segunda-feira, 31 de julho de 2023

A Casa Santos Lima em Entrevista à Revista P´rá Mesa!


"A Casa Santos Lima é uma empresa familiar que se dedica à produção, engarrafamento e comercialização de vinhos portugueses. Trabalha nas regiões de Lisboa, Algarve, Alentejo, Douro e Vinhos Verdes." 


E para finalizar o assunto tratado nos textos Parabéns, Odivelas!Comemorações do 24.º Aniversário do Município de Odivelas!, ..., vou, portanto, tratar de lhe apresentar, meu caro leitor, qual é, afinal, o «maior produtor de “Vinho Regional Lisboa” e “DOC Alenquer”» e que «nos últimos anos tem sido um dos mais premiados produtores portugueses nas principais competições nacionais e internacionais de vinhos» (fonte: Casa Santos Lima - Quem somos).

Agradeço, por isso, a total disponibilidade e colaboração prestada por parte da empresa Casa Santos Lima, em responder a algumas questões a ver com a sua história, produção e comercialização de vinhos conhecidos pela excelente relação qualidade/preço, tanto dentro como fora de Portugal, vamos lá?

1.   Para começar, quais são as origens da Casa Santos Lima e qual o seu papel na cultura do vinho em Portugal?

Casa Santos Lima: A Casa Santos Lima foi constituída para dar seguimento à atividade desenvolvida pela família Santos Lima há várias gerações. O princípio teve lugar nos finais do século XIX por Joaquim Santos Lima, bisavô do atual administrador, José Luís Oliveira da Silva, que já era um grande produtor e exportador de vinhos. No início dos anos 1990, a empresa foi relançada e procedeu-se à replantação de grande parte das vinhas, melhorado o encepamento das mesmas, bem como à modernização de toda a estrutura produtiva. Em 1996 iniciámos a comercialização dos primeiros vinhos engarrafados com as marcas Quinta da Espiga, Palha-Canas e Quinta de Setencostas seguidos de uma grande coleção de vinhos varietais, que tiveram de imediato um enorme sucesso nos mercados nacional e internacional. As principais instalações da empresa (escritórios, loja e as adegas de maiores dimensões) estão situadas na Quinta da Boavista em Alenquer, que pertence à família Santos Lima há 5 gerações.

O trabalho desenvolvido por cada geração tem sido herdado e cuidado apaixonadamente pelos que lhes sucedem, tratando-se de um legado unificador da família. A passagem de pai para filho tem sido pautada por um crescimento substancial na área de plantio, ultrapassando as fronteiras da Quinta da Boavista e também as da região de Lisboa. A estratégia adotada pela família permitiu a reabilitação de castas esquecidas em várias regiões assim como a introdução de novas variedades internacionais. A Casa Santos Lima tem um papel pioneiro fundamental nesse aspecto.

2.     Aqui  está escrito que “atualmente, cerca de 90% da produção total é exportada para mais de 50 países nos 5 continentes”, por isso qual a razão para tanto sucesso, nomeadamente fora de Portugal?

Casa Santos Lima: A nossa cultura e estratégia empresarial assentam na produção de vinhos com muita qualidade a um preço acessível para o consumidor final. É também parte integrante da filosofia da empresa, a estratégia multimarca, assente na produção de diferentes lotes de vinhos, resultantes das mais de 50 castas plantadas e da nossa presença em 7 regiões vitivinícolas, que nos permite adaptar-nos facilmente às necessidades e preferências dos nossos clientes, nos diversos mercados onde estamos presentes. A nossa história, que se traduz em conhecimento e experiência, é também um fator distintivo muito importante. Temos um capital de conhecimento relevante sobre a vinha e o vinho, mas também sobre os mercados, dado que exportamos cerca de 90% da nossa produção para mais de 50 países nos 5 continentes. Em alguns mercados somos o maior produtor português ou até o maior importador de vinhos na globalidade. Estes fatores, entre outros, permitem diferenciar e posicionar a Casa Santos Lima nos diversos países, apresentando-se muito competitiva, nomeadamente quando comparada inclusive  com empresas dos principais países produtores de vinho.


3.   Já agora, poderia enumerar alguns dos prémios recebidos até hoje, bem como as críticas mais favoráveis ao vosso crescimento?

Casa Santos Lima: Desde a fundação da empresa, temos recebido inúmeros prémios nas principais competições nacionais e internacionais de vinhos, que nos dão boas indicações sobre o caminho que temos seguido, tais como, as mais recentes distinções enquanto “Most Awarded Company” desde 1994 pelo  ilustre Concours Mondial  de  Bruxelles,  pelo 7º  ano consecutivo  como “Best  National Producer” pelo AWC Vienna International Wine Challenge. Em âmbito Nacional, a empresa recebeu, pelo segundo ano consecutivo, o “Prémio Longevidade” pelos Prémios Expresso Economia.

4.   Atualmente, onde é que se situam as principais instalações da empresa, bem como quais é que são as zonas principais de produção?

Casa Santos Lima: A sede da empresa localiza-se na Quinta da Boavista, em Alenquer, onde para além das atividades de vindima, produção, engarrafamento e expedição de vinho desenvolvemos também as nossas atividades de Enoturismo.

Para além da região de Lisboa, num passado mais recente, a empresa cumpriu um plano de alargamento para outras regiões como os Algarve, Alentejo, Douro e Vinhos Verdes e mais recentemente Açores e Dão, com aquisições de novas propriedades e sociedades ou parcerias com produtores locais.

5.   E se aqui  está referido que “neste momento a Casa Santos Lima é responsável  pela produção de mais de 50% de todo o vinho certificado da Região de Lisboa e é um dos principais exportadores de vinho português”, quais é que têm sido, afinal, os vinhos mais vendidos e quais as suas principais características?

Casa Santos Lima: Com uma presença nos 5 continentes, um amplo portefólio de marcas e com uma distribuição heterogénea, temos diversos campos de competitividade. Os brancos e rosés preferidos dos consumidores apresentam um perfil de presença aromática, corpo leve, uma boa frescura natural e grande equilíbrio no final de boca.

Nos tintos, as principais características são uma acidez equilibrada e taninos suaves.

6.   Outro dia, lia acolá que «“Os dados que o IVV [Instituto da Vinha e do Vinho] apurou em relação à campanha 22-23 mostram que há uma quebra na produção, que se deve às alterações climáticas, mas também ainda reflete as consequências da pandemia,  da guerra, de uma crise inflacionista e das sanções aplicadas à Rússia, bem como  do aumento dos custos de produção”, afirmou a ministra da agricultura, Maria do  Céu Antunes, que falava em Lisboa, na iniciativa “Um ano de Terroir” (projeto dedicado ao setor do vinho), organizada pelo Jornal Público». Será que a Casa Santos Lima está a sentir algum tipo de quebra na sua produção e/ou volumes de venda, sem esquecer do aumento dos custos de produção, como vidro, gasóleo, eletricidade ou papel?

Casa Santos Lima: Todos os impactos nefastos humanos e sociais enumerados, em termos económicos geram um clima de instabilidade e incerteza. Vivemos um período de escassez e aumentos sucessivos do custo das matérias-primas, fruto, entre outros fatores, do aumento do custo da energia, combustíveis e gás, que se  iniciou ainda durante a pandemia, mas que se tem agravado seriamente com a situação política e financeira internacional. Este aumento tem um impacto em toda a cadeia de valor, desde o produtor ao consumidor final. A Casa Santos Lima, como tantas outras empresas, teve que se adaptar a este contexto com a flexibilidade e rapidez necessárias, esforçando-se arduamente para salvaguardar as melhores condições para os seus Clientes, continuando a assegurar a entrega dos vinhos sem qualquer quebra de fornecimento, apesar da escassez de matérias-primas que nos vem afetando.

Também somos proactivos na gestão responsável do nosso património vitícola, colocando a sustentabilidade no centro das nossas decisões. O processo é longo e ambicioso, tendo desde já ser podido passar a utilizar métodos de cultivo que cada vez mais benefícios trazem às nossas propriedades.

7.   Por outro lado, todos nós sabemos que Portugal é um país com uma área pequena, mas ao mesmo tempo grande na sua essência do vinho, pois é rico na diversidade da paisagem, já para não falar do seu património histórico e cultural valioso, donde se inclui uma deliciosa gastronomia. Neste sentido, quer fornecer algumas dicas úteis de harmonização de alguns dos vossos vinhos com mais saída?

Casa Santos Lima: É importante de frisar que apresar da nossa pequena dimensão, Portugal sempre teve uma vocação a ir muito para lá das suas fronteiras. A riqueza do património realmente tem reflexo também no campo enogastronómico. A viticultura sempre se soube adaptar à gastronomia local, pelo que o mais fácil será de referir, como exemplo, a elegância da maridagem dos nossos vinhos verdes refrescantes com pratos de frutos do mar da nossa costa. No contexto globalizado atual, os nossos vinhos têm sido sucessos comerciais, pois adaptam-se, na perfeição, a pratos de difusão mundial, tais como ceviche, peças de carne vermelha oriundas de espécies e origens remotas, ou mesmo pratos simples como pizzas elaboradas e outras especialidades italianas à base de “pasta”.

Na Casa Santos Lima temos claro que os vinhos que produzimos se dirigem a uma palete de consumidores heterogénea e por isso são vinhos de fácil consumo, guardando sempre uma identidade marcadamente portuguesa.

8.   Aquando da comemoração dos 24 anos do Município de Odivelas, no passados dia 19 de novembro de 2022, tal como é referido aqui «através do enoturismo, o Município de Odivelas, associou-se a dois parceiros prestigiados, no âmbito de um projeto vitivinícola, para transformar as vinhas da Escola Profissional Agrícola D. Dinis – Paiã, numa atração turística com forte expressão rural, inserido num ambiente predominantemente urbano e, por parte da Casa Santos Lima na produção, engarrafamento e comercialização de dois vinhos, um branco e um tinto, com a marca nacional “Madre Paula”»; logo, quer contar-nos um pouco acerca de como tem decorrido o protocolo que «visou dotar o concelho com um vinho próprio, registado como Indicação Geográfica (IG) de Lisboa e com denominação de Vinho Regional Lisboa», que, sendo eu residente no concelho de Odivelas, concordo que também tenha sido uma aposta ganha no que toca à divulgação da sua cultura e história?

Casa Santos Lima: A parceria entre a Escola Agrícola da Paiã, o Município de Odivelas e a Casa Santos Lima corresponde à vontade firme de fazer perdurar a herança e o riquíssimo património que a cultura do vinho tem em Portugal. Ao avaliarmos a rapidez com que a paisagem rural deu lugar a uma verdadeira selva urbana, ocorrida desde a Revolução Industrial, e sobretudo nos pós 25 de Abril, assistimos a gerações de portugueses que se desligaram da terra e da agricultura. Como agente económico com implementação na área, vemos com muito interesse o ressurgir de um interesse devolver esta consciência telúrica às novas gerações. A cultura vive de pessoas que partilham de visões comuns a partir de ângulos distintos e, nesse campo, esta parceria tem sido uma grande satisfação para nós.

9.   E quanto à vossa oferta de Enoturismo na Quinta da Boavista, sendo certamente uma mais-valia para a empresa familiar Casa Santos Lima, mas também para a própria zona envolvente, o que é que se pode visitar por lá?

Casa Santos Lima: A atividade de Enoturismo é muito importante para a Casa Santos Lima não apenas como unidade de negócio, mas também como forma de divulgação dos nossos vinhos. Apesar de recebermos visitantes portugueses, a maioria são estrangeiros, provenientes de países onde comercializamos vinho, que ao regressarem aos seus países, levam com eles uma experiência única da Casa Santos Lima.

Dentro das nossas ofertas de Enoturismo temos diversas atividades e ofertas, como Visitas Guiadas Privadas e Provas de Vinho, Passeios de Buggy, Passeios de Charrete, Passeios de Bicicleta elétrica, Eventos Corporativos e Piqueniques nas Vinhas.

10. Para finalizar, quais serão os próximos desafios?

Casa Santos Lima: A Casa Santos Lima continuará a desenvolver a sua posição nos mercados onde está presente, investindo também na entrada de alguns mercados emergentes. Quer ainda consolidar as operações vitivinícolas nas várias regiões, dado que em algumas estamos na primeira vindima. Temos também o objetivo tornar a Casa Santos Lima cada vez mais sustentável. A título de exemplo, concluímos agora um estudo do balanço de carbono e indicadores ambientais, onde foram identificadas um conjunto de oportunidades em que já estamos a trabalhar.





(imagens cedidas por Casa Santos Lima)
(texto escrito por Mónica Rebelofundadora da Revista P´rá Mesa) 

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