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quinta-feira, 27 de outubro de 2022

"Comer no Restaurante Snack Bar O Lagarto, em Chãs de Tavares, Mangualde" por Maria Delfina Gama

O espírito de sacrifício e bem servir é dado aos mais fortes.


Numa viagem relâmpago a Mangualde, vila portuguesa pertencente à Região Centro (conhecida como Beiras, sub-região Dão Lafões) no distrito de Viseu, encontrei um restaurante que merece destaque: Restaurante Snack Bar O Lagarto pela sua simplicidade, bem-servir e localização.

Estranhei não o conhecer, uma vez que trabalhei durante um ano precisamente em Mangualde há 16 anos! Estranhei mais ainda quando, depois de o terem indicado, verifiquei existir pouca informação no google e nenhuma nas redes sociais! Isso levou-me a perguntar: há quanto estavam abertos? Surpreendentemente, o restaurante pratica o bem servir21 anos!

Fui encontrar um restaurante com comida caseira e com um serviço totalmente familiar. Um ambiente acolhedor, completamente descontraído e um serviço célere. Foi fácil entender que este espaço serve muitas refeições do dia, essencialmente a trabalhadores de passagem ou a trabalhar nas imediações e, claro, aos passantes que como eu pedem indicações além dos inúmeros Clientes já fidelizados.

Diariamente são servidas refeições do dia sempre com pratos tradicionais, embora não tenham dias com pratos fixos. Disseram-me que vão alternando os pratos principais de acordo com a disponibilidade dos produtos e, claro está, de acordo com a época. Entre muitos outros falo do rancho, caldeirada e rojões. Este tipo de refeição só está disponível aos almoços.

Para jantar existe o menu “à la carte” com pratos excecionais como o Bacalhau à Casa e o Cabrito Assado no Forno.

Numa conversa informal fiquei a saber que trabalham, no espaço, a proprietária, que é a cozinheira principal, a Srª.Dª.Sara, a filha Srª. Dª.Anabela que deixou de lecionar para se dedicar à restauração no negócio familiar e o neto Martim que vai ajudando conforme tem disponibilidade.

A Srª. Dª. Anabela mostrou-se muito disponível para responder a algumas perguntas com uma simpatia muito natural:


Quais as maiores dificuldades sentidas desde a abertura?

A maior dificuldade desta casa foi, sem quaisquer dúvidas, o período da pandemia.

Durante a pandemia, como solucionaram o fornecimento de refeições aos muitos Clientes habituais?

Durante todo esse período trabalhamos em “take away” unicamente, continuamos a fazê-lo, mas não há nada como ter os Clientes no espaço. Uma das grandes alegrias do bem servir é ver, na cara dos Clientes, a satisfação com que saboreiam a nossa comida.

O que gostariam de ver alterado na restauração em Portugal?

Existem várias alterações, mas duas são fundamentais: a primeira é o IVA e a segunda é a legislação demasiado rigorosa. O IVA devia ser muito mais baixo e quanto à legislação, não sou apologista de uma legislação permissiva, contudo existem muitas cláusulas completamente desnecessárias.

Deixou de lecionar para se dedicar ao próprio negócio. A Senhora Dª. Anabela alguma vez sentiu que foi uma má opção?

Não é que tenha sentido que foi uma má opção, mas questionei-me sobre o assunto no período da pandemia, pois foi uma época difícil, muito difícil. Ainda que com o “take away”, não há comparação possível com o trabalho que temos diariamente com a porta aberta. Não é que se ganhe muito dinheiro, faz-se o suficiente para nos mantermos na atividade, com um “incoming” q.b. para pagar as contas.

Estão abertos aos almoços e jantares com uma folga semanal, correto?

Não, não. Nós abrimos às 07:30 da manhã e fechamos às 24:00 horas diariamente. Não temos dia de folga, entre nós organizamos os horários e é assim que vamos trabalhando.

Não é muito cedo para a abertura?

Não é muito cedo porque, nós temos, além do restaurante, o café com a esplanada. E o primeiro café do dia é muito importante para os nossos Clientes, estando abertos para o pequeno-almoço, almoço e jantar, e entre estas para snacks e ceias leves.

E em que época estão de férias?

Há um período de férias, não muito longo, apenas uma semana, sempre no início de setembro. Depois tiramos mais um pequeno período, nunca em data certa, em que decidimos, avisamos os Clientes e colocamos a informação na porta.

Como vê o próprio negócio a médio/longo prazo?

Vejo o negócio para continuar. O meu filho, nesta fase, ajuda, embora não seja muito do seu agrado, mas estou convencida que, com o tempo, acabará por ver que estamos a criar o caminho para o futuro dele.


Esta visita levou-me a tempos idos, recordar com alegria os meus tempos de criança e jovem, altura em que via os períodos de férias e os fim-de-semana com azedume pelo trabalho que nos era imposto na cozinha, copa, servir à mesa, etc, mas que com os anos aprendi a amar embora, continue a ser uma profissão que exige grande dedicação, esforço e disponibilidade. E, a bem da verdade, sem uma grande recompensa económica, contudo, é onde encontramos as maiores recompensas da vida: o bem servir com boas práticas num negócio de pessoas e para pessoas. Ou seja, uma atividade que, como o meu pai dizia, é “uma cadeia sem grades”, mas que valia a dedicação e esforço, acima de tudo pela satisfação pessoal, o espírito de sacrifício e o bem servir é dado aos mais fortes.

Não quero terminar sem mencionar que, neste espaço, celebram-se vários tipos de eventos, tais como, festas de aniversário, batizados, empresariais, etc.

 Restaurante Snack Bar O LAGARTO:

Chãs de Tavares, Mangualde

968 576 060 ou 963 981 363

https://turismodocentro.pt/concelho/mangualde/

Detentor de paisagens únicas, de património extraordinário, de estruturas turísticas e de lazer capazes e atrativas, acompanhadas de oferta hoteleira de qualidade, e possuidor de uma gastronomia única, o território de Mangualde é hoje uma marca de excelência e de sucesso na região.


Visitem e deem-me “feedback”

 da Vossa experiência nesta zona de Portugal.

                                      (texto da autoria de Maria Delfina Gama)

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