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quarta-feira, 25 de outubro de 2023

Uma aventura no meio dos celtas, bretões e normandos!


Recentemente, fiz uma escapadinha em família ao norte de França, às regiões da Bretanha e da Normandia.



Tivemos imensa sorte com o tempo, pois em outubro, o habitual é ser-se presenteado com nevoeiro e chuva miudinha. Esperavam-nos dias de céu azul e 26º C.

Toda a Bretanha tem influência celta e faz parte das Seis Nações Celtas. Ficamos hospedados em Saint-Malo, conhecida como a cidade dos corsários, situada na Costa Esmeralda e com vista para o Canal da Mancha. Deve o seu nome a um monge do País de Gales, McLow (que derivou até chegar a Malo) e que no século VI se instalou e tornou-se bispo de Alet, localidade vizinha e que hoje faz parte da cidade. É também a cidade de exploradores, como Jacques Cartier que ficou conhecido por ter explorado o Canadá a partir de 1554, em busca de ouro, e por ter descoberto o Triângulo das Bermudas. Terra do escritor romancista do século XIX, François-René de Chateaubriand, cujo amor à cidade fez com que o seu último desejo fosse ser sepultado numa ilha desabitada, frente à fortaleza de Saint-Malo. Os habitantes de Saint-Malo, devido ao sangue dos corsários que lhes corre nas veias, possuem uma divisa que mostra a sua rebeldia: “Ni breton, ni français, Malouin suis” – nem francês, nem bretão, de Saint-Malo eu sou”. (Não existe em português, gentílico para definir os habitantes de Saint-Malo).

A cidade com um pouco mais de 45 mil habitantes, transpira história por todos os poros. Saint-Malo fica na região da Bretanha, que durante vários séculos foi território dos ingleses. Reza a história (ou lenda), que Ana, Duquesa da Bretanha, quando se tornou rainha consorte casando com Carlos VIII, só aceitou este casamento se os bretões circulassem nas estradas sem pagar impostos. E até hoje, nenhuma autoestrada na Bretanha tem portagens. Nada disto consta do contrato de casamento, mas os bretões têm muito orgulho nesta mulher inteligente e benfeitora, e perpetuam esta história.

Na cidade, vale a pena ver a Torre Solidor, o porto de Saint-Malo e o que resta dos bunkers da Segunda Guerra Mundial ao longo da costa (Saint-Malo ficou destruída a 80%) e a cidade velha, denominada Intra Muros, muito bem conservada. Para quem gosta de praia, tem à sua disposição a Plage du Sillon com um extenso areal, e que foi considerada em 2023, a mais bonita praia de França pelo site Tripadvisor. Não devem deixar de visitar Dinan, a pequena cidade medieval mais bem preservada da Bretanha, com o seu canal pelo rio Rance que nos pode levar até Saint-Malo.

Ao lado da Bretanha, fica a região da Normandia e é incontornável a visita ao Mont Saint-Michel, que chegou a ser disputado pelos normandos e bretões. Com pouquíssimos habitantes permanentes, conduz-nos por cenários de filmes como Harry Potter ou O Nome da Rosa à conta das suas ruas típicas, lojas e imponentes construções. A sua história remonta ao século VIII e estende-se pelo tempo até à conclusão da Abadia do Monte Saint-Michel pelos monges beneditinos. Esta construção resistiu à guerra dos Cem Anos, foi prisão durante a Revolução Francesa. Esta abadia está construída em 3 pisos e é uma brilhante obra de engenharia e arquitetura, estando classificada como Património Mundial da UNESCO desde 1979. O claustro, denominado com A Maravilha, construído no último dos 3 pisos da abadia, tem uma vista impressionante da planície à volta da ilha.

O Mont Saint-Michel é uma ilha peculiar que vive ao sabor das marés, onde na maré baixa, pastam as ovelhas dos prados salgados. Dizem que a sua carne tem um sabor particular, sendo muito cara (não provamos…).

E a gastronomia? Sendo uma zona litoral, o marisco é rei. Mexilhões, ameijoas, búzios, lagostins podem ser degustados em muitos restaurantes, e é uma aposta ganha. Mas nós íamos com uma ideia fixa – experimentar a famosa Gallette Bretonne. Uma espécie de crepe gigante, feita de trigo sarraceno, e que pode ter como recheio mil e uma coisas. Nós optamos pela tradicional completa – fiambre, queijo e ovo estrelado – com batatas fritas a acompanhar. A não perder!


Quanto às sobremesas, o bolo Far Breton, ganhou de longe! Uma espécie de pudim de ovos e farinha, com baunilha e ameixas secas encharcadas em Calvados (aguardente da Bretanha) ou rum. Um desastre de tão bom que é!

Ainda houve tempo para um Kouign-amann, que significa na língua bretã, bolo (kouign) e manteiga (amann). Um bolo farto, de várias camadas de massa folhada, com doses industriais de manteiga e açúcar que coze muito lentamente. Considerada a massa de bolos mais gordurosa de França, constitui uma refeição. Comi o meu às 17 horas e fiquei sem fome ao jantar.

Os bretões sentem-se muito orgulhosos da sua história e das suas raízes, havendo uma variedade imensa de produtos com assinatura bretã, ou “Breizh”. Para além da Sidra muito conhecida e apreciada, produzem até a sua própria bebida à base de cola – a Breizh Cola.

Ficou muito por ver, como por exemplo as praias do desembarque (Dia D), cemitério americano e outros locais emblemáticos da história do século XX. Ou paisagens como a costa do granito rosa.

Olhem, teremos de lá voltar, pois é um dos locais mais incríveis onde já estivemos!

 

(texto da autoria de Sandrina Martins) 


2 comentários:

  1. PA-RA-BËNS, Sandrina! Magnïficas fotos, texto super-agradävel, uauuu, tenho saudades dos tempos que ia a Bretagne, fiz muitas palestras por lä. Outros tempos...

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    1. Muito obrigada pelo seu comentário, sugerindo ficar atento a outros textos da mesma autora que venham a ser publicados no futuro,
      e apareça por aqui mais vezes!
      Cumprimentos,
      Mónica Rebelo,
      Fundadora da revista P´rá Mesa em www.pramesa.pt
      e Detentora do Blog Cozinha Com Rosto em www.cozinhacomrosto.pt.

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