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quinta-feira, 9 de março de 2023

Obras de Artistas Portugueses e outros produtos à venda nos Hotéis e Restaurantes


Ajudem os Nossos Artistas e Empresas Locais


Numa conversa informal, alguém me disse que nunca comprava nada em nenhum hotel ou restaurante, porque não lhe parecia bem os preços que eram cobrados. Fiquei surpresa com esta postura, visto que já tive muitos produtos à venda em vários hotéis e os preços eram os atribuídos pelos próprios artistas ou pelas próprias empresas. Nos expositores temos verdadeiras obras de arte de artistas nacionais, mas também, muitas vezes, produtos diferenciados, como doçaria regional, vinhos, licores, artesanato diverso.

Aconselho os hóspedes a comprarem artigos em exposição nesses estabelecimentos, não só pela qualidade, mas também para ajudar tantos os artistas como as empresas, estas últimas são habitualmente locais embora possamos encontrar artesanato nacional em vários pontos do país.

Salvo rara exceção, os artigos que encontramos são deixados à consignação.

Os nossos artistas merecem ser ajudados, visto que não é fácil ser artista em Portugal. Ao disponibilizarmos um espaço para expor as suas artes com peças à consignação além de estarmos a ajudar, estamos a usufruir da beleza de trabalhos raros e damos a conhecer aos milhares de hóspedes obras de arte que não têm possibilidade de encontrar no dia-a-dia, excetuando aquando de alguma exposição.

É certo que na venda dos artigos à consignação existe, muitas vezes, uma pequena comissão, contudo esta verba, em muitos casos, não reverte a favor do hotel ou restaurante, mas sim para quem a vende, funcionando como um pequeno bónus.

Os artigos expostos são por si só uma mais-valia para os espaços, servem de decoração da própria infraestrutura e são um veículo de publicidade em todo o país, uma vez que os artistas ou empresas de produtos diversos, nas redes sociais, passam a informação dos locais onde podemos encontrar os mesmos.

Além de esclarecer algumas pessoas sobre os produtos das nossas vitrines, quadros e outras obras de arte, decidi aproveitar este artigo exatamente para pedir a opinião de alguns artistas, começo pela Rosarinho João.

Conheci a artista plástica Rosarinho João precisamente por causa da exposição de vários trabalhos da mesma num hotel. Alguns anos depois tive a felicidade de ser escolhida para a organização de uma exposição desta artista num outro hotel que não podia ter corrido melhor.

Quando e porquê decidiu deixar as suas sedas à consignação nos hotéis?

Eu comecei a fazer isso por sugestão de uma amiga. É muito difícil vender peças como as minhas, especialmente quando não temos um espaço físico para o efeito. No início, a minha ideia era vender as peças ao hotel e depois o hotel vender aos clientes. Isso não é fácil, deixar as peças à consignação foi sempre a proposta tanto dos hotéis, como de outros espaços, mesmo lojas.

Os preços das peças em exposição são os indicados pela Senhora ou são superiores para o estabelecimento ganhar uma comissão?

Os preços que eu vi nas minhas peças em todos os locais são os indicados por mim. Destes há sempre um pequeno valor para o estabelecimento, não sei se para quem vende ou para o próprio espaço. Digo pequeno valor porque o meu trabalho não é propriamente barato e os materiais têm custos consideráveis. Se tivesse de acrescentar uma comissão mais alta, as peças ficariam com um preço bastante mais elevado do que eu penso ser justo para quem os quer comprar.

Da exposição da sua arte em hotéis, restaurantes, lojas e outros espaços tem um rendimento fixo?

Ora, nada disso. Posso dizer que já tive em alguns locais as minhas peças mais de um ano e não vendi nenhuma. Noutros vendi uma ou duas peças, é muito difícil. De vez em quando vou levantar algumas peças para colocar noutros locais, sempre com a esperança de que desta vez é que acertei. E, como sabe, tenho peças muito diversificadas.

Sei que já esteve a apresentar as suas sedas em alguns canais de televisão, fez algumas exposições individuais e algumas exposições em conjunto com outros artistas, o que melhor resultou até ao momento?

Tem sido um caminho penoso, além das sedas e dos meus quadros, tenho um trabalho a tempo inteiro porque, como toda a gente, preciso de um ordenado para as minhas despesas. A minha esperança sempre foi poder viver apenas da minha arte, ainda não consegui, mas acredito que um dia isso vai acontecer. É preciso tempo para criar o que com o meu emprego não é fácil, mesmo com tempo livre temos os nossos momentos, não basta querer pintar, temos que estar com a disposição adequada para o fazer. Já me aconteceu estar a trabalhar e ter uma enorme vontade de pintar, chegar a casa para o fazer e sentir que esse desejo se esvoaçou na viagem.

Os resultados não têm sido positivos?

Eu considero que ainda estou no início da minha carreira, tudo o que tenho feito tem sido benéfico, tenho vindo a construir um caminho, está a construir-se lentamente. Os resultados têm sido muito bons em alguns casos, mas agradeço-lhe do coração, sem quaisquer dúvidas, a minha melhor exposição individual foi a que a Maria Delfina organizou. Desde o espaço, à decoração, divulgação, patrocinadores das comidas, das bebidas, dos cartões de visita…tudo, tudo… foi a única exposição em que vendi todos os quadros, todas as sedas, foi excecional. Espero que proximamente me organize outra. Sabe que com os preços que cobro o que ganho é quase tudo para investir em material, em tintas e, depois, há as despesas das viagens…enfim…muito mais do que as pessoas pensam.

Com as poucas vendas nos hotéis considera colocar as peças noutros?

Sim, sim. Um dia pode acontecer vender mais e é uma maneira de divulgar o meu trabalho.

Tem sempre peças suficientes para um evento ou uma exposição?

Claro que se se proporcionasse ia buscar algumas a espaços onde estão à consignação. Eu estive algum tempo parada, temporariamente não tive um espaço para pintar. Só agora é que vou recomeçar, estou muito animada, porque, entretanto, o Presidente da Junta de Freguesia de Carmões Sr. Nuno Pinto disponibilizou-me um espaço extraordinário. O atelier está a ficar prontíssimo para eu pintar. É lindo, lindo, um recinto dos lavadouros antigos. Já estou a pensar na minha próxima exposição que vai ser mesmo aí, estou só a definir a data, é uma maneira de trazer pessoas a São Domingos de Carmões  que é muito bonito e está perto de Lisboa e muito acessível de e para todas as localidades.

Espaço de Arte de Seda

Rosarinho João

LAVADORES DE SÃO DOMINGOS DE CARMÕES, 2590

+351912756143

Email: mrosariobaiao@hotmail.com

 

 

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                                      (texto da autoria de Maria Delfina Gama)

 

 


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