Talento na área da exportação de frutos na Europa!
Aos muitos pasteleiros, grandes ou pequenas superfícies por este país fora e pela Europa, façam uma experiência com esta empresa. Uma empresa de gente trabalhadora com uma noção exata de como bem servir.
Das coisas que mais me alegra é saber que quem passou pela minha vida esteja bem profissionalmente, pessoas que tenham percorrido um caminho com honestidade e perseverança. Caminhos feitos com força, muito empenho e muita garra. Valorizar quem tem valor como tem sido apanágio dos meus artigos, gente que não esmorece numa qualquer contrariedade.Já lá vão alguns anos do meu primeiro encontro com o Valter Zeferino, hoje com 34 anos. Este foi fazer um estágio no Hotel Convento d`Alter em Alter do Chão onde, na altura, eu era diretora de hotel. Com tenra idade foi para Alter do Chão, a cerca de 200 km de casa, com outro colega, fazer um estágio de cozinha, então estavam, um no primeiro e outro no segundo ano do Curso de Cozinha e Pastelaria na Escola de Hotelaria e Turismo de Santarém que durou três anos.
Se foi um grande desafio para os dois jovens efetuarem um estágio num local onde era diretora, dado a minha conhecida exigência (para alguns ser má), foi um grande desafio para mim tentar que os mesmos se dedicassem à profissão e aquisição de conhecimentos efetivamente.Ao contrário do que se pensa, tentar incutir, a dois jovens de 15 e 17 anos, paixão pela atividade, não é nada fácil. Contudo, como nunca fui uma pessoa de utilizar indevidamente a mão-de-obra dos estagiários, fazia-lhes ver que a classificação final do estágio seria a adequada à prestação dos mesmos e que não havia “panos quentes” nem outras formas de obterem bons resultados. Isto sempre foi uma ajuda a obter bons resultados para ambas as partes.
O Valter Zeferino e o colega depressa começaram a demonstrar interesse e capacidades únicas. Depois de uma proposta que lhes fiz, por causa de um concurso lançado pela Câmara Municipal de Alter do Chão, dedicaram-se “de corpo e alma” à confeção de uma sobremesa com açafrão. Depois de definirmos os ingredientes a utilizar, elaboraram uma Mousse de Castanha com Açafrão excecional, pelo que ganharam um prémio e reconhecimento no concurso.
Esse desafio abriu-lhes a porta para o querer saber fazer mais, a partir daí não tive que me preocupar com estes dois estagiários, por iniciativa própria procuravam novos desafios e era absolutamente normal presentearem a equipa com novos pratos. Ao mesmo tempo, sabendo que não era das minhas competências, ao terem conhecimento que eu confecionava alguns pratos, tudo fizeram para que lhes ensinasse a preparar e confecionar as tradicionais Bochechas de Porco Preto com Espargos Verdes e Açafrão e uma das poucas sobremesas que sei fazer – Quente & Frio com sabor original, nada de gelado de nata com chocolate quente por cima. Dado o interesse demonstrado e, naturalmente, porque é nossa obrigação transmitir todos os conhecimentos aos mais jovens, assim fiz.
Os anos foram passando e a par com o crescimento do Valter Zeferino também a minha vida foi sofrendo alterações, umas mais significativas do que outras, sempre em zonas diferentes, chegando a Óbidos a uma dada altura. Foi aqui que fui contatada pelo já formado e com várias experiências profissionais Valter Zeferino a pedir para trabalhar comigo.
E, claro, dei-lhe a oportunidade de demonstrar as suas capacidades, convicta que seria uma mais-valia, que era um talento. E, sempre foi e é um talento. Um talento com conhecimentos e capacidades únicas, com uma maneira de ser única, com uma postura única e muito diferente das demais, mas que cumpria e nunca deixava a empresa ou os colegas mal. Um profissional na verdadeira aceção da palavra. Porque ser profissional não é unicamente saber exercer a profissão, é essencial ser uma pessoa humana e com o entendimento de que precisamos todos uns dos outros.
Pese tudo isto, a bem da verdade, existiram muitas divergências durante todo o tempo que o Valter Zeferino prestou serviço, todavia há um facto muito importante que não pode deixar de ser mencionado: foi quem nos salvou muitas vezes de nos “afogarmos”, esta particularidade é das mais importantes num talento.
E o que se tem que fazer com os verdadeiros talentos? Reconhecer o seu trabalho, apoiar e proteger, o que nem sempre é fácil.
Nesta fotografia vemos alguns pratos tradicionais que o Valter Zeferino se prontificou a dispor no buffet para o programa Boa Cama Boa Mesa no Pateo Real em Alter do Chão.
Quais as circunstâncias que o motivaram a mudar de hotel em Óbidos?
- Por muito que fizesse e me esforçasse, nunca houve nenhum tipo de reconhecimento exceto da diretora. Naquele caso, a administração metia-se em tudo e só davam valor a quem não o tinha. Deram-me algum valor depois de eu sair, foram-me buscar outra vez com a promessa de um aumento salarial, garantiram que me iam pagar mais do que onde estava. Eu gostava do hotel e dos meus colegas, voltei. Foi só um mês, foi com o que estas pessoas me fizeram que eu comecei a abominar a hotelaria, pensei mudar de vida. O aumento que me fizeram foi de um cêntimo, sim um cêntimo. Despedi-me, preferi ficar sem trabalho do que estar a trabalhar para pessoas que não merecem nada de ninguém e eu ajudei-os muito mais do que eles ajudaram qualquer um dos funcionários. Mas isto foi muito bom, ajudaram-me a sair da minha zona de conforto e comecei a trilhar novos caminhos.
O que o levou à comercialização de frutas e legumes?
- Na profissão que escolhi, era de suma importância a qualidade de todos os legumes, frutas, carnes, peixes, etc. Por isso, pensei comigo mesmo, deixo de ser cozinheiro, mas vou contribuir de alguma forma para a melhoria da prestação de serviço de hotéis e restaurantes, basta para isso começar a vender-lhes produtos de qualidade, aqueles que eu exigi sempre ter para confecionar todos os pratos… e foi assim que começou. Claro que sempre tive noção que tinha de lutar pelo meu lugar no mercado, que é muito competitivo, os preços eram fundamentais.
E como vai parar ao Algarve?
- Fui parar ao Algarve a convite de um familiar que estava ligado à importação e exportação de frutas. Estive lá quase dois anos, durante esse período tirei o curso Global G.A.P - Good Agriculture Praticices, curso de Implementação de Sistemas de Gestão de Qualidade ISO 9001 e Fresh Produce Postharvest Quality Management - University of Reading; ao mesmo tempo fui aperfeiçoando os meus conhecimentos de inglês, francês e espanhol. Com o tempo comecei a visitar os produtores em Espanha, Marrocos e dentro do país. Tive a oportunidade de viajar várias vezes para Espanha e Marrocos.
E fui fazendo o que a hotelaria nos ensina, dediquei-me de corpo e alma aos clientes e ao bem servir.
Porque é que decidiu regressar à zona centro?
- Mais uma vez senti que o meu esforço não era reconhecido, mesmo com um cargo alto dentro da empresa, o reconhecimento não existia, existia unicamente cada vez mais exigência. Nunca fui um trabalhador que olhasse a horários ou deixasse o trabalho pela metade. Sou muito exigente comigo mesmo, trato todas as empresas como se fossem minhas, logo quero sempre o melhor para todas elas.
Quando regressou, quais as dificuldades com que se deparou?
- Devido ao cargo que exerci no Algarve, tinha uma cláusula no contrato que me impedia de trabalhar na mesma área durante dois anos após a minha saída da empresa, quer fosse por iniciativa própria, quer fosse por iniciativa da entidade patronal. Por isso, tive que pensar numa alternativa e acabei na empresa novadis, distribuidora da sagres, como suporte de armazém. Para mim, foi uma grande ajuda, pois comecei a ganhar mais conhecimentos que se viriam a revelar imprescindíveis para o meu trabalho, como por exemplo, gestão de stocks e logística.
E depois desta empresa, começou a própria empresa?
- Basicamente, sim. Recomecei a traçar o meu plano que estava a ser elaborado praticamente há dois anos, pese ter aparecido a pandemia que me veio alterar um pouco o mapa traçado. Tive que me adaptar e ir com mais calma do que imaginara.
E como chegou até esta empresa e começou a trabalhar como consultor?
- Antes de chegar a esta empresa, fazia cabazes de frutas e legumes conforme as encomendas que recebia e era eu mesmo que as entregava aos clientes. Entretanto, recebi um convite de um antigo produtor que conhecia há anos para o ajudar nas vendas e na divulgação da própria empresa a nível europeu. Depois de ponderar, visto que tinha que voltar a sair daquela que eu chamo a minha área de conforto, aceitei a proposta. E, por isso mesmo, aqui me encontro nas beiras.
E deixou o trabalho de consultor que já fazia pontualmente?
- Não, longe disso. Eu estou a trabalhar precisamente como consultor desta empresa com algumas regalias especiais. Com o dono da empresa, somos presença em algumas feiras, aconselhamento a produtores e temos uma prática essencial: a visita constante aos nossos clientes. Talvez por isso o “incoming” deste último ano foi muito mais satisfatório do que tínhamos previsto.
Quais são os produtos que mais exportam?
- Framboesa e Mirtilo.
E vão exportar outras frutas ou legumes?
- Estamos a explorar essa situação, temos de ver caso a caso e, claro, depende da época dos pedidos. Nunca recusamos nenhum serviço exceto se, de facto, virmos que o produtor poderá ficar defraudado.
Depois destas experiências pensa que foi a melhor opção ter deixado a cozinha?
- Sim, sem dúvida. Se voltasse atrás, acredito que tomaria as mesmas decisões. Sinto-me bastante contente, embora não se deva dizer, mas é uma verdade, sinto-me muito orgulhoso ter chegado até aqui. E vou continuar a tentar chegar sempre um bocado mais além.
O que espera de 2023?
- Quanto mais não seja, apesar da situação atual que todos sabemos não ser a melhor, quero pelo menos atingir um nível de faturação igual ao último ano. Estou embrenhado nos contatos pela Europa e na melhoria da nossa formação aos produtores para um serviço de excelência aos nossos clientes.
A hotelaria deixa fugir talentos, depois queixam-se da falta de mão-de-obra. “A talho de foice” e para terminar este artigo, conto um episódio para que possam refletir na fibra de alguns funcionários:
Um dia, com um batizado a pouco mais de cinco horas para 30 pessoas, verificamos que a única pessoa presente na cozinha era o Valter Zeferino, os restantes, incluindo o “Chef”, faltaram com as mais variadas desculpas. Este senhor, completamente sozinho, preparou todo o serviço e negou quaisquer ajudas, mesmo minhas. Um serviço de excelência tanto na confeção como na apresentação dos buffets, sopa, prato de peixe, prato de carne (estes últimos três devidamente empratados e ricamente decorados). Mais tenho que reconhecer que, na falta de empregados de mesa, este funcionário não só fazia o que lhe competia na cozinha como servia os clientes no restaurante.
O profissionalismo deve sobrepor-se sempre a quaisquer outros fatores, quem prima com profissionalismo deve ser sempre reconhecido.
Berrycare,Ldª.
Estrada Municipal 329
Quinta do Calvário
3530-012 Vila Mendo de Tavares – Abrunhosa-a-Velha
Contatos:
+351924074286
E-mail: comercial@berrycare.pt
(texto da autoria de Maria Delfina Gama)
Muitos parabéns primo tenho muito orgulho em ti 🥰
ResponderEliminarMuito obrigada pelo seu comentário, que eu já fiz questão de transmitir ao próprio Valter Zeferino, que se quiser ficar a par de mais textos de autoria de Maria Delfina Gama, por favor subscreva a Revista P´rá Mesa em http://eepurl.com/hPd-Jj ,
Eliminarcom os melhores cumprimentos,
Mónica Rebelo,
funadora da Revista P´rá Mesa em www.pramesa.pt e detentora do Blog Cozinha Com Rosto em www.cozinhacomrosto.pt
muito bem Valter Zeferino, o reconhecimento da diretora vale mais que mil palavras.
ResponderEliminarMuito obrigada pelo seu comentário, que eu já fiz questão de transmitir ao próprio Valter Zeferino, que se quiser ficar a par de mais textos de autoria de Maria Delfina Gama, por favor subscreva a Revista P´rá Mesa em http://eepurl.com/hPd-Jj ,
Eliminarcom os melhores cumprimentos,
Mónica Rebelo,
funadora da Revista P´rá Mesa em www.pramesa.pt e detentora do Blog Cozinha Com Rosto em www.cozinhacomrosto.pt