E a origem das "Brisas do Liz" do Convento de Santana de Leiria!
Quem é que, por exemplo, já não ouviu falar do imponente Castelo de Leiria, mesmo à beira do Rio Lis, ou das ruas pitorescas do centro histórico dessa mesma cidade encantada? Ou então, da famosa Morcela de Arroz que eu tantas vezes degustei à mesa com os meus pais, ou do reconhecido Leitão Boa Vista?
Mas vamos então a uma breve explicação do aparecimento deste mito:
"Desembarcámos nos meandros do Reddit, escavámos bem fundo recuando até ao ano de 2020 e aí encontrámos um vídeo criado pelo u/Captain_tuga, onde o distrito de Leiria desaparece sem explicação. Segundo o criador do conteúdo, a sua inspiração foi uma imagem onde o nosso distrito não está presente.
Várias pessoas pegaram nesta ideia e, talvez por ser totalmente despropositada, começaram a difundi-la em jeito de piada.
Foi em 2021 que surgiu a situação que viria relançar a discussão e ajudar a ideia de que Leiria não existe a ganhar popularidade: o lançamento de um novo mapa ibérico para o jogo Euro Truck Simulator 2.
Ao jogar o Euro Truck Simulator 2 com o novo mapa instalado, os jogadores ao volante do seu camião, por mais que percorressem a autoestrada do norte (A1), entre Lisboa e o Porto, nunca encontrariam a saída para Leiria. Leiria, simplesmente, não fazia parte do mapa, logo, neste jogo, Leiria não existia!"
(fonte: leiria não existe – Visite Leiria)
E foi assim que o mito se tornou viral e a piada começou a ganhar asas pelas redes sociais com memes, hashtags, memes, tweets, etc, chegando mesmo a altos voos com a ajuda de reconhecidos artistas e humoristas:
"“Leiria não existe” foi tema central num trabalho académico de um grupo de alunos da licenciatura de Audiovisual e Multimédia, da Escola Superior de Comunicação Social do Politécnico de Lisboa.
Mais recentemente, a cantora e compositora leiriense Inês Apenas, que chegou à final do Festival da Canção 2023 com o tema “Fim do Mundo”, utilizou o conceito “Leiria não existe” para o seu merchandising oficial.
Já o humorista e escritor Guilherme Fonseca decidiu incluir o tema no seu mais recente livro “Deve ser, deve”, um livro que apresenta algumas das teorias negacionistas mais interessantes/conhecidas/estapafúrdias que se conhecem, nomeadamente, a teoria de que “Leiria não existe”."
O CONVENTO DE SANTANA DE LEIRIA E AS "BRISAS DO LIZ"
E são várias as histórias que se ouvem ligadas à origem das Brisas do Liz, remetendo-nos também para as monjas do Convento de Santana:
"Sem fundamento histórico, conta-se que a receita das Brisas do Liz foi criada no convento de Santana e mais tarde partilhada com uma senhora que frequentava o espaço. Porém, aprofundado o tema, somos remetidos para o seio de uma reconhecida família da cidade de Leiria, enlaçados em relações de amizade e conduzidos num percurso espácio-temporal, que nos faz marear o Atlântico, recuando até ao início do século XX.
Angola foi a terra que viu nascer, não só uma forte amizade entre Maria do Céu Lopes e Georgina Santos, como a receita das tão afamadas Brisas do Liz, pelas talentosas mãos da D. Georgina. Com o tempo, a amizade cresceu e, com ela, fomentou-se a partilha da receita entre estas duas mulheres.
Mais tarde, nas primeiras décadas do século XX, já de regresso a Portugal, mais concretamente a Leiria, a amizade converteu-se em sociedade, que deu origem ao carismático Café Colonial, ainda hoje recordado como um dos mais emblemáticos da cidade do Liz.
Sabendo que guardavam consigo um segredo gastronómico valioso, as famílias decidiram iniciar o fabrico do doce, que tinham aprimorado durante anos, e apresentá-lo à cidade enquanto especialidade, chamando-lhe Beijinhos do Liz. Rapidamente este nome deu origem a trocadilhos malandros, por parte de clientes mais brincalhões, o que levou à sua alteração para o atual: Brisas do Liz.
As Brisas do Liz ganharam tal fama, que não tardou para que outras pastelarias da cidade começassem a reproduzi-las, apesar de não conhecerem a receita original. As receitas multiplicaram-se, tendo sempre como base as gemas, o açúcar e a amêndoa."
(fonte: Brisa do Lis – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org))
Já agora, para quem conhece bem a cidade de Leiria, o edifício do Mercado de Sant’Ana foi construído exatamente onde outrora se ergueu o tal Convento de Santa Ana, por sua vez extinto em 1880:
"Fundado em 1494 por D. Catarina, Condessa de Loulé, viúva de D. João Coutinho morto na Batalha de Arzila em 1471, o Convento de Santana estabeleceu-se em Leiria como comunidade de Dominicanas, na zona do antigo Rossio, junto ao Rio Lis. A sua comunidade foi extinta em 1880, após a morte da última religiosa, Soror Joaquina do Rosário, e o seu edifício demolido em 1916, para a construção do actual Mercado de Santana no mesmo local. A população conventual foi constituída por mulheres de origens nobres e burguesas locais e regionais que entraram no convento como religiosas ou como recolhidas, sendo servida por criados e escravas. A tutela da casa ficou a cargo de frades dominicanos do Mosteiro da Batalha. Vivendo permanentes dificuldades económicas, a casa sobreviveu essencialmente de uma economia rentista, de doações, e, ainda da propriedade individual das religiosas e recolhidas. A casa terá vivido o seu auge entre o século XVII e início do século XVIII, entrando posteriormente em decadência."
(fonte: RUN: Convento de Santana de Leiria: história, vivências e cultura material (unl.pt))
E ainda que a receita original das Brisas do Liz, do início do séc. XX, continue bem guardada, pode ver aqui a receita que eu própria utilizei para efeitos do tal Concurso "A Mesa dos Portugueses" decorrido em 2015, igualmente recordado ali, bom proveito!
Conclusão: visite Leiria e comprove, por si mesmo, que o mito #leirianãoexiste afinal pode ser experienciado, para depois ser divulgado ao mundo, ou não existisse também o eloquente Milagre das Rosas da Rainha Santa Isabel, a célebre esposa do nosso Rei D. Dinis, filho de D. Afonso III, de quem vos irei continuar a falar em www.pramesa.pt
Por isso, subscreva aqui a Revista P´rá Mesa antes que também deixe de existir, sei lá... para descobrir tudo o que está ainda por vir de novidades e em parceria com algumas pessoas, de certeza também já suas conhecidas daqui, e digamos que... a ver com... bolinhos doces e... mais não digo, por agora... ui, ui!
(texto escrito por Mónica Rebelo, fundadora da Revista P´rá Mesa)
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