segunda-feira, 27 de janeiro de 2025

António Pimentel do projeto Pepper_knifes em Entrevista à Revista P'rá Mesa!

A Arte do Aço: Facas Artesanais do Pico, Forjadas pela Natureza e Tradição



Escrevo-lhe este texto, meu caro leitor, com o sincero intuito de lhe apresentar um trabalho artesanal único, capaz de combinar tradição e mestria com uma ligação profunda à essência da ilha do Pico, no centro do arquipélago dos Açores, já imaginou?

Simplesmente onde o fogo do vulcão, a pedra negra e a força da natureza moldam, não apenas a paisagem, mas também as mãos que a transformam, António Pimentel é um artesão apaixonado e dedicado à arte da cutelaria, em que, no seu atelier, ele é capaz de transformar tanto o aço comum, como o admirável aço damasco, ora em facas, ora em navalhas de uma beleza e funcionalidade incomparáveis.

Acrescente-se que cada peça é forjada manualmente, num processo que requer paciência, precisão e um alto respeito pelos materiais e pela tradição. 

E se, por um lado, a pedra negra inspira a força e a robustez das suas lâminas, por outro, o vulcão ativo ecoa no calor intenso da forja, onde o aço ganha vida.

Por tudo isto, eu acredito que a história deste projeto enraizado na essência dos Açores representará, sem dúvida, uma adição fascinante às suas leituras por aqui!

Mais do que objetos utilitários, estas facas e navalhas são um tributo à verdadeira resiliência e criatividade humana, convidando-o, portanto, a explorar toda esta história mais de perto, sob a forma da entrevista que eu tive oportunidade de fazer, agradecendo, desde já, toda a atenção dispensada por parte de António Pimentel, que por sua vez solicita que se destaque o valioso apoio de Isabel Mendonça, "que acreditou no meu potencial e me proporcionou esta oportunidade única, sem a qual este projeto seria apenas um sonho"!



1) Como e quando é que percebeu que o seu caminho era dedicar-se ao fabrico artesanal de Facas Artesanais Pepper Knifes – A Arte de Cortar com Estilo?

António Pimentel: A minha curiosidade pela arte de trabalhar o aço surgiu há cerca de 15 anos, quando, por mero acaso, vi um programa de televisão onde alguém dominava o fogo e o metal. Desde então, dediquei-me a aprender essa arte de forma autodidata e comecei a forjar as minhas próprias lâminas. Com o passar do tempo e o aprimoramento das minhas técnicas, o meu trabalho começou a ser reconhecido localmente, permitindo que o projeto crescesse de forma natural.
2) Até que ponto tem conseguido unir o mundo da alta gastronomia e o mundo da cutelaria de precisão?

António Pimentel: um bom chefe usa a sua faca como uma extensão do seu próprio corpo, um bom chefe precisa de uma boa faca e uma boa faca só vê reconhecido o seu valor nas mãos sábias de um bom chefe. Assim, a simbiose chefe/faca é inegável, principalmente na alta gastronomia. Logo, uma faca personalizada e adaptada às necessidades e características pessoais de cada chefe eleva essa ligação ao nível da sublimidade única da alta gastronomia.
3) Uma faca de chefe, por exemplo, deverá refletir a fusão entre a tradição e a inovação, estou certa?

António Pimentel: será sempre uma decisão pessoal de cada chefe, haverá quem prefira a lâmina tradicional, quem opte pela praticidade ou quem escolha o design moderno. Sendo uma faca para ser usada em cozinha, a funcionalidade da mesma deverá estar sempre em primeiro lugar, mas será sempre opção do chefe. Já nas facas para coleção, existe uma maior liberdade para incorporar elementos mais extravagantes, consoante a vontade do proprietário já que estes poderão alterar as
propriedades funcionais das mesmas mas se o cliente assim o decide, tentamos sempre dar forma á visão que o cliente ambiciona ter nas mãos.
4) No que diz respeito aos materiais que costuma utilizar, que tipo de lâminas
é que conseguem depois oferecer melhor flexibilidade, mas também
melhor resistência à corrosão e durabilidade?

António Pimentel: quanto à flexibilidade, está será sempre a pretendida pelo cliente, consoante o uso que este pretende dar á lâmina. Já a corrosão e durabilidade estão diretamente relacionadas com o cuidado que o proprietário tem para com a faca, o meu metal de eleição é o tradicional aço carbono, este confere á lâmina o seu  traço de artigo tradicional e artesanal mas exige um cuidado extra no pós-uso e  armazenamento, por forma a garantir a não corrosão. Cuidados simples como secar a faca depois de usar e passar óleo ou azeite garantem esta atenção especial. Uma faca artesanal é, sem dúvida, mais que uma simples faca, e deve  ser tratada como tal. De forma a perdurar e ser passada de gerações em gerações.
5) Por outro lado, temos que um cabo deverá proporcionar sempre uma  utilização confortável e segura, ainda que inclua algum tipo de detalhe para  ao mesmo tempo adicionar beleza à peça em si: concorda?

António Pimentel: concordo plenamente. O cabo é uma parte essencial de qualquer faca, tanto em termos de funcionalidade quanto de estética. Ele deve oferecer um encaixe  ergonómico e seguro para garantir o conforto durante o uso, especialmente em  tarefas prolongadas. Ao mesmo tempo, detalhes decorativos ou acabamentos  especiais no cabo podem elevar o valor artístico e emocional da peça, tornando-a única e atraente. O equilíbrio entre funcionalidade e beleza é o que diferencia uma faca artesanal de qualidade.
6) E o que me diz acerca do fabrico e correspondente venda de instrumentos 
de corte destinados a dignos apreciadores da aventura ao ar livre?

António Pimentel: o fabrico e venda de instrumentos de corte destinados a apreciadores de aventura ao ar livre é uma excelente ideia. Este público valoriza facas e ferramentas que  sejam altamente funcionais, resistentes e confiáveis, pois as utilizam em condições exigentes, como acampamentos, trilhas, caça ou pesca. Para esse segmento, é crucial que os instrumentos de corte sejam fabricados com materiais duráveis, como lâminas de aço de alta qualidade e cabos ergonómicos e 
antiderrapantes, capazes de suportar exposição a elementos como água, lama e 
temperaturas extremas. Além disso, a estética também pode desempenhar um papel importante, já que muitos aventureiros buscam produtos que combinem robustez com design atraente. Oferecer personalização ou edições limitadas pode agregar valor.
7) Aqui, diz-se que “Os Açores, um arquipélago encantador situado no meio do Atlântico, há muito tempo que conquista os corações daqueles que procuram uma vida tranquila e em contato com a natureza. Com paisagens deslumbrantes, clima ameno e qualidade de vida ímpar, as ilhas dos Açores estão a tornar-se cada vez mais uma opção atrativa para quem deseja mudar-se para um lugar único e acolhedor.” Assim, será que as facas, desenvolvidas por si, são apenas o reflexo da sua própria personalidade, perante a necessária dedicação a um ofício raro? Ou será que são antes o reflexo da força da natureza açoriana, em que o fogo do vulcão e a pedra negra ajudam a moldar, não apenas a paisagem, mas também as suas mãos? 

António Pimentel: um pouco de ambas, a necessidade aguça o engenho. Devido à escassez de recursos e opções, e a riqueza natural que nos rodeia é normal que as peças se distingam das restantes, influenciado a criatividade do artista.
8) Já agora: gosta de cozinhar? Quer descrever-nos alguma receita típica de 
alguma ilha em particular?

António Pimentel: sim, gosto de cozinhar, aliás, não existe melhor forma de coincidir os dois mundos do que testar as facas fazendo algo de bom. Contudo, a receita que poderei mencionar seria a das famosas sopas do espírito santo, não só típica das ilhas todas mas um marco gastronómico açoriano. 
9) E por acaso gostava de recomendar algum espaço de restauração ou alojamento, que todos deveriam conhecer mais de perto?

António Pimentel: na parte da restauração aconselho a aldeia da fonte nas lages do pico, e ancoradouro na madalena. A nível de alojamento sem me pronunciar muito, um bom alojamento local recomendaria. 
10) Para finalizar, como é que se podem adquirir as facas que fabrica? Quer disponibilizar os seus contactos, para além de descrever, aos caríssimos leitores da Revista P´rá Mesa, acerca dos diferentes tipos de facas que pode criar?

António Pimentel: para adquirir facas minhas basta entrar em contacto comigo via whatsapp 918298590, ou através do meu instagram Pepper_knifes



(texto da autoria de Mónica Rebelofundadora da Revista P´rá Mesa,
em parceria com Pepper_knifes)




Mónica Rebelo
a Criadora dos Projetos Online de Gastronomia:
Artigos Mesa e Cozinha www.pramesa.pt/mesaecozinha


2 comentários:

  1. O António é uma autêntica máquina!! Tenho uma faca dele, e recomendo!!

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  2. Gostaria de saber quem é? Para poder agradecer

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