Imagem: Túmulo da Rainha Santa Isabel por Mestre Pero, hoje no Convento de Santa Clara-a-Nova. O seu corpo encontra-se incorrupto no túmulo de prata e cristal.
"Isabel de Aragão OSC (em catalão: Elisabet d'Aragó; ou, usando a grafia medieval portuguesa, Yzabel; Barcelona ou Saragoça, 11 de Fevereiro de 1270 – Estremoz, 4 de julho de 1336), foi uma infanta aragonesa, que viveu aproximadamente do ano 1270 até 1336 sendo rainha consorte de D. Dinis. Ficou para a história com a fama de santa, tendo sido beatificada e, posteriormente, canonizada. Ficou popularmente conhecida como Rainha Santa Isabel ou, simplesmente, A Rainha Santa, e é padroeira da cidade de Coimbra."
(Fonte: Isabel de Aragão, Rainha de Portugal – Wikipédia, a enciclopédia livre (wikipedia.org))
O Dia de Pentecostes
E é com grande apreço pela Rainha Santa Isabel que divulgo, hoje, dia em que também se recorda a primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima - 13 de maio de 1917 - e que mudou, para sempre, a história de vida de Lúcia de Jesus, 10 anos, Francisco Marto, 9 anos, e Jacinta Marto, 7 anos, as chamadas Festas do Império Espírito Santo (31 de março a 19 de maio), cujo lema é “O Espírito sopra onde quer!”, sendo, atualmente, a maior manifestação de religiosidade no concelho de Alenquer, sabia?
As Lendas da Rainha Santa e Rei Sábio
Lenda do Milagre das Rosas
Conta a lenda que o rei D. Dinis foi informado sobre as ações de caridade da rainha D. Isabel e das despesas que implicavam para o tesouro real.
Um dia, o rei decidiu surpreender a rainha numa das suas habituais caminhadas para distribuir esmolas e pão aos necessitados.
Reparou que ela procurava disfarçar o que levava no regaço. D. Dinis perguntou à rainha onde ia e ela respondeu que se dirigia ao mosteiro para ornamentar os altares.
Não satisfeito com a resposta, o rei mostrou curiosidade sobre o que ela levava no regaço. Após alguns momentos de atrapalhação, D. Isabel respondeu: "São rosas, meu senhor!".
Desconfiado, o rei acusou-a de estar a mentir, uma vez que não era possível haver rosas em janeiro. Obrigou-a, então, a abrir o manto e revelar o que estava lá escondido.
A rainha Isabel mostrou, perante os olhos espantados de todos, as belíssimas rosas que guardava no regaço. Por milagre, o pão que levava escondido tinha-se transformado em rosas.
O rei ficou sem palavras e acabou por pedir perdão à rainha que prosseguiu com a sua intenção. A notícia do milagre correu a cidade de Coimbra e o povo proclamou santa a rainha Isabel de Portugal.
Amor e Cegovim
Reza a lenda que, num dos seus demorados passeios a cavalo pelos arredores da cidade de Leiria, o rei D. Dinis se cruzou com uma camponesa de formosura tal, que logo se deixou enamorar, tendo ali, entre campos floridos, nascido um grande amor.
As visitas do rei ao seu grande amor tornaram-se habituais e conhecidas pelas redondezas, o que levou a que passassem a chamar aquele lugar de “Amor”.
Quando este amor chegou aos ouvidos da rainha, esta quis mostrar-lhe a sua reprovação e, certa noite, mandou iluminar o caminho por onde o rei deveria passar para regressar a Leiria.
D. Dinis, ao ver o seu trilho iluminado por fogaréus, logo percebeu que era resultado do descontentamento da rainha Isabel e exclamou:
– Até aqui cego vim!
Desta história terão nascido os nomes de 2 localidades: Amor e Cegovim, esta última uma natural evolução que a pronúncia popular transformou em Cegodim.
Pinhal de Leiria
Reza a lenda, que marinheiros portugueses regressaram do Golfo da Gasconha e trouxeram com eles lenha e pinhas dessa Região. Intrigados pelos altos pinheiros que se davam em areia, guardaram com eles as sementes das pinhas que mostraram a chegada à Rainha D. Isabel.
A Rainha foi então até às areias do Moel e semeou ao vento o penisco. Passado alguns meses pequenas árvores começaram a brotar e a Rainha entusiasmada mostrou ao Rei o resultado do seu labor.
O rei D. Dinis vendo o potencial desses futuros pinheiros para os seus projectos de construção naval, mandou os marinheiros que nas suas próximas viagens trouxessem mais sementes daquelas.
E assim, diz-se que, começou a sementeira organizada do Pinhal do Rei, que chegou até nós, passados todos estes séculos.
A Rainha Santa Isabel
no arenal bravo de Moel
meteu a mão no regaço,
deitou sementes ao espaço.
– Ó Pinhal do Rei, do Rei meu marido,
Andará nos mares teu corpo florido!
A Rainha Santa Isabel
no areal bravo de Moel
tirou do regaço divino
as sementes do verde pino.
– Ó Pinhal do Rei, do Rei meu senhor,
é Deus quem te sagra por navegador!
Meteu a mão no regaço,
deitou sementes ao espaço,
no areal bravo de Moel
a Rainha Santa Isabel.
– Ó Pinhal do Rei, do Rei meu marido,
dará volta ao mundo teu corpo florido!
Tirou do regaço divino
as sementes do verde pino
no areal bravo de Moel
a Rainha Santa Isabel.
– Ó Pinhal do Rei, do Rei meu senhor,
tu serás nos mares o Navegador.
Afonso Lopes Vieira in “Onde a terra se acaba e o mar começa”, 1940
Lenda das Camarinhas
Se D. Dinis foi grande poeta e amante da cultura, também possuía um espírito folgazão a que se lhe juntava e amalgamava um sentido apaixonado pela beleza, fosse ela da Natureza: as paisagens, o mar, o céu e as nuvens, ou… uma beleza feminina, fosse loira ou trigueira, mas sempre sem eflúvio que o embebedasse. E assim o Rei se perdia. E assim deixava passar as doces tardes nos ardorosos favores duma linda burguesa ou duma simples mas graciosa camponesa. Sabedora das virtudes e dos pecados do marido, a Rainha Santa, que apesar de Rainha e Santa não deixava de ser mulher e ciosa das suas crenças, sentia a par dum normal ciúme, um particular estímulo de defesa. Quando o rei não chegava à hora acostumada, por mais esforço que fizesse para se não notar, ficava inquieta, pensativa e nervosa. El-Rei não mudava. Por mais que lhe prometesse, voltava sempre ao mesmo. Ela, a Rainha Santa, bem entendia aqueles olhares indiscretos e de pena que as aias deixavam subentender. El-Rei, novamente perdido por alguma camponesa mais fresca e ladina. Ficara para trás o idílio com a camponesa da pequenina aldeia a que, devido ao desvaria de El-Rei, o povo apodara de Amor. Aos primeiros indícios notados, a Rainha tentou não ligar, mas a distância com que presenciava o ciciar das aias fê-la entender que o caso era mais sério. Então recordava Amor: quando sabedora de que o idílio perdurava, resolveu, com o seu pequeno séquito, ir em demanda da alcova do amor. Saindo ao começo da noite, ordenou que se prendessem pelo caminho archotes de resina e pez a arder, para que o Rei encontrasse a luz, ou seja, o remoque dum caminho iluminado a quem, num estado de cegueira, não via o desvario que o tomava. El-Rei, na sua alcova alertado, pôs-se a caminho do Paço, vindo a encontrar a Rainha, no sítio onde o povo ficou a chamar de Cegodim, porque D.Dinis, ao encontrar a Rainha com todo aquele aparato de luminosidade, lhe disse: - Senhora minha! Vindes com tamanha luz!… E eu que tão cego vim! De “Cego Vim”, a voz do povo, pelo tempo fora, transmudou em Cegodim, sendo com este nome que o lugar hoje se denomina. No dia seguinte, a Rainha, que pressentia novos e sérios pecados de El-Rei, partia em busca do local de novo idílio, tentando surpreender El-Rei consumando o pecado. A meio da tarde Isabel chegara ao local que as aias lhe indicaram. Mandou parar o pequeno séquito e, sozinha, com o coração destroçado, encaminhou-se para junto do rochedo, entre Pinhal e mar, até dar com D.Dinis em flagrante delito amoroso. Ao vê-la, D. Dinis abriu os olhos espantados… Enquanto, dos belos olhos da Rainha Santa, as lágrimas abriam, cristalinas, pelo rosto abaixo, perdendo-se sobre o mato em verdadeiro aljôfar, branco, tão branco, que logo todo aquele mato, à orla do Pinhal se alindou. E assim se fez a lenda das camarinhas. Desde esse dia que esses pequenos arbustos, as camarinheiras, florescem em homenagem às lágrimas santas da Rainha, por essa época do ano, em Setembro, cobrindo-se de pequenos frutos brancos, agridoces, pelo imenso Pinhal do Rei, mais intensamente à orla da beira-mar.
(texto da autoria de Mónica Rebelo, fundadora da Revista P´rá Mesa)
Muuuuito interessante. Detalhes que eu desconhecia. Muuuuito obrigado!
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