O Natal é sinónimo de família reunida, de tradições que se perpetuam, de casas iluminadas, de missas festivas (para quem é religioso) e de muitas iguarias feitas com paciência e muito cuidado.
O meu Natal sempre foi assim… Um
Natal gordinho e farto, e sobretudo com uma miscelânea de tradições. Nasci em
França, sou filha de portugueses da Beira Alta e o meu Natal foi praticamente
sempre passado numa aldeia da raia beirã, logo, coladita a Espanha. Por isso
digo, que eu sempre tive um Natal franco-ibérico (oui, sim, sí!).
Nada temam, os mais puristas!
Porque apesar da salgalhada, o prato-rei sempre foi o bacalhau (nas suas
diversas variantes) e com direito a roupa velha no dia seguinte, para os
familiares que levam isto tudo muito a sério!
Se eu for analisar a percentagem
de ocupação que Portugal tem no meu Natal, as cinco quinas ganham, de longe,
aos nossos vizinhos e aos francesinhos. Mais coisa, menos coisa, 70%, 15% e
15%, respetivamente.
De Portugal, para além do referido
bacalhau, há também o cabrito assado no forno no dia 25. As sobremesas passam
pelas farófias com aquele creme de leite e ovo (nhami!), o pudim de ovos, as
filhoses e, aquele que está em todas as festas, o arroz doce (este sem ovo, ao
natural e com muita canela por cima). O Bolo Rei vem ocupar aquele espacinho
vazio e acamar toda esta bomba explosiva de frituras e açúcar. Ah! Já me
esquecia das rabanadas ou fatias douradas que se vão despachando ao
pequeno-almoço ou lanche, nos dias que se seguem. A machadada final no
colesterol!
De Espanha, entra o turrón
nas suas mais variadas versões: duro de Alicante (o mais tradicional), o de
trufa, o de coco e o blando de Gijón (mole e cremoso). Este doce deve
ser o mais calórico de “nuestros hermanos” que já entrou em casa. Há ainda os polvorones
e mantecados. Não são típicos do Natal, mas são muito consumidos
nesta época São biscoitos largos à base de farinha, banha, amêndoa moída e
açúcar. E lá para a madrugada, depois da Missa do Galo, há sempre um espaço
para o Roscón de Reyes – o Bolo Rei espanhol. Um bolo leve com frutas
cristalizadas por cima e recheado com chantilly, creme de pasteleiro ou
chocolate. E por falar em chocolate, não pode faltar o chocolate quente, bem
escurinho, para aquecer-nos já de madrugada.
De França, as iguarias passam
muito pelas entradas – salmão fumado, ovas de peixe (peixe-lapa que não há cá
dinheiro para o esturjão!), patés e foie gras. E depois saltamos “para
as saídas”, com o tronco de Natal de chocolate ou outros sabores, o famoso pain
d’épices, um bolo de mel, canela, gengibre, cravinho e laranja, e a famosa Gallette
des Rois. Este bolo de massa folhada tradicionalmente com recheio de creme
de amêndoas, existe também na versão com compota de maçã e vem com uma coroa de
papel dourado.
Obviamente que muitas destas
comidas se vão degustando ao longo dos dias que se seguem ao Natal, pois nenhum
estômago conseguiria suportar isto tudo em dois dias consecutivos.
O Natal é sinónimo de alegria e
acho que todos concordamos que à mesa, com um bom manjar, somos felizes. Por
isso, toca a ir P´rá Mesa, com as coisas que mais gostam!
Sendo este texto o último de
2022, quero desejar a todos umas Boas Festas. Que o calor das lareiras invada
os vossos corações, que os afetos de todos os que vos querem bem sejam uma
bomba de energia para 2023 e que distribuam muitos abraços, sobretudo aos que
estiveram mais longe de vocês nos últimos dois anos.
Espero que tenham paciência para
continuarem a ler as minhas opiniões e curiosidades em 2023. Fiquem bem!
(texto da autoria de Sandrina Martins)
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