De acordo com o Boletim
IPMA - 18 de julho de 2022, “o dia 13 de julho foi o mais quente
de 2022, e o 5º dia mais quente dos últimos 23 anos em Portugal continental”.
Mas se, por um lado, o número 13 (treze), “desde a Antiguidade Clássica, é o número do azar, o portador de coisas más”, em que os numerologistas consideram-no como “o número que atua em desarmonia sobre as leis do universo”, por outro lado, “a carta 13 do tarô é a carta da morte, mas no sentido de fim de um ciclo, portanto, de mudança e, assim, nem sempre está associada a coisas ruins”, ou seja, “algumas pessoas consideram o 13 o número de boas vibrações”, tal como pode ser lido aqui.
É certo que os moinhos de vento onde eram realizados os eventos de Historias à Mesa, em Palmela, com quase 250 anos, foram todos destruídos pelo incêndio avassalador no dia 13 de julho de 2022, mas Pedro e Rute prometem não desistir do sonho!
Da minha parte, devo confessar que me senti bastante
revoltada com toda a situação no momento em que soube da notícia nesse mesmo
dia, uma vez que já conheço o Projeto Historias à Mesa desde há já alguns anos,
tendo em conta o facto de ter publicado, em 2019, 2 Revistas P´rá Mesa acerca
de Palmela, ainda que só em formato PDF e somente enviada por email para os
Subscritores do Blog Cozinha Com Rosto:
Revista
Digital P´ra Mesa N.º 9 (setembro e outubro de 2019)
Revista Digital “P´ra Mesa” N.º 10
Recordo ainda que, nessa altura, cheguei mesmo a desenvolver
uma primeira parceria com Pedro Lima, o detentor então do Projeto Historias à
Mesa:
Cozinha Com Rosto em colaboração com Moinhos Vivos de Palmela no Evento “Histórias Com Pão”!
E ainda hoje continuamos a ser parceiros no que toca à
Revista P´rá Mesa, sendo, o Pedro, também um dos Autores Convidados:
"O
turista Suíço!!” por Pedro Lima
Novo
Autor Convidado e Novos Vouchers de Desconto para os Subscritores da Revista
P´rá Mesa!
“A
minha pombinha!!” por Pedro Lima
A
grande Novidade do mês de março!
Por tudo isto, fiz questão de fazer uma entrevista a Pedro
Lima, no sentido de dar a conhecer ao meu caro leitor, na primeira pessoa, o
que e como realmente tudo aconteceu naquele dia fatídico, ao lado de sua
mulher, a caríssima Rute Lima, que é igualmente uma pessoa incansável e de
sorte ao mesmo tempo, bem como o próprio padeiro Julião encarregue de fazer o
maravilhoso pão dos Moinhos da Serra do Louro, na Padaria mesmo junto aos
Moinhos destruídos, onde eu também já fui um dia, ou eu não tivesse lido, uns
dias mais tarde, as assustadoras histórias por que cada um destes também passou
aqui
e acolá,
em jeito de notícia para o Diário do Distrito!
A vida, às vezes, arranca de nós todos e quaisquer sorrisos, mas a tristeza que se instala no coração rumo à deceção, pode e deve tornar-nos mais fortes e duros ainda, atraindo até muito mais emoção e firmeza para o nosso futuro: viva o sonho!
1) Para começar, vamos imaginar que o dia em que o triste acontecimento do incêndio aconteceu, afinal não passou apenas de um simples pesadelo, em que, ao acordar apenas sobressaltado na manhã do dia 14 de julho, dirigiu-se de imediato ao local do Moinho e… estava tudo bem, incluindo os seus animais, sentindo um alívio enorme… Neste sentido, e tendo em conta a frase que escreveu naquele dia fatídico, 13 de julho, "num instante o sonho arde", aquando da publicação do vídeo acima no Facebook de Histórias à Mesa, conte-nos, por favor: qual era mesmo o seu maior sonho?
Pedro Lima: O meu sonho é voltar a dar vida a locais antigos, através da história recriada e da gastronomia. Aquilo que nos faz ligar ao passado.
2) Mas será que é pessoa para desistir desse seu maior sonho? Já tem planos para recuperar os Moinhos? E a família proprietária dos moinhos, o que pensa fazer também?
Pedro Lima: Desde 2019 que tenho procurado novas parcerias em novos locais, fazer novos projetos com novas ideias, um pouco por todo o distrito de Setúbal. O plano de recuperação dos moinhos vai começar pelos seguros, apoios da Câmara de Palmela e Ministério da Cultura e Património. Já estão em andamento as reuniões para haver protocolos de parceria e compromisso.
3) Consegue descrever exatamente o que é que tanto o Pedro como a Rute, a sua mulher, sentiram naquele momento exato em que olharam e viram aquilo que não queriam ver?
Pedro Lima: Dia 13 de julho, estava eu a
fazer um workshop de pão, para umas crianças de Setúbal. Quando, no decorrer da
visita ao moinho pelas 11h, vimos um pequeno fumo na encosta do Castelo.
Sem muito alarme, pois o fogo era pequeno e muito longe.
Mas, o vento sul, empurrava-o cada vez mais para a Vila e
depois para as encostas da Serra do Louro.
Vendo isto a acontecer, foi procurar os burros, para os
retirar do local do fogo, mas sem sucesso, pois o fogo começava a ficar muito
perto e eles fugiram para a parte de baixo do terreno.
Ainda fui ajudar umas pessoas a fugir do local e voltei
para o espaço dos Moinhos Vivos .
Vendo o primeiro moinho a pegar fogo, depois o seguro, as
casas do pátio, o segundo moinho começar a arder, as casas do vizinho e os 4
moinhos também começavam a arder.
Sem água nas torneiras, sem apoio dos bombeiros, só um
helicóptero vinha vazar um pouco de água, mas de pouco servia para apagar o
fogo.
Foi ver arder, sem solução para parar, sem saber dos meus
burros, sem saber da Rute que tinha fugido do fogo…
Foram algumas horas de pânico, a ver tudo arder…
Às vezes sonho com o que aconteceu, como se fosse um
filme e acordo de madrugada e fico sem sono…
Mas a vida tem de continuar, nós estamos cá sem
ferimentos, com o conhecimento de saber fazer e isso faz de nós uma
oportunidade para aplicar o mesmo sucesso em outro local!
Mesmo que os Moinhos ainda estejam parados, o projeto Histórias
À Mesa tem de continuar.
Pois quando os Moinhos voltarem à vida, estaremos cá
todos para os receber de braços abertos.
Vamos acreditar num futuro melhor....
4) E ainda conseguiram salvar alguma coisa?
Pedro Lima: Salvou-se a casa do forno e o que tinha lá dentro.
5) Já agora, e em jeito de balanço, para também os caros leitores da Revista P'rá Mesa entenderem melhor o que se passou na primeira pessoa: como é que tudo aconteceu tão rápido e por onde é que andavam os bombeiros?
Pedro Lima: Os bombeiros estiveram mais próximo das casas de habitação, pois o resto fica para segundo plano.
6) Todos nós sabemos o calor que se fazia sentir naquela semana fatídica, em que o caso de Palmela não foi o único, mas será que alguém conseguiria prever algo do género?
Pedro Lima: No dia anterior, perto do mesmo local, foi colocado fogo, pela mesma pessoa que foi apanhada a colocar fogo no dia 13. Podemos dizer que já estava previsto acontecer, porque ele não foi detido logo no dia anterior.
7) Na notícia publicada aqui, https://www.google.com/amp/s/www.cmjornal.pt/portugal/amp/detido-homem-de-45-anos-suspeito-de-estar-a-atear-outro-fogo-em-palmela pode ler-se: "No seguimento de um alerta a informar que um popular teria detetado um indivíduo a lançar brasas para um terreno, os militares da Guarda deslocaram-se de imediato para o local, tendo apurado que o suspeito já se encontrava retido por populares". Mas quem é esse homem afinal e quais as suas razões ou intenções? E já se sabe o que irá acontecer-lhe?
Pedro Lima: Nunca ninguém o tinha visto e, por isso, muito fora do comum ele veio fazer o que precisava de ser feito. Agora qual foi a razão, só ele pode responder.
8) E recordando-se agora um pouco acerca do histórico que Portugal infelizmente já soma no que toca ao tema dos grandes incêndios, por acaso recorda-se quando é que houve outros por Palmela?
Pedro Lima: No concelho de Palmela, já
tivemos vários, perto de Palmela já aconteceu um em 2019 na Quinta do Anjo,
outro em 2016, entre outras datas, mas nunca com tanta área ardida.
9) Na sua opinião, o que é que poderia ser feito para acabar de vez com este sofrimento, em que chegamos ao verão e, por exemplo, não podemos simplesmente fechar a nossa casa, voltar as costas e… ir de férias descansados? É que nem a questão da pandemia está ainda totalmente resolvida, não é verdade?
Pedro Lima: Prevenção é sempre a melhor solução. Limpeza, mais bocas de incêndio, mangueiras de incêndio.
10) Para terminar: pelo que sei, tem recebido imenso apoio por parte de muitas pessoas, tendo até sido convidado para algumas entrevistas, correto? E que eventos tenciona então realizar para angariação de fundos com o objetivo de voltar a comprar o que infelizmente ardeu com o incêndio?
Pedro Lima: Sim, muito apoio e carinho das pessoas e algumas entrevistas. Em breve, vou voltar a criar atividades para comprar o que foi ardido.
(texto escrito por Mónica Rebelo, fundadora da Revista P´rá Mesa)
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