Após várias semanas de chuva, surgiu finalmente tempo soalheiro.
Foi a altura ideal para que cinco companheiros da Sociedade
Portuguesa de Naturalogia dispusessem de um dia para ir à cata de agrião
selvagem. É preciso colhê-lo quando está tenro, ou seja, quando ainda não se
encontra em flor. Escolhemos uma vala com água limpa e corrente e apanhámos o
bastante para confecionar uma bela sopa que irá fazer parte da ementa do Almoço
da Primavera (vegetariano).
O Nasturtium officinale
é uma crucífera ou brassicácea, como a couve, e possui imensas virtudes, tanto
no ramo alimentar, como no medicinal, sendo utilizado desde a antiguidade
clássica, sobretudo para afastar o temível escorbuto.
O agrião é adstringente, anti-escorbútico, anti-inflamatório,
anti-térmico, cicatrizante, descongestionante, diurético, hidratante,
expectorante, anti-séptico das vias respiratórias, tónico, digestivo e fluidificante.
É muito rico em minerais (iodo, ferro, fósforo, manganés,
cálcio, cobre, potássio), vitaminas C, D, E, K, do complexo B, pró-vitamina A e
essências sulfuradas, tendo baixo valor calórico.
O agrião combate o ácido úrico, o raquitismo, a cistite, a bronquite, os males do fígado, a diabetes, a tuberculose, os problemas da vista e está ligado à formação dos glóbulos vermelhos do sangue. Há quem recomende ferver o suco do agrião em leite (partes iguais), para tratar o catarro, a bronquite, o reumatismo e o raquitismo. Os fumadores inveterados, ou seja, aqueles a quem lhes falta a coragem para abandonar o vício, podem minimizar alguns efeitos nocivos do tabaco, ingerindo agrião.
Como toda a gente sabe, o agrião é uma verdura comestível crua (saladas), ou cozinhada (sopas).
Em salada constitui uma excelente entrada refrescante e levemente picante para abrir o apetite, mas deve haver especiais cuidados, sobretudo quando se prefere o agrião selvagem, como é o caso. É que as suas raízes nodais podem arrastar bactérias, pequenos insectos e outras substâncias causadoras de doenças. Por vezes, nem a lavagem em muitas águas com solutos clorados, resolve o problema. O melhor será fervê-lo bem, durante vários minutos, para que “não se morra da doença, nem da cura".
Há ainda quem receite suco fresco de agrião para friccionar o coro cabeludo (ou não cabeludo!). Dizem que combate a calvície. Será?
Mais um aviso para quem anda ao agrião selvagem: não confundi-lo com a rabaça ou outras umbelíferas que também aparecem nos cursos de água. Elas, aliás, têm aspecto diferente, mas é necessário estar com muita atenção, porque algumas podem ser nocivas.
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