Recentemente, fiz uma escapadinha em família ao norte de França, às regiões da Bretanha e da Normandia.
Tivemos imensa sorte com o tempo, pois em outubro, o habitual é ser-se presenteado com nevoeiro e chuva miudinha. Esperavam-nos dias de céu azul e 26º C.
Toda a Bretanha tem influência
celta e faz parte das Seis Nações Celtas. Ficamos hospedados em Saint-Malo, conhecida
como a cidade dos corsários, situada na Costa Esmeralda e com vista para o
Canal da Mancha. Deve o seu nome a um monge do País de Gales, McLow (que
derivou até chegar a Malo) e que no século VI se instalou e tornou-se bispo de
Alet, localidade vizinha e que hoje faz parte da cidade. É também a cidade de
exploradores, como Jacques Cartier que ficou conhecido por ter explorado o
Canadá a partir de 1554, em busca de ouro, e por ter descoberto o Triângulo das
Bermudas. Terra do escritor romancista do século XIX, François-René de Chateaubriand,
cujo amor à cidade fez com que o seu último desejo fosse ser sepultado numa
ilha desabitada, frente à fortaleza de Saint-Malo. Os habitantes de
Saint-Malo, devido ao sangue dos corsários que lhes corre nas veias, possuem uma
divisa que mostra a sua rebeldia: “Ni breton, ni français, Malouin suis” – nem
francês, nem bretão, de Saint-Malo eu sou”. (Não existe em português, gentílico
para definir os habitantes de Saint-Malo).
Ao lado da Bretanha, fica a região da Normandia e é incontornável a visita ao Mont Saint-Michel, que chegou a ser disputado pelos normandos e bretões. Com pouquíssimos habitantes permanentes, conduz-nos por cenários de filmes como Harry Potter ou O Nome da Rosa à conta das suas ruas típicas, lojas e imponentes construções. A sua história remonta ao século VIII e estende-se pelo tempo até à conclusão da Abadia do Monte Saint-Michel pelos monges beneditinos. Esta construção resistiu à guerra dos Cem Anos, foi prisão durante a Revolução Francesa. Esta abadia está construída em 3 pisos e é uma brilhante obra de engenharia e arquitetura, estando classificada como Património Mundial da UNESCO desde 1979. O claustro, denominado com A Maravilha, construído no último dos 3 pisos da abadia, tem uma vista impressionante da planície à volta da ilha.
O Mont Saint-Michel é uma ilha
peculiar que vive ao sabor das marés, onde na maré baixa, pastam as ovelhas dos
prados salgados. Dizem que a sua carne tem um sabor particular, sendo muito
cara (não provamos…).
E a gastronomia? Sendo uma zona litoral, o marisco é rei. Mexilhões, ameijoas, búzios, lagostins podem ser degustados em muitos restaurantes, e é uma aposta ganha. Mas nós íamos com uma ideia fixa – experimentar a famosa Gallette Bretonne. Uma espécie de crepe gigante, feita de trigo sarraceno, e que pode ter como recheio mil e uma coisas. Nós optamos pela tradicional completa – fiambre, queijo e ovo estrelado – com batatas fritas a acompanhar. A não perder!
Quanto às sobremesas, o bolo Far
Breton, ganhou de longe! Uma espécie de pudim de ovos e farinha, com baunilha e
ameixas secas encharcadas em Calvados (aguardente da Bretanha) ou rum. Um
desastre de tão bom que é!
Ainda houve tempo para um Kouign-amann, que significa na língua bretã, bolo (kouign) e manteiga (amann). Um bolo farto, de várias camadas de massa folhada, com doses industriais de manteiga e açúcar que coze muito lentamente. Considerada a massa de bolos mais gordurosa de França, constitui uma refeição. Comi o meu às 17 horas e fiquei sem fome ao jantar.
Os bretões sentem-se muito orgulhosos da sua história e das suas raízes, havendo uma variedade imensa de produtos com assinatura bretã, ou “Breizh”. Para além da Sidra muito conhecida e apreciada, produzem até a sua própria bebida à base de cola – a Breizh Cola.
Ficou muito por ver, como por
exemplo as praias do desembarque (Dia D), cemitério americano e outros locais
emblemáticos da história do século XX. Ou paisagens como a costa do granito
rosa.
Olhem, teremos de lá voltar, pois
é um dos locais mais incríveis onde já estivemos!
PA-RA-BËNS, Sandrina! Magnïficas fotos, texto super-agradävel, uauuu, tenho saudades dos tempos que ia a Bretagne, fiz muitas palestras por lä. Outros tempos...
ResponderEliminarMuito obrigada pelo seu comentário, sugerindo ficar atento a outros textos da mesma autora que venham a ser publicados no futuro,
Eliminare apareça por aqui mais vezes!
Cumprimentos,
Mónica Rebelo,
Fundadora da revista P´rá Mesa em www.pramesa.pt
e Detentora do Blog Cozinha Com Rosto em www.cozinhacomrosto.pt.