Sendo eu sueco, nascido no Brasil de pai ucraniano e mãe moldava, é bom começar com a história de receitas comuns nestes países!
PyttiPanna significa algo como “restos
pequenos na frigideira”: prato tradicional de 2.ª feira em que utiliza os
"restos" picados, dos lautos almoços de domingos.
Nas décadas de 1920/30, a emigração da pobre Suécia,
mormente para os EUA, foi enorme, maior do que a de Portugal em 1960.
A Suécia era muito pobre até a década de 1950. A
neutralidade na 2.ª GG possibilitou as indústrias, que nada tinham sofrido na
guerra, a exportar o que a Europa precisava para a sua reconstrução. O minério
de ferro era transformado em aço e máquinas, o de
cobre em cabos elétricos, a enorme floresta em mobiliário e papel,
a beterraba em açúcar. Os férteis campos do Sul davam cereais e
sementes. Logo, muito era exportado!
Enquanto pobre, e com a agricultura limitada pelo
longo inverno, a maior parte da população comia batata, cebola,
no Verão algum pão, e aos domingos algum peixe, quando havia; porco com
alguma frequência, raramente galinha. A sobra do almoço de domingo ia para a
frigideira, com banha de porco, cenoura e bastante sal, para restar para a 3.ª
feira.
A tradição continuou e as netas adicionaram espinafre,
ervas, salsicha e não porco, ovo frito e hoje continua a tradição, não só de
pobres, mas de quase todos.
Como a Açorda do Alentejo, a receita ajusta-se ao que existe a cada mês, em cada
região. Todas levam grão, cebola, batata, tudo picado. No Norte, onde há
muito porco e pouco girassol ou azeite, vai à frigideira com óleo vegetal,
grão, porco ou salsicha.
No Centro, mais nas famílias que fizeram férias na Europa, leva óleo de girassol, e ainda erva, cenoura, salsicha ou peixe. Este varia, consoante a estação do ano.
No Sul, onde há muitos imigrantes e muitos islamitas,
leva frango, peixe no Verão, azeite, cenoura, pode levar curgete ou beringela;
até tomate seco e ervas aromáticas (classes média e alta).
O sal e as ervas variam muito consoante a receita da avó. Em 15 minutos
prepara-se tudo.
Como por cá e por toda a parte, os almoços de domingo
são a confraternização familiar, com irmãos, primos, todos que
vivem na mesma região. E, de forma rotativa, em diferentes casas, as receitas
variam consoante quem convida. Como geralmente acontece, as mulheres juntam-se
para apoiar a cozinheira e falar das novelas, e os homens ficam no terraço ou
na sala, para falar de futebol. Parece universal: COME-SE, BEBE-SE e o convívio
nos dá forças para enfrentar mais uma semana. YES, WE CAN - DESFRUTAR!
(texto da autoria
de Jack Soifer)
Muito interessante!
ResponderEliminarMuito obrigada pelo seu comentário, que, realmente, a história da Alimentação anda a par e passo da história do Homem!
EliminarApareça por aqui mais vezes, Mónica Rebelo,
fundadora da Revista P´rá Mesa em www.pramesa.pt
e detentora do Blog Cozinha Com Rosto em www.cozinhacomrosto.pt