sexta-feira, 14 de junho de 2024

O poder dos citrinos






Muito em breve, o verão tocará à nossa porta, mas uma coisa é certa: é sempre importante pensarmos em reforçar o sistema imunitário para evitar as constipações e gripes, mesmo que menos frequentes nesta estação.


E há unanimidade num aspeto: reforço do sistema imunitário leva sempre a pensar na vitamina C. Vale a pena ressalvar que a ingestão de alimentos com selénio, carotenóides e vitamina E contribuem para dar uma enorme ajuda às nossas defesas debilitadas. A vitamina C por si só não faz tudo!

Em termos de concentração de vitamina C, analisada em alguns citrinos mais comuns, os resultados mostraram que a tangerina tem mais vitamina C que a laranja, e o limão encerra este pódio.

Estudos recentes apresentados no passado mês de outubro na revista Nature Genetics (análises feitas ao genoma das subfamílias das laranjas), revelaram que o género Citrus surgiu no centro-sul da China, há 8 milhões de anos. As espécies mais ancestrais são a mandarina e laranja trifoliata.

Este texto tem como objetivo falar um pouco das variedades mais conhecidas, e apresentar algumas que começam a surgir nos nossos pomares e nas frutarias.


Vamos lá começar por diferenciar a tangerina da clementina. A tangerina é menos doce que a clementina e tem sementes. A clementina é um híbrido (cruzamento entre laranja e tangerina) fazendo com que tenha um sabor mais doce, casca fina e brilhante e poucas ou nenhumas sementes. A nível nutricional são muito semelhantes.

A tângera é um híbrido entre a toranja com a tangerina, com origem há 3500 anos no sudeste da Ásia.

Falando na toranja, provavelmente o citrino mais arrepiante a seguir ao limão, esta existe nas variedades polpa amarela, rosa e vermelha (rubi). As amarelas atingem um maior tamanho, mas são as mais amargas. As toranjas surgiram de um cruzamento acidental entre um pomelo e uma laranja. O registo desta fruta foi feito na ilha de Barbados nas Caraíbas.

O pomelo, laranja chinesa, laranja-natal ou cimbo, é o maior citrino da família e tem o formato de uma bola. Ao contrário de muitos membros da família, esta é uma espécie selvagem ancestral, não resultou de nenhuns cruzamentos forçados ou acidentais.

A laranja a par com o limão, é o citrino mais difundido no mundo. Quem não conhece o sumo de laranja natural? As variedades são imensas e em Portugal existem algumas, como a do Algarve, Dom João (produzida também no Algarve), Amares, do Douro e do Ermelo. Mas dentro das laranjas gostaria de destacar uma variedade praticamente desconhecida em Portugal – a laranja sanguínea. Esta resulta de uma mutação (de um erro genético casual), não se sabe ao certo quando surgiu, mas sabe-se que é cultivada desde a Idade Média na Sicília em Itália.

O limão, oriundo da Ásia, algures entre a China e a Índia, é o produto do cruzamento da laranja ácida e do cedrat, um citrino sem sumo, muito usado na indústria da cosmética. A lima, a prima verde do limão, é muita valorizada pela sua raspa ou o pelo sumo em cocktails.

Vou agora falar um pouco de uns citrinos mais curiosos! O cunquat ou kunquat é um citrino pequeno e oval, e numa das variedades é até possível comer a casca que é fina e ligeiramente amarga. Está pronto a comer quando a casca se encontra totalmente laranja, mas podem-se apanhar ainda um pouco verdes e deixá-los amadurecer.

Mais curioso ainda é o limão caviar, com uma polpa que se desfaz às bolinhas. Existe nas variedades rosa, verde a amarelo e vindo das terras longínquas da Oceania, está a ganhar terreno nos restaurantes. É utilizado para finalizar pratos, dar mais acidez e dar um sabor harmonioso a marisco e crustáceos.

Havia mais curiosidades a relatar, mas o mundo dos citrinos é vasto e não cabe todo aqui! Existem outras variedades que resultam de cruzamentos acidentais e outras de tentativas sucessivas até obter o que se pretendia. Os citrinos ficam bem em todo o lado, são versáteis e um boost de energia!

Deixo uma receita de mousse de ricotta com kunquats confitados. Espero que se deliciem!

Ingredientes:

130 g de kunquats
3 colheres de sopa de açúcar
3 colheres de sopa de água
250 g de queijo ricotta
3 colheres de sopa de rum velho (facultativo)
3 colher de sopa de açúcar em pó
Claras de 4 ovos
1 pitada de sal
Gotas de sumo de limão

Preparação (20 minutos)

1. Cortar os kunquats em pequenos pedaços. Numa caçarola, deitar o açúcar, a água a fruta cortada. Confitar, em fogo lento e tapar a caçarola durante 10 a 12 minutos. Devem ficar ligeiramente tenros. Deixar arrefecer.
2. Bater as claras em castelo, bem firmes, com a pitada de sal e as gotas de limão (facultativo).
3. Numa taça, esmagar o queijo ricotta com o açúcar em pó e o rum, e de seguida adicionar as claras em castelo delicadamente.
4. Em taças pequenas, distribuir em camadas alternadas as camadas de kunquats e de mousse de ricotta.
5. Reservar no frio pelo menos 4 horas.

Dicas adicionais: sabe melhor no dia seguinte; pode-se caramelizar com o maçarico usando açúcar com corante laranja; se pretender que seja mais doce pode dobrar a quantidade de açúcar.


(texto da autoria de Sandrina Martins) 


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