Já quando era garoto adorava fazer as minhas experiências botânicas. No cais das faluas (Montijo) o movimento de cargas e descargas de mercadorias era constante.
Uma vez,
duma fragata atracada estavam a descarregar fardos de algodão em rama. Apanhei algumas
sementes que vinham agarradas e semeei-as num vaso que reguei com água quente.
Santa ingenuidade infantil! Tinha ouvido dizer que o algodão vegetava nos
climas quentes e vai daí … É claro que aquilo não deu nada. Mas noutra ocasião,
tive sucesso. Numa velha lata com terra do quintal coloquei sementes de linho.
Pacientemente fui regando todos os dias até que surgiram várias plântulas. Fui
arrancando as que conhecia, desbastando, desbastando, até que só restou uma
muito esguia que cresceu até florir. Era uma florinha azul clara que me deixou
radiante. Ali estava o tal linho. Um vizinho brincalhão veio avisar-me que
estava um camião à porta com o respetivo motorista perguntando quem tinha linho
para vender (?!).
Mais tarde
familiarizei-me com esta pequena planta utilíssima, cuja designação científica
é justamente Linum usitatissimum L. Ela
gosta dos climas mais frios, mas, pelo menos uma variedade, a Linum angustifolium, cresce à vontade
nos solos ácidos dos nossos montados.
Não há
melhor síntese sobre o percurso tormentoso do linho do que a que encontrei no
Museu Etnográfico de Santana (Madeira): “ele é semeado, arrancado, ripado,
curtido, secado, fiado, ensarilhado, meado, cozido, corado, dobado, novelado,
urdido e finalmente tecido”. E eis numa sucessão de operações acompanhadas por
saberes ancestrais, a forma de chegar às tão saudáveis vestimentas de linho.
Sabe-se que já há 2500 a.C. esta planta de fibras flexíveis era cultivada no
Egipto e na Ásia Menor, de onde se julga ser originária.
É uma
herbácea anual que, nas melhores condições, pode atingir 1 m de altura. O
estreito caule é ereto ou ascendente, sem nós e quase sempre ramificado nas
inflorescências. As folhas apresentam-se lanceoladas, alternas e lineares. As
flores possuem cinco pétalas de cor azul e são hermafroditas. Os frutos formam
cápsulas com dez sementes castanhas, lisas e brilhantes a que chamamos linhaça.
Cientificamente comprovou-se que a linhaça tem importantes propriedades
medicinais, sendo antioxidante, digestiva, emoliente, laxante, suavizante,
diurética e resolutiva.
As sementes
do linho são utilizadas em culinária (aqueles saborosos pãezinhos de sementes!).
Delas se extrai um óleo rico em ómega 3, ómega 6 e ómega 9, numa proporção
equilibrada, os quais são valiosos antioxidantes, redutores do LDL (mau
colesterol) e renovadores celulares. A linhaça contém também mucilagens,
enzimas, pectinas, hidratos de carbono, proteínas, ferro, zinco, potássio,
magnésio, fósforo, cálcio, caroteno e vitaminas B1, B2, C e E. As suas fibras
solúveis são altamente adequadas para o regular funcionamento dos intestinos.
Há quem refira a sua utilidade no combate à diabetes e até como preventivo dos
cancros da próstata, mama, cólon e pulmões.
Eis algumas
das inúmeras mezinhas já utilizadas no tempo dos nossos avós:
- Cataplasmas
quentes (papas de linhaça) para eliminar abcessos, furúnculos, cólicas
intestinais, inflamações dos brônquios e dores em geral.
- Infusão
das sementes, para diabetes, inflamações estomacais, dores de garganta, males
da bexiga, colites, intestinos, hemorroidal.
-
Ingestão em jejum de uma colher de sementes (que devem ficar de molho durante a
noite) para a prisão de ventre.
-
Friccionamento com óleo de linhaça de peles gretadas e eczemas.
Uma
precaução a considerar: o óleo de linhaça rança com facilidade, devendo por
isso ser conservado em frascos escuros ao abrigo do calor e da luz. Jamais se
devem utilizar, para fins medicinais, óleos ou farinhas de linhaça
deteriorados. Finalmente, deixo a recomendação e o incentivo para voltarmos a
vestir roupas de linho que são muito mais saudáveis do que as confecionadas com
fibras sintéticas derivadas de petróleo, ou até mesmo do próprio algodão.
(texto da autoria
de Miguel Boieiro, Vice-presidente da
Direção da SPN)
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