Sou testemunha de uma preocupante deterioração nos serviços, não apenas na minha atividade, mas também em várias outras indústrias com contato direto com o público.
Aqueles que se desviam da realidade iminente e optam por uma visão de
curto prazo são incapazes de reconhecer a profundidade deste declínio. E sou
fruto de uma educação que me incutiu a crença fundamental de que um cliente é
um cliente, independentemente de orientações sexuais, convicções religiosas,
etnias, preferências políticas ou clubísticas, etc. Esse mesmo princípio estende-se
igualmente à força de trabalho que, segundo muitos, está a tornar-se cada vez
mais escassa.
A minha única preocupação em relação àqueles que colaboram comigo reside no domínio dos conhecimentos e na experiência que possuem, ou na sua sincera disposição em adquirir tais competências para contribuir de forma significativa neste setor. Para mim, é a paixão pelo conhecimento e o desejo genuíno de aprimorar competências que definem a base de uma equipa verdadeiramente eficiente. Desde tenra idade, aprendi o valor inestimável de acarinhar e absorver o conhecimento daqueles que são mais sábios e experientes do que eu. Esses indivíduos, com um abismo de experiência de 30, 40 ou até 50 anos, eram verdadeiros mestres na sua profissão. No entanto, hoje testemunhamos uma mudança preocupante, onde 'mestres' emergem sem nunca terem realmente enfrentado as provações do trabalho no terreno, além de alguns estágios pontuais realizados durante o percurso acadêmico, seja ele um bacharelado, licenciatura ou mestrado.
Assim, pergunto-me qual é o
verdadeiro benefício de contratar pessoas que estão desligadas da realidade do
trabalho prático. Além disso, questiono-me sobre os benefícios a médio e longo
prazo ao contratar indivíduos que mal dominam a língua portuguesa. E,
inevitavelmente, surge a questão: qual é o raciocínio por trás da preferência
pela contratação de pessoas sem qualquer bagagem ou conhecimento, em detrimento
daqueles com experiência e sabedoria adquirida ao longo dos anos? Uma reflexão
profunda sobre estas preocupações torna-se crucial no panorama atual, onde a
sabedoria prática muitas vezes é subestimada em favor de qualificações
teóricas.
Sem dúvida, a discussão sobre inclusão é crucial, especialmente considerando o papel vital que o setor do turismo desempenha na economia portuguesa. É imperativo reconhecer a riqueza de conhecimento e experiência acumulada pelas gerações mais antigas do nosso país. É alarmante testemunhar uma tendência em que essas perspetivas valiosas estão a ser relegadas em favor daqueles que não possuem um entendimento profundo da atividade. É desconcertante perceber que, em algumas indústrias, os requisitos mesmo para os mais jovens são diferentes dos exigidos a quem vem de outros países, abrindo portas para disparidades injustificáveis e injustas. A exclusão dos "mais velhos" devido a critérios de discriminação é uma perda tanto para a sociedade quanto para as empresas, uma vez que as suas experiências únicas e conhecimentos práticos podem enriquecer consideravelmente o panorama profissional.
Em vez de ignorar o legado
valioso desses indivíduos, devemos almejar um ambiente de trabalho que valorize
a sabedoria adquirida ao longo dos anos e que promova uma cultura de inclusão
que abrace todas as gerações de forma equitativa e justa. É uma verdade
lamentável que a discriminação assume várias formas, muitas vezes escondidas
sob uma camada de subtileza que obscurece a sua presença. Em Portugal, é
preocupante constatar que a discriminação persiste de maneiras multifacetadas,
afetando não apenas a população em geral, mas acima de tudo os cidadãos mais
velhos e aqueles que lutaram para ter os seus direitos de igualdade
respeitados.
Esta realidade sombria exige uma análise mais profunda e uma ação decisiva. É fundamental que sejam implementadas medidas eficazes para combater essas formas de discriminação, criando assim um ambiente mais inclusivo e igualitário para todos os cidadãos. O respeito pelos direitos humanos e a promoção de uma cultura de igualdade e diversidade devem ser pilares fundamentais para construir uma sociedade mais justa e acolhedora. É verdadeiramente desolador testemunhar como os profissionais altamente qualificados por via do trabalho, especialmente na indústria hoteleira, enfrentam barreiras injustas ao tentar reintegrar-se no mercado de trabalho. A justificação de que os portugueses pedem salários mais elevados ou possuem exigências excessivas em comparação com os estrangeiros é uma generalização injusta que obscurece a riqueza de conhecimentos e habilidades que esses indivíduos trazem consigo.
A recusa em contratar
candidatos com mais de 40 anos com base em estereótipos infundados é uma
prática lamentável que não apenas priva as empresas de talentos valiosos, mas
também perpetua um ciclo prejudicial de exclusão e discriminação. É crucial que
as empresas se esforcem para criar uma equipe coesa e sustentável, reconhecendo
o valor inestimável da experiência e conhecimento acumulados ao longo dos anos.
A comunicação direta com os candidatos, incluindo uma discussão aberta sobre
expectativas salariais, proporciona uma compreensão mais profunda das
necessidades e habilidades de cada indivíduo. Em vez de priorizarem a
rotatividade, as empresas devem procurar a construção de equipas sólidas,
aproveitando a diversidade de perspetivas e experiências para promover um
ambiente de trabalho enriquecedor e produtivo. A inclusão de profissionais mais
experientes fortalece significativamente as operações e a reputação de uma
empresa, além de proporcionar um ambiente de trabalho enriquecido com
conhecimento prático e perspicácia.
Quando me deparei com a imagem
da Torre de Pisa apoiada por uma colher de sopa, ocorreu-me imediatamente a
imagem viva de muitas empresas atuais. Ilustra como muitas empresas se esforçam
para sustentar a queda iminente com recursos inadequados, numa tentativa
desesperada de se reerguer e manter a estabilidade. Mas ao contrário do que
apregoam existem no mercado recursos adequados, é preciso que os aceitem a bem
dos vossos negócios a médio/ longo prazo.
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(texto da
autoria de Maria Delfina
Gama)
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