dura pouco e para os japoneses simboliza a efemeridade de vida, por isso têm como lema “aproveitar cada momento, pois a vida é curta”. Uau, gostaram desta pequena viagem ao país do sol nascente? Eu estou muito agradecida aos japoneses por valorizaram as cerejeiras. Arigato!

E pronto, termino uma parca lista de curiosidades e informações sobre a cereja. Com certeza que ficou muito por dizer e há aqui notas que mereciam uma maior exploração.

Agora é hora de saborear esta fruta dos deuses e apreciar um bom fim de tarde de verão! Fiquem bem.


                                                                         (texto da autoria de Sandrina Martins)

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