Começa a ser moda, e ainda bem, colocar nas varandas vasos com plantas gastronomicamente úteis, em especial aromáticas, hortaliças, arbustos e pequenas árvores.
Quem dispõe de quintal, faz o mesmo, substituindo
flores ornamentais por vegetais comestíveis. Se elas forem simultaneamente
ornamentais e comestíveis, tanto melhor. Mas há uma espécie que o cidadão
assisado deve possuir obrigatoriamente no seu espaço disponível. É que ela lhe
fornece, durante todo o ano, lenimento para diversíssimos transtornos de saúde
e ainda lhe faculta cosméticos, perfumes, produtos de limpeza, refrescos,
gelados, temperos e ingredientes culinários para os mais sofisticados pratos.
Refiro-me a essa joia da natureza que dá pelo nome científico de Citrus limon L., pequena árvore da
família botânica das rutáceas, amplamente conhecida em todo o mundo.
Correndo o risco de dizer o que toda a gente já sabe,
atrever-me-ei a sublinhar que o limoeiro é uma árvore dos climas subtropicais e
temperados que apenas logra atingir 6 metros de altura. Provida de folhas
perenes, alternas, elíticas, coriáceas, verdes e lustrosas e de flores brancas
axilares, ela abastece-nos de inestimáveis frutos – os famosos limões. Não vale
a pena descrevê-los, de tão populares que são. Referirei apenas que existem
muitas variedades. Uns são mais amarelados, outros mais verdes, uns maiores,
outros mais pequenos, mais ou menos sumarentos, com casca mais grossa ou mais
fina, mas todos de uma utilidade sem par.
Os limões começaram a ser valorizados quando se verificou que
o seu consumo regular travava essa terrível doença, muito comum em séculos
anteriores, que dá pelo nome de escorbuto. Tal era frequente nas longas
expedições marítimas em que a alimentação dos marinheiros costumava ser
paupérrima em vegetais e frutas, com ausência total da vitamina C.
De facto, o sumo do fruto do limoeiro é um dos mais ricos em vitamina C, possuindo também flavonóides (antioxidantes), mucilagens, potássio, cálcio, fósforo, magnésio, ácido cítrico, provitamina A e vitaminas do complexo B. Por outro lado, a casca do limão e as próprias folhas são muito ricas em óleos essenciais (limoneno e citral).
As propriedades
medicinais deste precioso citrino são impressionantes. Citemos algumas: anti-infeciosa,
antiartrítica, antissética, desintoxicante, desinfetante, bactericida, fortificante
da visão, tónica, refrescante, calmante do sistema nervoso, digestiva,
cicatrizante, diurética, vermífuga, sudorífica, dissolvente dos cálculos
renais, etc., etc. De destacar a ação alcalinizante do limão, apesar do seu
poderoso ácido cítrico. Com efeito, embora se apresente, à partida, com um ph
na ordem de 2 a 3, logo que entra em contacto com o meio celular no interior do
organismo, reage com o cálcio formando compostos alcalinos que neutralizam a
acidez do sangue.
Enumeram-se a seguir algumas das maleitas que podem ser curadas ou atenuadas pela ação fitoterápica do limão: constipações, gripes, febres, bronquites, faringites, dores de garganta, fragilidade capilar, dermatites, eczemas, despigmentação, piorreia, paludismo, gastrite, dispepsia, aerofagias, úlceras do estômago e do duodeno, insuficiência hepática e pancreática, colites, parasitas intestinais, hemorragias, anemia, gota, obesidade, hipertensão arterial, colesterol, diabetes, escleroses, descalcificações, linfatismo, litíase urinária e biliar, sinusites, limpeza da pele, frieiras, caspa, …
Em culinária, o limão
é presença obrigatória no tempero das saladas (com vantagens em relação ao
vinagre), na redução do sal, como aromatizante de geleias, arroz-doce, compotas,
sorvetes e bolos e na preparação de bebidas refrescantes (limonadas).
Como higienizador, desengordurante, branqueador, amaciador e
para potabilizar a água, igualmente o limão é virtuoso.
Da casca extraem-se essências aromáticas que constituem matéria-prima
para o fabrico de sabonetes, perfumes, cosméticos e apreciados licores.
E que mais direi deste recurso vegetal tão abundante e, talvez por isso, não devidamente aproveitado por tanta gente que se preza? É que para abordar o limão na sua plenitude precisaríamos de elaborar um grosso compêndio. Entenda-se, pois, que este registo não passa de um lamiré para despertar curiosidades e incentivar o seu consumo.
Ainda assim, deixo
duas recomendações:
- Nunca deveremos fazer infusões de limão em chaleiras de alumínio e muito menos guardar o “chá” em tais vasilhas, pois o ácido cítrico ataca o citado metal e produz sais muito tóxicos.
- Quando se ingere sumo de limão é preciso algum cuidado porque ele pode prejudicar o esmalte dos dentes. A melhor solução será chupá-lo através de uma palhinha.
(texto da autoria de Miguel Boieiro, Vice-presidente da Direção da SPN)
SUPER-INTERESSANTE!!!
ResponderEliminarMuito obrigado caro amigo!
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