João Rodrigues do "Mundo da Nutrição" em Entrevista à Revista P´rá Mesa!

E leia a receita de "Cheesecake de framboesas, mirtilos e chocolate" de autoria do próprio que existe no final deste texto!

E é assim que começa a biografia de João Rodrigues no seu Blog do Mundo da Nutrição em www.mundodanutricao.com:

 "O meu percurso na área da nutrição é um pouco diferente do habitual…" 

Refere também que nasceu na bela cidade de Viana do Castelo, em 1980, para além de que o seu interesse pela nutrição foi mais evidente a partir do momento em que foi pai: 

"percebi que dentro da enorme responsabilidade que passei a ter, a alimentação tem um papel fundamental, pois é provavelmente o fator com mais impacto no desenvolvimento e na saúde de uma criança!"

E a seguir ao facto de decidir criar o seu blog em 2017, foi a vez de editar o seu primeiro livro "Duelos de Alimentos" em 2019.

E... "se somos o que comemos, eu escolho ser saudável", que é também dos lemas dos meus Projetos da Revista P´rá Mesa e do Blog Cozinha Com Rosto, para além de que "toda a cozinha tem um rosto" e "é à mesa que se coloca a conversa em dia"!

Por tudo isto, meu caro leitor, convido-o desde lá a ler a entrevista que tive oportunidade de fazer ao próprio João Rodrigues, nutricionista, blogger e autor de livros, vamos lá?

1)     Para começar, qual o seu percurso profissional e qual o significado da frase “O meu percurso na área da nutrição é um pouco diferente do habitual…” que se pode ler aqui?

João Rodrigues: Essa frase surge porque a nutrição não foi a minha primeira área de formação académica. Eu sou licenciado em Bioquímica. Após conclusão dessa licenciatura, doutorei-me em Ciências Biomédicas, e iniciei o meu percurso como docente do ensino superior. Só posteriormente é que decidi voltar a estudar e obtive a minha licenciatura em Ciências da Nutrição.

2)     Qual é a sua naturalidade e os seus principais lemas de vida?

João Rodrigues: Sou natural de Viana do Castelo, uma cidade que eu adoro e da qual muito me orgulho.

Quanto aos meus lemas de vida, destacaria dois. Um é a expressão clássica “Carpe Diem”, que significa “Aproveita o dia”. A nossa vida é curta demais para não ser aproveitada ao máximo, para não ser vivida de forma intensa! E esse é um pensamento que eu tento manter diariamente. Na sequência desta filosofia de vida, surge o meu segundo lema, “Não chores porque acabou, sorri porque aconteceu”, da autoria de Ludwig Jacobowski. Mais do que ficarmos tristes quando algo acaba, devemos é estar gratos por termos tido a oportunidade de vivenciar essa experiência. Obviamente que todos nós temos dias melhores, e dias piores, e nem sempre consigo ser fiel a estes dois lemas, mas tento, e na maior parte das vezes acho que consigo…

3)     Entretanto, afirma ainda, no seu blog, que “somos o que comemos”, que é algo com o qual eu também concordo, mas qual a sua visão sobre os usos e costumes, por exemplo, dos próprios portugueses à mesa?

João Rodrigues: Nós temos a sorte de ter uma herança gastronómica que não só é riquíssima, como tem bases incríveis do ponto de vista de saúde. Estou a falar da Alimentação Mediterrânica, considerada quase universalmente como um dos padrões alimentares mais saudáveis que existe. No entanto, infelizmente a realidade atual mostra que a nossa alimentação se tem afastado cada vez mais desta herança… Portugal é um País onde quase tudo passa pela mesa, e por isso é frequente existirem excessos na quantidade do que se come, e nem sempre as escolhas alimentares são as mais adequadas. Estou a falar, por exemplo, no consumo excessivo de carne, enchidos e fumados, gordura, vinho, fritos, …

4)     Aliás, aqui pode ler-se: “Alimentarmo-nos é um ato de cultura. O consumo de alimentos, necessário por razões biológicas, está repleto de significados, de imagens relacionadas com usos, situações e comportamentos coletivamente imaginados que constituem a alimentação em verdadeiro sistema de comunicação codificado de acordo com uma lógica simbólica. Através dessa lógica e através da alimentação, os grupos humanos comunicam a partilha de uma identidade interpretativa da existência. (Silva et al., 2002, p. 1)”. E “nos últimos cinquenta anos, no Ocidente, a produção industrial, a conservação, o comércio e os transportes influenciaram diretamente a alimentação e a culinária que num relativamente pequeno período de tempo passaram a aprovisionar-se em alimentos estandardizados, parcial ou completamente preparados para o consumo e, em grande parte, derivados de meios sintéticos. A industrialização aumentou a produção alimentar e provocou um incremento dos espaços e momentos em que se come, transformando as sociedades ocidentais em sociedades da abundância. (Silva et al., 2002, p. 1)”. Por isso, qual acha que irá ser o maior desafio da nutrição num futuro mais ou menos próximo na nossa sociedade? E sendo eu também Professora, acha que os nossos jovens estão a ser bem (in)formados no campo da alimentação?

João Rodrigues: Acho que temos essencialmente dois grandes desafios pela frente. Um passa pela referida abundância alimentar que, aliada a um sedentarismo cada vez maior, faz com que se aumente o risco de aparecimento de várias doenças crónicas, como diabetes, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 ou mesmo alguns tipos de cancro. Por outro lado, também reconheço que a nutrição está a viver um período de ouro, pois nunca tanto como agora se esteve tão atento ao que se come, e isso leva-me ao segundo grande desafio. Com este interesse crescente pela nutrição, começou a surgir uma quantidade enorme de informação sobre o tema, muitas vezes sem nenhum tipo de validade científica. Todos nós comemos, mas isso não nos torna especialistas em alimentação, tal como o facto de eu conduzir um carro não faz de mim um mecânico! Ou seja, temos pela frente um desafio enorme, que é tentar que no meio de tanta (des)informação, se consiga fazer prevalecer a ciência, para bem da saúde pública.

Quanto aos jovens, acho que estão mais atentos, mas não necessariamente mais bem informados, muito por causa de muitos influencers que publicam informações falsas sobre como nos devemos alimentar. Por outro lado, nas escolas tem sido feito um trabalho muito bom no sentido de aumentar a literacia alimentar dos jovens, mas ainda há um longo caminho pela frente…

5)     No que diz respeito aos livros que já publicou (Duelos de Alimentos e Tradicional e Saudável), o que tem a dizer sobre eles e onde é que os podemos adquirir?

João Rodrigues: Na realidade são 3 livros, o mais recente chama-se O Poder dos Alimentos. O primeiro livro foi o Duelo de Alimentos, que é um livro que coloca pares de alimentos frente-a-frente, e no qual é efetuada uma análise nutricional detalhada de ambos os alimentos. São destacadas as mais-valias de cada um, e no final há um vencedor em cada duelo. O objetivo é destacar que não há alimentos perfeitos, e que sempre que fazemos uma escolha alimentar, vamos ter algumas mais-valias alimentares, mas também algumas lacunas. O livro Tradicional e Saudável foi escrito juntamente com o Chef Rui Paula e a Chef Catarina Correia, e é um livro de receitas tradicionais Portuguesas, que foram melhoradas do ponto de vista nutricional, mas sempre mantendo a sua essência e o seu sabor. Ou seja, não são receitas light, ou receitas “para comer sem culpa”. São receitas tradicionais Portuguesas, que mantêm a sua identidade, mas que apresentam uma composição nutricional mais interessante. O livro O Poder dos Alimentos, é um livro no qual se pode aprender quais os alimentos que se devem consumir com mais regularidade, e quais os que se devem evitar, quando se tem determinadas doenças, ou quando se quer prevenir o aparecimento das mesmas. Todos eles estão disponíveis nas livrarias físicas e online, e em hipermercados.

6)     E como é que tem sido o feedback quanto ao seu projeto do Blog Mundo da Nutrição?

João Rodrigues: Tem sido muito bom, e estou muito grato a todos os que me têm acompanhado ao longo destes anos. Tem sido um trabalho intenso, mas que, sem dúvida nenhuma, tem valido muito a pena. É ótimo sentir que posso estar a contribuir um pouco para melhorar a alimentação de algumas pessoas e, consequentemente, estou a ajudar essas pessoas a terem um presente e um futuro mais saudáveis.

7)     Também costuma aceitar a marcação de consultas de nutrição ou participar em eventos?

João Rodrigues: Sim, claro. É possível contactarem-me através do meu email (joaorodrigues@mundodanutricao.com), ou das minhas redes sociais.

8)     Já agora, que tipo de conselhos ou dicas úteis gostaria de deixar aos caríssimos leitores da Revista Gastronómica Portuguesa P´rá Mesa?

João Rodrigues: Gostava de destacar que não há uma forma de comer correta para todos. Todos nós somos diferentes uns dos outros, e a alimentação contribui para essa individualidade. Isso significa que devemos ter em atenção as características física e mentais de cada um, bem como os seus objetivos, a existência de alguma doença, as preferências, as rotinas e as tradições. Mas uma coisa é certa, é no presente que nós escrevemos o nosso futuro, e a alimentação é um dos fatores que mais influência tem na construção do nosso futuro! Por isso, comer bem, sem fundamentalismos, sem diabolizar alimentos, mas percebendo que há alimentos que devem ser consumidos com mais frequência do que outros, deve ser uma prioridade para todos nós.

9)     Para concluir: quer finalizar esta entrevista com uma receita de sua autoria à sua escolha?

João Rodrigues: Claro que sim, aqui fica a minha receita.

Cheesecake de framboesas, mirtilos e chocolate

Ingredientes (12 doses):

• 200g bolacha Maria
• 50g manteiga (derretida)
• 100g chocolate
• 400g queijo quark
• 250g leite condensado
• 170g requeijão magro
• 125g mirtilos
• 125g framboesas
• 4 claras
• 5 folhas de gelatina

Preparação:

1. Triturar as bolachas
2. Misturar as bolachas trituradas com a manteiga
3. Colocar na base de uma forma de aro
4. Levar ao frigorífico durante 30 minutos
5. Derreter o chocolate com 30g queijo quark
6. Colocar sobre a camada de bolacha
7. Misturar o leite condensado, o requeijão, o queijo quark, os mirtilos e as framboesas num processador
8. Envolver com as claras (batidas em castelo) e a gelatina dissolvida num pouco da mistura anterior
9. Verter sobre a camada de chocolate
10. Levar ao frigorífico durante pelo menos 5h

(texto escrito por Mónica Rebelo, fundadora da Revista P´rá Mesa)