segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Antonella e a Susanna do Projeto Tiramisusi em Entrevista à Revista P´rá Mesa!

tiramisusi

Tiramisù ou… “Tira-me isso (da frente, caso contrário como tudo...)”, é daquelas sobremesas que nunca falha nem desilude, acertei?


 

Por acaso sabia, meu caro leitor, que tiramisu é o nome de uma das sobremesas tipicamente italianas mais famosas do mundo, mas que também ganhou fama de ser algo afrodisíaco graças à combinação perfeita entre café e chocolate, sendo estes considerados verdadeiros estimulantes?

Venha então daí descobrir comigo, quem são, afinal, as fundadoras da marca Tiramisusi, para além de serem mãe e filha, e como é que tem sido a sua integração em Portugal, preparado?

campo de ourique

1)  No site www.tiramisusi.pt , está escrito que “O Tiramisusi é a criação da nossa família italiana que, depois de muitos anos longe uns dos outros, se reuniu em Lisboa”, por isso, eu pergunto: como é que tudo começou, quem é a cozinheira e qual a origem do nome “Tiramisusi”?

 

Antonella e a Susanna: Somos a Antonella e a Susanna, mãe e filha. A minha mãe (e o meu irmão Danny) viveram em Espanha, em Nerja (província de Málaga) durante 15 anos; eu (Susanna) morava em Londres. Decidimos encontrar-nos em Lisboa.

O tiramisù sempre esteve presente na nossa mesa, por isso a ideia de vendê-lo nasceu um pouco como uma brincadeira, mas incentivada por todas as pessoas sempre o provavam e diziam adorar. Começámos a considerá-lo como uma possibilidade concreta por volta de janeiro de 2021.

Como em todo o lado, com a pandemia, a operação no setor do turismo, onde a minha mãe e o Danny trabalhavam, reduziu drasticamente. O lado bom foi o tempo que ganharam para se reinventar e dedicar a este novo projeto.

A ideia de nos mudarmos para Lisboa já estava nos planos pré-pandemia: a minha mãe decidiu encarar esta situação mais difícil e transformá-la nesta oportunidade, antecipando as suas vindas e iniciando este projeto.

A mãe Antonella, 55 anos, é a Chef e impulsionadora do projeto; eu, Susanna, cuido da marca e do marketing.

O nosso nome, Tiramisusi, é inspirado na história da nossa família e homenageia a Susi (eu), fã número um do tiramisù da mãe Antonella!

 

itália

2)   Foi fácil a vossa integração em Portugal? Sentem-se felizes a viver em Campo de Ourique?

 

Antonella e a Susanna: Achamos os lisboetas muito abertos e acolhedores. Lisboa tem o equilíbrio perfeito entre ser internacional e ao mesmo tempo ser local e autêntica.

Por acaso, acabamos por ir morar num bairro fantástico: Campo De Ourique. Lojas de artesanato e produtores locais, restaurantes de fazer inveja e pastelarias cheias de gulodices que nos engordam (já não somos viciados apenas por tiramisù)! E adoramos o sentido de comunidade e vizinhança!

 

3)   Acham que os estrangeiros a viver em Portugal deverão sentir-se apoiados ou o que é que, na vossa opinião, ainda falta fazer, tendo em conta a vossa experiência?

 

Antonella e a Susanna: Definitivamente, sentimo-nos muito apoiados pelas pessoas: todos se esforçam para comunicar connosco, mesmo quando o nosso português está ainda a dar os primeiros passos, e são abertos a experimentar coisas novas. Talvez, a nível burocrático, pudesse ser um pouco mais fácil...


tiramissu

 

4)   Qual é a origem dos vossos ingredientes e respetivos fornecedores?

 

Antonella e a Susanna: Como dissemos antes, a mãe faz sempre tiramisù - bem, para nós, “sempre”, para ela, há provavelmente 35 anos. Mas quando considerámos seriamente a ideia de fazer disto um negócio, ela questionou tudo o que sabia, pesquisou e experimentou muito.

Queríamos permanecer fiéis à tradição da nossa família e à tradição italiana, mas era igualmente importante para nós, integrar ingredientes locais – pensando na sustentabilidade, mas também celebrar a fusão de culturas e histórias, para conhecer e dar a conhecer. Um dos aspetos que mais gostámos foi o de conhecer as pessoas, as histórias e os lugares por trás dos produtos que usamos. Por ser um produto fresco, a qualidade dos ingredientes é muito importante para o paladar, mas também para a segurança alimentar – por exemplo, certificamo-nos de usar ovos pasteurizados no nosso creme.

O maior desafio veio dos biscoitos, que são caseiros. Pesquisámos e experimentámos – ou melhor dizendo, a nossa mãe fez, nós provámos. A farinha foi o foco da nossa pesquisa e experimentação para a receita dos nossos biscoitos. A qualidade da matéria-prima é essencial para garantir uma consistência e um gosto perfeitos.

A investigação e… o instinto conduziram-nos às Farinhas Paulino Horta: no papel eram os fornecedores perfeitos, pessoalmente, ainda mais. Fomos conquistados pela qualidade do produto e pelo conhecimento técnico, mas acima de tudo, pela paixão e dedicação, que são para nós tão importantes quanto um bom cereal, aroma e sabor.

A escolha do café também foi muito importante. O tiramisù é uma sobremesa que evolui ao longo das horas, logo os ingredientes devem funcionar em sinergia. Para nós, era importante que o gosto do café pudesse ser sentido mesmo depois de horas em que os biscoitos encharcados estivessem em contato com o creme, sem no entanto se sobrepor aos demais sabores.

Aprendemos muito experimentando diferentes blends com a Flor da Selva, fundada por uma família de torrefatores de café desde 1950. A conselho deles, moemos os grãos um pouco antes de preparar o café para cada tiramisù e isso ajuda a manter as propriedades aromáticas intactas – e perfuma a nossa cozinha!

O nosso cacau é da Serra Leoa, é orgânico e é fairtrade. O nosso fornecedor é a Iswari, uma empresa que cresceu mais do que as suas origens artesanais e produção familiar, mas sempre portuguesa de alma e fiel à sua missão de trabalhar com fornecedores sustentáveis que respeitem a natureza, as pessoas e o ecossistema.

Muita pesquisa e experiências foram também feitas para a escolha do mascarpone, um ingrediente chave. A minha mãe até fez sessões de vídeo com um “casaro” (queijeiro) do sul da Itália para aprender a fazer seu próprio mascarpone e conversámos com alguns fabricantes de queijo locais para ver se podíamos produzir o nosso próprio – entendemos que nesta fase não era o passo certo em termos do negócio e investimento, mas é algo a que podemos voltar a pensar no futuro. Por enquanto, encontrámos o fornecedor perfeito, em linha com a nossa filosofia e que nos dá o melhor sabor.

Mas não vamos revelar este :)

 

entrevista

 

5)   E qual é que tem sido o feedback dos vossos clientes?

 

Antonella e a Susanna: O feedback e entusiasmo pelos nossos produtos tem sido incrível, superando as nossas expectativas e dando-nos alegria e motivação todos os dias.

 

6)   Como é que fazemos então uma encomenda e em que locais é que também poderemos encontrar o vosso produto pronto a comer?

 

Antonella e a Susanna: As encomendas são feitas por WhatsApp no 936 819 028 ou por Instagram – até às 10h para entrega no mesmo dia a partir das 15h e até às 20h para entrega no dia seguinte a partir das 11h. Fazemos entregas em Lisboa de segunda a sábado, mas gostaríamos de introduzir entregas semanais também fora de Lisboa e em geral sempre fazemos o nosso melhor para acomodar todos os pedidos (noutro horário / lugar).

O nosso tiramisù mono-porção está disponível em lojas, mercearias, cafés, como Comida Independente, Consi.Go e Kitchenette Pop Up Cafe, e em restaurantes e pizarias, como Pizzeria Maria, Pizzeria Rush, O Quintal, Nonna Goes Grazy, Tem Graça, Mãe…e há sempre mais parcerias a formar-se e que esperamos que sejam finalizadas em breve. Siga-nos

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revista p´rá mesa

7)   Será que podiam contar, aos leitores da Revista P´rá Mesa, qual é a vossa receita de

«tiramisu», ou preferem antes manter todos os vossos «truques» em segredo?

Antonella e a Susanna: O procedimento para fazer o tiramisù em si é relativamente simples, mas como qualquer simples, tudo está nos detalhes e na escolha dos ingredientes. As três coisas que podem alterar significativamente o sabor do tiramisù são a consistência dos biscoitos, como os ovos são batidos, a quantidade de café, creme e cacau em cada camada.

Os nossos biscoitos são inspirados por os “Pavesini”, uma espécie de biscoito inventado por volta dos anos 1940 e que se tornou muito bem-sucedido, sendo na nossa família, como em tantas outras italianas, os biscoitos sempre escolhidos para fazer tiramisù. Embebem a quantidade certa de café, mantendo a sua estrutura quando cobertos com creme: a perfeição é uma linha ténue entre textura e suavidade.

A diferença entre um tiramisù menos bom e um bom muitas vezes está na qualidade do creme (lembre-se, nunca deve ser feito com natas!). E a diferença entre um bom tiramisù e um excelente, muitas vezes está na quantidade de creme: no nosso vai mesmo sentir o creme de mascarpone caseiro.

Portanto, o que torna o nosso tiramisù tão delicioso é a receita tradicional italiana, o amor e a atenção aos detalhes da mãe Antonella, os nossos biscoitos caseiros e os ingredientes de alta qualidade dos nossos produtores locais selecionados.

8) Quais as vossas ambições para o futuro e se gostariam de adquirir um espaço próprio?

Antonella e a Susanna: O nosso desejo é que o nosso tiramisu esteja facilmente disponível para todos onde quer que estejam. Portanto, a nossa ambição é chegar a cada vez mais pessoas – através de 3 canais principais: encomenda direta de clientes particulares, parcerias e catering para eventos privados e públicos. Adoraríamos ir além de Lisboa também. A ideia da loja é uma possibilidade, não é um plano iminente. No entanto, estamos sempre abertos a oportunidades de crescimento!

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9)   Será que gostariam de voltar a Itália num futuro próximo?

 

Antonella e a Susanna: Somos apaixonados pela Itália, está sempre no nosso coração e sempre que podemos damos lá um salto. Mas, viemos para Lisboa com a ideia de ficar, é aqui que vemos a nossa casa para o futuro próximo.

 

10) Alguma tradição ou costume de Itália que gostassem de salientar?

 

Antonella e a Susanna: A Itália é um país com muita diversidade, cheio de tradições locais que mudam de cidade em cidade, em poucos quilómetros. É difícil escolher apenas um, talvez este pareça bastante peculiar: as crianças colecionam latas de conserva durante o inverno, para depois, unidas e presas com uma corda, correr e arrastando-as pela cidade fazendo barulho (muito barulho!) no dia 31 de janeiro! Tudo isto para “acordar” a primavera! E, claro, no final, todos se encontram para uma refeição. Chama-se, no dialeto local, "tira li toli" – puxa as latas.

 

11) Para finalizar: o que é que apreciam mais na gastronomia portuguesa?

 

Antonella e a Susanna: Adoramos sua riqueza e diversidade – gostamos muito de experimentar coisas novas a toda a hora, e ir adicionando mais à nossa lista de favoritos!

Já deu para perceber que adoramos bolos, pastéis de nata e doces – ficámos tão felizes por descobrir uma tradição tão rica em Portugal. Lisboa tem uma pastelaria a cada esquina. Che meraviglia!

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  Mónica Rebelofundadora da Revista P´rá Mesa.

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