As árvores, sobretudo as de grande porte, sendo saudáveis, acumulam um potencial estimável de energia.
Por isso, os bem-avisados costumam abraçar os seus avantajados troncos durante alguns minutos, para se revigorarem, recarregando as suas “baterias” energéticas e anímicas. Tal prática utilizou também este escriba aquando da visita ao Parque Termal das Pedras Salgadas onde brota, talvez, uma das águas mineromedicinais mais benfazejas de toda a Europa.
O referido parque, constituído por 20 hectares, possui uma flora
característica, fruto de um microclima especial que potencia o esplendor da
natureza. Também o património edificado, com destaque para o Balneário Termal,
o antigo Casino (a precisar de obras urgentes de conservação), as 12 curiosas
Casas das Árvores para alojar exigentes turistas e as várias fontes termais,
aliciam os visitantes.
Entre as espécies encontradas no parque salientamos o pinheiro-anão (Pinus
mugo), o medronheiro (Arbutus unedo), o carvalho-negral (Quercus
pyrenaica), o calocedro (Calocedrus decurrens) e o cedro-do-atlas
(Cedrus atlantica). Ora, era aqui que eu queria chegar!
Para amenizar a friúra do inverno aconcheguei o peito ao tronco de um altíssimo cedro e sem desprimor para uma eventual e fortuita sugestão psicológica, achei que fiquei mentalmente mais ágil.
Em tempos, fiquei encantado com a compacta floresta de cedros-do-atlas
deparada no Médio Atlas em Ifrane, (Marrocos) a 1700 metros de altitude.
Nevava, mas com o sol descoberto e os macaquinhos a saltar nas bermas da
estrada, tal panorama inolvidável ficou perenemente retido na memória de todos
os viandantes.
Os botânicos encartados apontam a existência de quatro espécies de cedros,
a saber: cedro-do-líbano (Cedrus libani), cedro-do-atlas (Cedrus
libani subsp atlantica), cedro-do-himalaia (Cedrus deodara)
e cedro-cipriota (Cedrus brevifolia). Não há acentuadas diferenças
entre estas espécies, salvo que o himalaia tem folhas mais compridas (agulhas)
e que o cipriota só vegeta naturalmente nas míticas montanhas de Troödos, em
Chipre e as suas agulhas são mais curtas, não excedendo 1 centímetro. A espécie
mais badalada é a do Líbano, sendo a árvore nacional desse país, com
representação gráfica na respetiva bandeira. Quanto à atlantica,
motivo maior desta croniqueta, há quem defenda ser uma espécie autónoma
diferenciada da libani. Julgo, contudo, que o assunto é arredio aos
leigos e não valerá a pena esmiuçar tal questão de carácter científico.
Os cedros são majestosas Pinaceae, podendo atingir 50
metros de altura e subsistir durante 2 mil anos. A copa é cónica, os ramos
estão dispostos horizontalmente e as suas folhas formam agulhas perenes de 4
cm, em grupos de 20 a 40. O tronco é direito e pode alcançar mais de um metro
de diâmetro. Aquele que abracei tinha bem dois metros. As pinhas são geralmente
de forma ovoide de 6 a 11 cm de comprimento contendo sementes aladas de formato
triangular.
A madeira é aromática e dificilmente apodrece pelo que é muito apreciada
como material de construção. As embarcações, que na antiguidade clássica
navegavam no Mediterrâneo, eram prioritariamente feitas de madeira de cedro.
Devido à sua durabilidade serviam também para construir sarcófagos destinadas a
conter as múmias. Nessa altura, os cedros, com seu aspeto garboso, gozavam
de enorme prestígio, sendo o signo da imortalidade, dignidade, força e
prosperidade.
Ao óleo de cedro são-lhe atribuídas numerosas propriedades
terapêuticas: estimulante do sistema cardiorrespiratório, anti depressor do
sistema nervoso central, estimulante da circulação sanguínea, tónico capilar,
sendo adstringente, diurético, expetorante, sedativo, antisséptico, adequado
para tratamentos dermatológicos, infeções pulmonares e cistites. Serve também
para repelir insetos e vermes e afastar os maus odores.
Os cedros suportam bem o frio e a secura e são pouco sensíveis
aos incêndios, comparativamente com outras coníferas. A sua plantação em zonas
de matos heliófilos (que gostam do sol), facilmente inflamáveis, reduz os
efeitos dos fogos devido aos ensombramentos na cobertura dos solos.
Atualmente os cedros, pela sua magnitude, são prestigiadas árvores
ornamentais que valorizam os espaços verdes, mas podem também propiciar
interessantes bonsais para os que gostam das miniaturas da flora, o que não é o
meu caso.
Acrescente-se, contudo, uma prevenção a ter em conta. É que reina uma
grande confusão entre espécies afins que ainda mais se agrava pelas frequentes
hibridações. Há quem designe por cedros, as criptomérias (Cryptomeria
japonica), as tuias (Thuja picata ou Thuja occidentalis),
os zimbros-da-virgínea (Juniperus virginiana) e os chamados cedros-do-bussaco
(Cupressus lusitanica). É, aliás, muito comum aparecerem produtos à
venda com a designação de “óleo-de-cedro”, mas que afinal são provenientes do
zimbro-da-virgínea.
E pronto! Está apresentada mais uma “irmã” para abraçarmos!
(texto da autoria de Miguel Boieiro, Vice-presidente da Direção da SPN)
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