Ajudem os Nossos Artistas e Empresas Locais
Numa conversa informal, alguém me disse que nunca comprava
nada em nenhum hotel ou restaurante, porque não lhe parecia bem os preços que
eram cobrados. Fiquei surpresa com esta postura, visto que já tive muitos
produtos à venda em vários hotéis e os preços eram os atribuídos pelos próprios
artistas ou pelas próprias empresas. Nos expositores temos verdadeiras obras de
arte de artistas nacionais, mas também, muitas vezes, produtos diferenciados, como doçaria regional, vinhos, licores, artesanato diverso.
Aconselho os hóspedes a comprarem
artigos em exposição nesses estabelecimentos, não só pela qualidade, mas também
para ajudar tantos os artistas como as empresas, estas últimas são
habitualmente locais embora possamos encontrar artesanato nacional em vários
pontos do país.
Salvo rara exceção, os artigos que
encontramos são deixados à consignação.
Os nossos artistas merecem ser ajudados, visto que não é fácil
ser artista em Portugal. Ao disponibilizarmos um espaço para expor as suas
artes com peças à consignação além de estarmos a ajudar, estamos a
usufruir da beleza de trabalhos raros e damos a conhecer aos milhares de
hóspedes obras de arte que não têm possibilidade de encontrar no dia-a-dia, excetuando aquando de alguma exposição.
É certo que na venda dos artigos à consignação existe, muitas vezes, uma pequena comissão, contudo esta verba, em muitos casos, não
reverte a favor do hotel ou restaurante, mas sim para quem a vende, funcionando como um pequeno bónus.
Os artigos expostos são por si só uma mais-valia para os
espaços, servem de decoração da própria infraestrutura e são um veículo de
publicidade em todo o país, uma vez que os artistas ou empresas de produtos
diversos, nas redes sociais, passam a informação dos locais onde podemos
encontrar os mesmos.
Além de esclarecer algumas pessoas sobre os produtos das
nossas vitrines, quadros e outras obras de arte, decidi aproveitar este artigo
exatamente para pedir a opinião de alguns artistas, começo pela Rosarinho João.
Conheci a artista plástica Rosarinho João precisamente por
causa da exposição de vários trabalhos da mesma num hotel. Alguns anos depois
tive a felicidade de ser escolhida para a organização de uma exposição desta
artista num outro hotel que não podia ter corrido melhor.
Quando e porquê decidiu deixar as
suas sedas à consignação nos hotéis?
Eu comecei a fazer isso por sugestão de uma amiga. É muito
difícil vender peças como as minhas, especialmente quando não temos um espaço
físico para o efeito. No início, a minha ideia era vender as peças ao hotel e
depois o hotel vender aos clientes. Isso não é fácil, deixar as peças à
consignação foi sempre a proposta tanto dos hotéis, como de outros espaços,
mesmo lojas.
Os preços que eu vi nas minhas peças em todos os locais são
os indicados por mim. Destes há sempre um pequeno valor para o estabelecimento,
não sei se para quem vende ou para o próprio espaço. Digo pequeno valor porque o
meu trabalho não é propriamente barato e os materiais têm custos consideráveis.
Se tivesse de acrescentar uma comissão mais alta, as peças ficariam com um preço
bastante mais elevado do que eu penso ser justo para quem os quer comprar.
Da exposição da sua arte em hotéis,
restaurantes, lojas e outros espaços tem um rendimento fixo?
Ora, nada disso. Posso dizer que já tive em alguns locais as
minhas peças mais de um ano e não vendi nenhuma. Noutros vendi uma ou duas
peças, é muito difícil. De vez em quando vou levantar algumas peças para
colocar noutros locais, sempre com a esperança de que desta vez é que acertei.
E, como sabe, tenho peças muito diversificadas.
Tem sido um caminho penoso, além das sedas e dos meus
quadros, tenho um trabalho a tempo inteiro porque, como toda a gente, preciso
de um ordenado para as minhas despesas. A minha esperança sempre foi poder
viver apenas da minha arte, ainda não consegui, mas acredito que um dia isso
vai acontecer. É preciso tempo para criar o que com o meu emprego não é fácil,
mesmo com tempo livre temos os nossos momentos, não basta querer pintar, temos
que estar com a disposição adequada para o fazer. Já me aconteceu estar a
trabalhar e ter uma enorme vontade de pintar, chegar a casa para o fazer e
sentir que esse desejo se esvoaçou na viagem.
Os resultados não têm sido positivos?
Eu considero que ainda estou no início da minha carreira,
tudo o que tenho feito tem sido benéfico, tenho vindo a construir um caminho,
está a construir-se lentamente. Os resultados têm sido muito bons em alguns
casos, mas agradeço-lhe do coração, sem quaisquer dúvidas, a minha melhor
exposição individual foi a que a Maria Delfina organizou. Desde o espaço, à
decoração, divulgação, patrocinadores das comidas, das bebidas, dos cartões de
visita…tudo, tudo… foi a única exposição em que vendi todos os quadros, todas
as sedas, foi excecional. Espero que proximamente me organize outra. Sabe que
com os preços que cobro o que ganho é quase tudo para investir em material, em
tintas e, depois, há as despesas das viagens…enfim…muito mais do que as pessoas
pensam.
Com as poucas vendas nos hotéis
considera colocar as peças noutros?
Sim, sim. Um dia pode acontecer vender mais e é uma maneira
de divulgar o meu trabalho.
Tem sempre peças suficientes para um
evento ou uma exposição?
Claro que se se proporcionasse ia buscar algumas a espaços
onde estão à consignação. Eu estive algum tempo parada, temporariamente não
tive um espaço para pintar. Só agora é que vou recomeçar, estou muito animada, porque,
entretanto, o Presidente da Junta de Freguesia de Carmões Sr. Nuno
Pinto disponibilizou-me um espaço extraordinário. O atelier está a
ficar prontíssimo para eu pintar. É lindo, lindo, um recinto dos lavadouros
antigos. Já estou a pensar na minha próxima exposição que vai ser mesmo aí,
estou só a definir a data, é uma maneira de trazer pessoas a São Domingos de
Carmões que é muito bonito e está
perto de Lisboa e muito acessível de e para todas as localidades.
Espaço de Arte de Seda
Rosarinho João
Dêem-me “feedback”
(texto da autoria de Maria Delfina Gama)
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