Não sei como se chegou a esta cifra, mas por agora, isso
não interessa. Diz, quem julga saber, que durante 80% desse ciclópico tempo não
havia sinais de vida no nosso turbulento planeta. Só a partir da era
Fanerozoica, há “apenas” 400 milhões de anos, começaram a aparecer
sucessivamente as algas, os líquenes, os pteridófitos, as primeiras plantas
vasculares e, muito depois, os animais invertebrados e depois os vertebrados
onde se inclui o bicho homem. Se se colocar a existência do planeta à escala de
um simples ano, para melhor afinar a nossa compreensão, verificamos que os
seres humanos só surgiram a faltar um minuto para as 24 horas do dia 31 de
dezembro. Este simples exercício de imaginação leva-nos a refletir sobre a
ínf
Aqui chegados, vamos partir para outra conjetura, a do
processo evolutivo dos seres vivos. Dado que o Reino da Botânica, leva nesta
corrida, em relação ao Reino Animal, uma dianteira de alguns milhões, há que
atentar nas complexas transformações sofridas ao longo das infindáveis eras.
Imaginemos então as estratégias que cada planta adotou para sobreviver e
prolongar a espécie. Imaginemos a grande revolução que foi a descoberta da flor
e no contrato tácito firmado com insetos para ajudarem no processo da
fecundação. E das flores, deparamos com uma sofisticação sem precedentes, nos
coloridos, nas formas, nas texturas, nos aromas.
Esta empolada conversa vai, a propósito ou a despropósito,
por mero capricho deste cronista utópico, conduzir-nos às florinhas da lantana,
arbusto cientificamente denominado Lantana
camara. É que a planta, na sua genial estratégia de sobrevivência, consegue
gerar, em simultâneo, panículas florísticas de várias cores e assim atrair
diferentes espécies de polinizadores. Espantoso, poucas plantas tinham
“pensado”, nisso.
As lantanas são arbustos pertencentes à família das Verbenaceae que agrupa cerca de 100
espécies. São nativas perenes no México e América tropical, naturalizando-se depois
em outras regiões na África, Ásia, Austrália e Europa, onde concorrem com as
espécies endógenas. Englobam inclusive, a lista mundial das 100 mais
importantes espécies exóticas. Na África do Sul chegam a ser proibidas por
ameaçar a subsistência da respetiva flora por via ao seu carácter invasor.
Em Portugal, a Lantana
camara é considerada uma planta ornamental, sendo usada nos jardins
públicos e privados, nas faixas separativas das autoestradas e na formação de
cercas divisórias das propriedades. Cresce rapidamente, resiste à seca e adapta-se
a vários ecossistemas.
Possui folhas simples, ovaladas, opostas, de textura áspera,
com bordos levemente serrados e algo aromáticas. Forma arbustos providos de
caules quadrangulares, sarmentosos e muito ramificados.
As flores são pequenas, dispostas em corimbos densos, caracterizando-se, como já se disse, pela existência de cores diversas na mesma unidade. No início são esbranquiçadas, depois amarelas, alaranjadas, rosadas e vermelhas. Podem permanecer vários meses o que ressalta o seu valor ornamental, o qual beneficia com a exposição solar. Os frutos formam bagas, sendo verdes no começo e muito tóxicas. Depois ficam pretas e luzidias, atraindo a passarada que faz a dispersão das duas sementes contidas em cada fruto.
A lantana contém alcaloides (lantanina), tanino, resinas,
caroteno, antocianinas e óleos essenciais. Contudo, em Portugal não se encontra
divulgado qualquer préstimo no tocante à fitoterapia. Após consultarmos alguns
compêndios oriundos doutros países, anotámos indicações de medicina popular
que, a seguir, damos conta:
A planta, a despeito de conter alguma toxicidade, é apontada
como estimulante da atividade física e mental e preventiva de gripes e
constipações. É usada a infusão de uma colher das folhas secas fervidas num
litro de água. Deixa-se repousar durante 10 minutos. Toma-se uma chávena três
ou quatro vezes por dia.
No “Gran diccionario ilustrado de las Plantas Medicinales” do
Dr. José Luis Bedonces, à lantana, também conhecida por “bandera española”, talvez
devido às proeminentes cores amarelas e vermelhas das flores, são atribuídas
acrescidas virtudes fitoterápicas, a saber:
- Decocção das folhas para estimular as digestões pesadas de
origem gástrica, intestinal, diurética e sudorífica.
- Banhos com a água da decocção das folhas e flores como
remédio para o reumatismo.
- Suco das folhas para aplicar externamente nos casos de
herpes e demais feridas cutâneas.
(texto da autoria de Miguel Boieiro, Vice-presidente da Direção da SPN)
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