- Não há dúvida, isso é a pura da verdade, deu na televisão! E até vem no “google”!
Eis uma expressão demasiado frequente, hoje em dia. A “maravilhosa” tecnologia, aliada à voracidade dos “mercados” e à incessante propaganda para o exacerbado consumismo, tem artes de manietar o cidadão e levá-lo a aceitar “verdades” ditadas por outrem, após estafantes repetições. Esta crescente constatação para quem não sofre (ou julga não sofrer) de peias mentais, impele os prudentes a amparar-se em dúvidas, antes de agir. Perante a catadupa de informações e ou desinformações que diariamente nos chegam pelos órgãos mediáticos, há que colocar sempre a pergunta – A quem interessa a notícia que é transmitida abruptamente, ou apenas sugerida de forma sagaz?
Com esta reflexão, inicio esta croniqueta sobre uns minúsculos frutinhos que atualmente se encontram em voga e que, a crer nos órgãos informativos que nos regem, constituem panaceia para todos os males. Não se pense, todavia, que isso não é verdade. Até pode ser, mas “quando a fartura é muita, o pobre desconfia”.

As bagas de goji encontram-se mundialmente classificadas como super-frutos ou super-alimentos, o que faz acender a curiosidade. Como se calcula, tal classificação incentivou a sua comercialização e a aumentar os proventos do seu maior produtor – a China. Contudo, outra super-potência, os Estados Unidos da América, logo levantou objeções à perfeição do produto, estabeleceu regras à sua livre comercialização, mas sorrateiramente, começou também a produzi-lo.
Manda a prudência para, neste modesto escrito, não nos enredarmos nos meandros do conflito pois este estará naturalmente envolvido em meias verdades e em factos sigilosos que não ficam ao alcance do grande público.
Um amigo do laborioso “Grupo das Plantas” de Palmela presenteou-me, certo dia, com uma haste do arbusto Lycium barbarum, o qual gera as afamadas bagas do goji. A referida planta, tal como a sua irmã Lycium chinense, pertence à família das Solanaceae, o que, à partida, obriga a ter algumas precauções. De facto, todas as solanáceas contêm alguma toxicidade e é preciso saber onde ela está. Falo de batatas, tomates, pimentos, beringelas… mas também de ervas-mouras, figueiras-do-inferno, trompeteiras, etc.
Então, espetei a haste num grande vaso e ela rapidamente enraizou, distendendo-se em várias ramificações flexíveis. Na primavera desabrocharam umas florinhas cor-de-rosa pálido que logo passaram a pequenos frutos alaranjados. Rejubilei! Agora já obtive os famosos gojis. Confirmei assim que a planta pode ser propagada facilmente por estacaria, que é resistente ao calor e ao frio e pode medrar em todos os tipos de solos. Uma maravilha!
Vamos agora ver o que diz o “Gran Diccionario de las Plantas Medicinales” do Dr. José Luís Berdonces:
“O goji adquiriu ultimamente uma curiosa fama, sendo considerado a fruta da longevidade. Diz-se que esta pequena “cereja” que se pode comer seca ou tomar em cápsulas, mantém a juventude graças ao seu poder antioxidante, reduz o risco de cancro, diminui o colesterol, normaliza os níveis de açúcar, regula a pressão sanguínea, alivia a insónia, fortalece o coração, aumenta a imunidade e a libido, faz diminuir o peso, alivia os transtornos da menopausa, melhora a visão, desinflama a próstata, etc.”
Como se imagina, o panorama ficou deveras aliciante para uma lucrativa comercialização.
Ora a espécie Lycium é nativa no noroeste da China, nas regiões do Tibete e na Mongólia, onde se registam mais de 40 variedades.
Trata-se de um vigoroso arbusto auto-fértil que pode atingir facilmente 3 metros de extensão. Possui folhas inteiras, ásperas alternadas de forma elíptica. As flores surgem nas axilas das folhas e são hermafroditas Os frutos (as joias da coroa) são pequenas bagas ovoides carnosas de cor vermelha ou alaranjada que se dispõem regularmente ao longo dos ramos.

- 20 g de goji em meio litro de água, ou em alternativa, 30 a 100 g da casca por meio litro de água. Ferve-se durante 5 minutos, deixa-se repousar 10 minutos e depois filtra-se. Toma-se duas ou três chávenas por dia.

Sem comentários:
Enviar um comentário